Júlia Narrando
A Gi pegou minha mão e me puxou pela escada acima. Seus dedos estavam quentes, familiares. Os meus estavam gelados e trêmulos.
— Nossa, Ju, tava com uma saudade… não só do Brasil, mas de você — ela disse, quando chegamos ao patamar superior, o corredor que levava aos quartos.
— Eu também, Gi. Realmente.
Ela parou em frente à porta do quarto dela, mas não a abriu. Em vez disso, virou para mim, seu olhar médico-investigativo já em pleno efeito.
— Agora me conta. Que que aconteceu? — ela perguntou, baixinho. — Por que você tá com a mão gelada desse jeito, os lábios inchados e essa cara de quem viu um fantasma?
Meu coração disparou.
— Uai, advogada aqui sou eu. Onde é que eu sei? Você tá estudando medicina, mas tá parecendo uma policial interrogando.
— Sossega. Pode contar. Tá rolando alguma coisa entre você e meu irmão? — Ela perguntou sorrindo.
— Giovana, pelo amor de Deus — minha voz saiu em um sussurro angustiado. — Não tá acontecendo nada entre a gente, não. Para com isso.
Ela me encarou por um longo segundo, seus olhos, tão parecidos com os dele, pareciam ler as linhas da minha alma.
— Eu tenho certeza que tava rolando um clima entre vocês dois.
— Tá. Por hoje eu deixo. Entra aí, separa uma roupa leve pra mim no closet. Vou tomar um banho rápido, porque a viagem foi longa e tô agoniada. — Ela respondeu antes que eu pudesse inventar outra negação patética, ela suspirou.
Aliviada pela interrupção, entrei no quarto enorme dela.
— Vai lá, amiga. Tomar um banho faz bem.
Assim que a porta do banheiro se fechou e ouvi o barulho do chuveiro, o ar que saiu dos meus pulmões foi de um alívio tremendo. Durou exatos dez segundos.
A porta do quarto se abriu suavemente. Fernando entrou, carregando a mala média da Gi. Ele a colocou no chão com cuidado.
— Cadê minha irmã? — perguntou, sua voz neutra.
— Acabou de entrar no banho — respondi, cruzando os braços na frente do corpo, uma barreira instintiva.
Ele não disse nada. Em vez de sair, seus olhos se prenderam aos meus. E então, ele se moveu. Não em direção à porta. Em direção a mim.
Eu recuei, mas o closet estava atrás de mim. Em dois passos, ele estava diante de mim. Colocou as mãos na minha cintura e me empurrou gentil, mas firmemente, para dentro do closet, fechando a porta atrás de nós com um click suave. O espaço era grande, cheio de roupas, mas de repente parecia minúsculo e abafado.
— O que você tá fazendo? — sussurrei, a voz cheia de pânico. — A Giovana…
— Giovanna vai tomar um banho rápido. Eu conheço a minha irmã. E eu não tô fugindo de ninguém, Júlia. Nem fazendo nada escondido. Você é maior de idade. Eu sou maior de idade.
Ele se inclinou, seu corpo bloqueando a luz que vinha pela fresta da porta.
— Se afasta — pedi, mas foi um pedido fraco, sem convicção.
Ele parou, seu rosto a centímetros do meu.
— Tem certeza? — a pergunta foi um desafio. — Eu quero ouvir da sua boca. Se você quer realmente que eu me afaste.
Fiquei calada. A verdade era um nó na minha garganta, um fogo na minha pele. Não conseguia dizer a palavra.
Foi a resposta que ele precisava.
Seus lábios capturaram os meus novamente, e desta vez não houve surpresa, apenas entrega e uma fome crescente. Uma de suas mãos apertou minha cintura, puxando-me contra ele. A outra desceu, agarrou minha b***a através do vestido com uma posse que me fez gemer em sua boca. Ele apertou, massageando, e então sua mão subiu, pela lateral do meu corpo, até encontrar a curva do meu seio por cima do tecido.
Ele parou o beijo, ambos ofegantes. A respiração dele estava acelerada, os olhos escuros e brilhando no semi-escuro do closet.
— Tenho um presente de Natal pra te dar — ele sussurrou, rouco.
Antes que eu pudesse processar, ele pegou minha mão – a mesma mão que a Gi tinha notado estar gelada – e a levou. Não para o seu peito. Ele deslizou até chegar no coz do short, ele sem pedir permissão pressionou minha mão contra o m****o dele, me fazendo sentir o volume sobre o shorts de algodão.
Estava quente e enorme sob o tecido fino, eu senti o volume inconfundível do seu paü, pulsando contra a palma da minha mão.
O ar saiu completamente dos meus pulmões.
O presente dele. Ele estava me entregando, sem palavras, o desejo mais cru, mais proibido e mais excitante que eu já tinha tocado na vida.
E no fundo do closet, com o som abafado do chuveiro do banheiro ao fundo, eu sabia que não havia volta. Eu já tinha aceitado.
— Ju! Conseguiu achar algo leve pra mim? — A voz da Giovana cortou o ar pesado do closet, vinda do banheiro.
O coração saltou na garganta.
— Pelo amor de Deus, sai daqui. — Cochichei no ouvido do Fernando, um misto de súplica e pânico.
Ele não se moveu. Seu sopro quente tocou minha orelha quando sussurrou de volta:
— Tem certeza que quer que eu saia? Sua boca tá falando isso… — sua mão apertou a minha, ainda presa sobre ele, — …mas seu corpo tá falando outra coisa.
Eu sentia. Sentia cada músculo meu traindo a razão, inclinando-se para ele, o calor entre minhas pernas sendo uma resposta involuntária e vergonhosa.
— Por favor, Fernando… sai. Daqui a pouco ela sai do banheiro.
Ele suspirou, um som de frustração profunda.
— Eu vou sair daqui agora — cedeu, a voz rouca. — Mas não vou sair desse quarto enquanto não te der o presente de Natal.
Mordi o canto da boca, o sabor do beijo dele ainda lá. Balancei a cabeça, um gesto fraco, sem força.
Ele, então, fechou sua mão por cima da minha, que ainda estava sobre o volume pulsante dele. Apertou. A pressão era inegável, a promessa de prazer e de culpa, tudo junto. Um calafiro percorreu minha espinha.
— Eu preciso me livrar desse tesãø — ele confessou, as palavras saindo como uma confissão suja e necessária. — E só vai dar certo se for com você. Porque foi você que provocou.
Antes que eu pudesse reagir ou negar, ele soltou minha mão, deu um passo para trás e abriu a porta do closet, escorregando para fora e fechou suavemente atrás de si.
Fiquei sozinha no escuro, ofegante, a palma da minha mão queimando com a memória do toque e a ameaça — ou promessa — de seu presente ainda pendurada no ar, tão palpável quanto o som do chuveiro que continuava a correr.
Continua...