Narrado por Sofia O telefone tocou no meio da tarde, me arrancando de um momento raro de silêncio. Eu estava deitada no sofá, tentando manter os olhos abertos depois da última sessão de quimioterapia. Marco, sentado ao meu lado com um livro aberto no colo, foi quem pegou o celular. — Alô? — ele atendeu com a voz firme. Vi os músculos do maxilar dele enrijecerem enquanto a conversa avançava. Seus olhos encontraram os meus, e ali eu soube: era algo importante. Ele desligou e se levantou devagar. — Sofia... — começou, se aproximando e sentando-se ao meu lado novamente. — Era o delegado Antônio. Precisamos conversar. Senti o estômago se revirar. Aquela não era uma frase qualquer. Aquela era a frase que precedia más notícias. — É sobre a Lara? — perguntei, engolindo em seco. Ele assentiu

