Narrado por Camila Eu trabalho há seis anos no sistema penitenciário. Entrei para a área da saúde porque, no fundo, acreditava que poderia fazer alguma diferença. No começo, ainda me importava. Com o tempo, fui endurecendo. A gente vê coisa demais, ouve história demais. Aprende a desligar a empatia como quem desliga uma luz. Aqui dentro, é cada um por si. Foi numa terça-feira à noite que recebi a proposta. Eu estava saindo do plantão, cansada, quando um homem engravatado me abordou do lado de fora do estacionamento. Ele sabia meu nome, meu cargo, até o turno em que eu trabalhava. Falou de forma limpa, fria e direta: — Dez mil agora, vinte mil quando ela estiver morta. Ele me entregou um envelope e uma pasta com a ficha da presa: Lara Souza. A princípio, hesitei. Mas depois li o que el

