Prólogo

395 Words
Gustavo A Grécia sempre foi terra de deuses. Mas também é o berço de monstros. Gustavo Galanis aprendeu isso cedo demais. Naquela noite — a última que viveu como um Galanis de berço — o céu estava vermelho, como se o Olimpo sangrasse sobre Atenas. O cheiro de pólvora ainda pairava no ar quando ele foi arrastado para fora da mansão da família. Os gritos, o caos, as ameaças… tudo virou uma névoa distante diante da única verdade que restou: Ele havia sido traído pelos próprios sangue. — Você não pertence mais a este nome — foram as últimas palavras que ouviu do patriarca, antes do estampido seco ecoar contra as colunas de mármore. A bala não o matou. Mas matou tudo dentro dele. A partir dali, Gustavo foi adotado pelo único poder que nunca abandona os seus: a máfia. Tornou-se o braço direito do homem que todos chamavam de “O Demônio”. Um título merecido. Um título almejado. E Gustavo aprendeu a ser a sua sombra. Frio. Preciso. Letal. Sentimentos eram um luxo que ele não podia pagar. Corações eram coisas feitas para ser esmagadas, não guardadas. Até o dia em que a viu. O porto estava envolto em névoa, e a madrugada tinha um silêncio pesado demais para ser honesto. Gustavo havia ido ali para resolver um problema — como sempre — e nada naquela noite prometia ser diferente… até uma silhueta surgir entre as luzes amareladas dos postes. Ela caminhava como se não pertencesse àquele mundo. E talvez não pertencesse mesmo. Olhos azuis que pareciam cortar o breu, pele pálida iluminada pelo vento salgada do mar, cabelos negros como a noite que o protegia. Por um instante — um único e fatal instante — Gustavo acreditou ver uma deusa perdida entre humanos. Uma afronta aos deuses. Uma tentação aos monstros. Selena. Ele não sabia seu nome ainda. Mas já sabia que ela seria sua ruína. Gustavo Galanis nunca temeu a morte. Mas naquele momento, pela primeira vez, temeu viver. Porque viver significava permitir que ela entrasse. E permitir que ela entrasse significava destruir tudo — inclusive a si mesmo. Naquele porto esquecido por Deus, onde o mar sussurrava segredos antigos, o destino fez sua jogada mais c***l. E o homem que já havia perdido tudo… estava prestes a perder o que nunca deveria ter encontrado: um motivo para sentir novamente.
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