Cap.4 - Bar: Local Ideal para Conhecer Pessoas

1374 Words
------ CLARA Não demoramos muito a chegar ao bar. Estávamos nos arredores da cidade, suficientemente afastados do centro, para percebermos que a maioria da luz existente no local provinha do bar. Estacionei nas traseiras do bar. Reparei que a Aurora olhava para o bar e ela não demorou muito a questionar-me. _ Clara, mas que raio de lugar é este? Eu percebo perfeitamente no que é que ela pensava. O edifício era uma espécie de armazém. As paredes eram cinzentas escuras, sem janelas. A porta era de metal preto e a fechadura metálica tinha um design moderno. Havia um pequeno passeio a ladear a entrada e, em frente da porta, uma pequena placa de metal, no chão, que me fazia lembrar um tapete, com quatro luzes embutidas a iluminar a porta. Dois vasos simples em ambos os lados harmonizavam a entrada. Por cima da porta, outra placa continha o nome do bar com letras metálicas douradas. Podia-se ler "Batida Proibida". À primeira vista, parecia alguma coisa clandestina. Também eu pensei isso na primeira vez que aqui vim. Mas esse é o objetivo do bar. Ser exclusivo e não se tornar só mais um com filas enormes à entrada. Daí estar fora da cidade e com este aspeto no exterior. Mas lá dentro, era completamente diferente e eu queria que Aurora não desistisse agora, porque tinha a certeza que ela mudaria a sua opinião. Eu mudei. _ Eu sei o que parece, mas dá uma hipótese. - Sussurrei-lhe no ouvido, incentivando-a. De mãos dadas, abri a porta para entrarmos. Existia uma pequena receção toda em preto, com um pequeno balcão com detalhes em dourado. Entregamos as nossas malas na receção, com os nossos pertences dentro, para os guardarem nos cacifos. Os telemóveis tinham que ficar na mala, pois não era permitido o seu uso no interior, para impedir a partilha de fotografias do espaço, nas redes sociais. Colocaram-nos umas pulseiras digitais, que servem para registar o número do nosso cacifo e tudo o que consumíamos no bar, para pagamento à saída. Passamos por umas cortinas vermelhas longas. Olhei em redor à procura do Jonas e da Rita, uns amigos que tinha convidado. Vi-os a pedir bebidas junto ao balcão. Arrastei Aurora até lá. ------ AURORA Chegamos ao que Clara chama de bar. Para mim, parece-me um armazém. Não se ouve música nenhuma. Estou inclinada para pedir à Clara para escolher outro lugar. E aquele nome... Eu espero bem que ela não me tenha trazido para um daqueles sítios com mulheres seminuas e homens ressabiados a babarem-se. _ Clara, mas que raio de lugar é este? _ Eu sei o que parece, mas dá uma hipótese. - Sussurrou-me ao ouvido e deu-me a mão. Embora hesitante, deixei que abrisse a porta para entrarmos. Após entregarmos as nossas malas na receção e de nos colocarem umas pulseiras, passamos por umas cortinas vermelhas que iam até ao chão. Não podia acreditar no que via. O interior em nada podia ser comparado com o exterior. O chão era em tijoleira a imitar mármore. As paredes eram pretas e estavam preenchidas com espelhos e algumas molduras douradas, com luzes néon vermelhas a delimitá-las. Existiam sofás de veludo vermelho com almofadas a condizer, e mesas redondas em metal dourado, com tampos a imitar mármore preto. As cadeiras condiziam com os sofás. No centro, havia um balcão alto em círculo, com luzes azuis que o iluminavam debaixo para cima. Lá, estavam cerca de quatro empregados a servirem, não só os clientes que pediam ao balcão, assim como as empregadas que recebiam lá os pedidos para as mesas. Do outro lado do balcão, havia uma zona para dançar, onde não havia mesas, nem cadeiras e as luzes estavam sincronizadas com a música. Tinha tudo um aspeto luxuoso e, ao mesmo tempo, o ambiente era leve e alegre. Mas que agradável surpresa! Clara, ainda de mão dada comigo, tira-me do transe e arrasta-me até ao balcão. Cumprimenta duas pessoas que lá estavam. _ Olá. - Distribui beijos a um rapaz e a uma rapariga. - Esta é a Aurora, a amiga de que vos falei. - E puxa-me pela mão, para ficar entre ela e eles. _ Olá. Aurora. - Apresento-me. _ Olá, Aurora. Eu sou a Rita e ele é o Jonas. - Cumprimentámo-nos entre todos. _ Prazer! Já pediram? - Pergunto-lhes. Nesse momento, um empregado chega com um gim tónico para a Rita e uma caipirinha para o Jonas. _ Boa noite. - Cumprimenta-nos o empregado do bar. - E vocês o que vão querer? - A pergunta era para mim e para a Clara. _ Eu quero uma mimosa, por favor. - Responde Clara, enquanto dá um sorrisinho ao empregado, que retribui. _ Uma cola com limão e gelo para mim. - Digo. O empregado assente e vai preparar as bebidas, mas o Jonas olha-me. _ Não bebes álcool? - Questiona-me Jonas. _ Não. - respondo, enquanto lanço um pequeno sorriso. Espero que não faça mais perguntas. Uma vez, num aniversário de uma camarada, às escondidas na caserna, bebi uma garrafa de vodka sozinha, num desafio. Passei a noite a vomitar e os dois dias seguintes a sentir-me horrível. Conclui que era preferível não beber e divertir-me de outras formas. _ Hum. - Jonas dá um gole na sua bebida e não faz mais perguntas, mas continua a olhar para mim. O barman chega com as bebidas, recolho a minha e agradeço-lhe. A Clara aproveita e lança mais um sorrisinho para ele, enquanto ele vai atender outros clientes. Os três conversam, mas eu distraio-me a olhar para o local. À direita da pista de dança, há umas escadas que levam para uma grande varanda, onde estão mais mesas. As paredes estão forradas com grandes cortinas vermelhas. No cantinho há uma pequena cabine, onde o DJ coloca a música. À esquerda da pista de dança, um corredor com uma iluminação fraca, que leva para as casas de banho, segundo a sinalização discreta que tem à entrada. _ Tens namorado? - Pergunta-me a Rita. _ Não. - Respondo. _ Por quê? Tu és gira! - Diz Jonas, rapidamente. _ Obrigada. - Sinto as minhas bochechas a corar. - Nunca surgiu. _ Nunca? - Pergunta Rita - com a sobrancelha arqueada. - Isso quer dizer que és... _ Vamos dançar? - Interrompe Clara. _ Claro. Vamos! - Desculpo-me por interromper a conversa e sigo Clara até à pista de dança. - Obrigada! - Sussurro ao ouvido de Clara. Ela pisca-me o olho. Música atrás de música, dançávamos, alegres. Fomos abordadas por alguns rapazes, mas Clara afastava-os a todos. Segundo ela, tinha um radar, e eles não valiam a pena. Já com sede, Clara ofereceu-se para ir buscar bebidas para as duas. Continuei a dançar. A música estava incrível e eu já estava mais solta. Uma cola com gelo e limão surgiu-me do lado direito e eu aceitei. Quando me virei para dançar com Clara, percebi que não era ela que me tinha oferecido a bebida. Um homem, na casa dos 30 anos, alto, musculado, de raça n***a, cabelo rapado e com barba. _ O barman disse-me que era isto que estavas a beber. Mas posso muito bem ter sido gozado. - Diz-me. Olho em direção ao balcão, o barman, ao longe, acenava-me com uma cola na mão, confirmando o que aquele homem me dizia. _ Obrigada. - Aceito a bebida. _ Chamo-me Zane. - Apresenta-se. _ Aurora. Clara aproximava-se com as bebidas, mas vejo-a a dar meia volta, quando me vê acompanhada. Continuo a dançar e Zane faz o mesmo, diminuindo a distância entre nós. Não demora muito a que Zane tenha as mãos na minha cintura, enquanto dançamos. Mas, de repente, sinto ele a tirar as mãos. Eu estava tão envolvida na música que não reparei que, em frente a mim, passavam alguns homens vestidos com fatos pretos, todos de igual. Percebi logo que eram seguranças. O homem, que ía à frente, subia para a varanda, mas parou no primeiro degrau. Zane foi na direção dele e ambos trocaram palavras. Zane subiu com ele. Fiquei um pouco desapontada, mas estava ali para dançar e me divertir. E foi o que continuei a fazer.
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