Capítulo 14 Júlia

1137 Words
Júlia Narrando A Gi pegou minha mão e me puxou pela escada acima. Seus dedos estavam quentes, familiares. Os meus estavam gelados e trêmulos. — Nossa, Ju, tava com uma saudade… não só do Brasil, mas de você — ela disse, quando chegamos ao patamar superior, o corredor que levava aos quartos. — Eu também, Gi. Realmente. Ela parou em frente à porta do quarto dela, mas não a abriu. Em vez disso, virou para mim, seu olhar médico-investigativo já em pleno efeito. — Agora me conta. Que que aconteceu? — ela perguntou, baixinho. — Por que você tá com a mão gelada desse jeito, os lábios inchados e essa cara de quem viu um fantasma? Meu coração disparou. — Uai, advogada aqui sou eu. Onde é que eu sei? Você tá estudando medicina, mas tá parecendo uma policial interrogando. — Sossega. Pode contar. Tá rolando alguma coisa entre você e meu irmão? — Ela perguntou sorrindo. — Giovana, pelo amor de Deus — minha voz saiu em um sussurro angustiado. — Não tá acontecendo nada entre a gente, não. Para com isso. Ela me encarou por um longo segundo, seus olhos, tão parecidos com os dele, pareciam ler as linhas da minha alma. — Eu tenho certeza que tava rolando um clima entre vocês dois. — Tá. Por hoje eu deixo. Entra aí, separa uma roupa leve pra mim no closet. Vou tomar um banho rápido, porque a viagem foi longa e tô agoniada. — Ela respondeu antes que eu pudesse inventar outra negação patética, ela suspirou. Aliviada pela interrupção, entrei no quarto enorme dela. — Vai lá, amiga. Tomar um banho faz bem. Assim que a porta do banheiro se fechou e ouvi o barulho do chuveiro, o ar que saiu dos meus pulmões foi de um alívio tremendo. Durou exatos dez segundos. A porta do quarto se abriu suavemente. Fernando entrou, carregando a mala média da Gi. Ele a colocou no chão com cuidado. — Cadê minha irmã? — perguntou, sua voz neutra. — Acabou de entrar no banho — respondi, cruzando os braços na frente do corpo, uma barreira instintiva. Ele não disse nada. Em vez de sair, seus olhos se prenderam aos meus. E então, ele se moveu. Não em direção à porta. Em direção a mim. Eu recuei, mas o closet estava atrás de mim. Em dois passos, ele estava diante de mim. Colocou as mãos na minha cintura e me empurrou gentil, mas firmemente, para dentro do closet, fechando a porta atrás de nós com um click suave. O espaço era grande, cheio de roupas, mas de repente parecia minúsculo e abafado. — O que você tá fazendo? — sussurrei, a voz cheia de pânico. — A Giovana… — Giovanna vai tomar um banho rápido. Eu conheço a minha irmã. E eu não tô fugindo de ninguém, Júlia. Nem fazendo nada escondido. Você é maior de idade. Eu sou maior de idade. Ele se inclinou, seu corpo bloqueando a luz que vinha pela fresta da porta. — Se afasta — pedi, mas foi um pedido fraco, sem convicção. Ele parou, seu rosto a centímetros do meu. — Tem certeza? — a pergunta foi um desafio. — Eu quero ouvir da sua boca. Se você quer realmente que eu me afaste. Fiquei calada. A verdade era um nó na minha garganta, um fogo na minha pele. Não conseguia dizer a palavra. Foi a resposta que ele precisava. Seus lábios capturaram os meus novamente, e desta vez não houve surpresa, apenas entrega e uma fome crescente. Uma de suas mãos apertou minha cintura, puxando-me contra ele. A outra desceu, agarrou minha b***a através do vestido com uma posse que me fez gemer em sua boca. Ele apertou, massageando, e então sua mão subiu, pela lateral do meu corpo, até encontrar a curva do meu seio por cima do tecido. Ele parou o beijo, ambos ofegantes. A respiração dele estava acelerada, os olhos escuros e brilhando no semi-escuro do closet. — Tenho um presente de Natal pra te dar — ele sussurrou, rouco. Antes que eu pudesse processar, ele pegou minha mão – a mesma mão que a Gi tinha notado estar gelada – e a levou. Não para o seu peito. Ele deslizou até chegar no coz do short, ele sem pedir permissão pressionou minha mão contra o m****o dele, me fazendo sentir o volume sobre o shorts de algodão. Estava quente e enorme sob o tecido fino, eu senti o volume inconfundível do seu paü, pulsando contra a palma da minha mão. O ar saiu completamente dos meus pulmões. O presente dele. Ele estava me entregando, sem palavras, o desejo mais cru, mais proibido e mais excitante que eu já tinha tocado na vida. E no fundo do closet, com o som abafado do chuveiro do banheiro ao fundo, eu sabia que não havia volta. Eu já tinha aceitado. — Ju! Conseguiu achar algo leve pra mim? — A voz da Giovana cortou o ar pesado do closet, vinda do banheiro. O coração saltou na garganta. — Pelo amor de Deus, sai daqui. — Cochichei no ouvido do Fernando, um misto de súplica e pânico. Ele não se moveu. Seu sopro quente tocou minha orelha quando sussurrou de volta: — Tem certeza que quer que eu saia? Sua boca tá falando isso… — sua mão apertou a minha, ainda presa sobre ele, — …mas seu corpo tá falando outra coisa. Eu sentia. Sentia cada músculo meu traindo a razão, inclinando-se para ele, o calor entre minhas pernas sendo uma resposta involuntária e vergonhosa. — Por favor, Fernando… sai. Daqui a pouco ela sai do banheiro. Ele suspirou, um som de frustração profunda. — Eu vou sair daqui agora — cedeu, a voz rouca. — Mas não vou sair desse quarto enquanto não te der o presente de Natal. Mordi o canto da boca, o sabor do beijo dele ainda lá. Balancei a cabeça, um gesto fraco, sem força. Ele, então, fechou sua mão por cima da minha, que ainda estava sobre o volume pulsante dele. Apertou. A pressão era inegável, a promessa de prazer e de culpa, tudo junto. Um calafiro percorreu minha espinha. — Eu preciso me livrar desse tesãø — ele confessou, as palavras saindo como uma confissão suja e necessária. — E só vai dar certo se for com você. Porque foi você que provocou. Antes que eu pudesse reagir ou negar, ele soltou minha mão, deu um passo para trás e abriu a porta do closet, escorregando para fora e fechou suavemente atrás de si. Fiquei sozinha no escuro, ofegante, a palma da minha mão queimando com a memória do toque e a ameaça — ou promessa — de seu presente ainda pendurada no ar, tão palpável quanto o som do chuveiro que continuava a correr. Continua...
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