Getulio
Há um incômodo que não se resolve com oração.
Eu sei distinguir bem as inquietações que pertencem ao espírito daquelas que nascem do corpo. As primeiras se aquietam com silêncio, recolhimento, disciplina. As segundas… as segundas insistem. Voltam em horários impróprios. Escolhem pensamentos que não deveriam se tocar.
Elisa tornou-se esse tipo de incômodo.
Não de forma explícita — isso seria simples demais. É algo mais sutil, mais corrosivo. Uma presença que não está, mas cuja ausência pesa mais do que deveria.
Ela mudou.
Não foi brusco. Não foi teatral. Foi uma reorganização quase elegante, o que torna tudo pior. Pessoas que mudam abruptamente denunciam seus motivos. Pessoas que mudam assim… observam.
E eu estou sendo observado.
Percebo nos detalhes: no tempo exato que ela
