Henry chegou no aeroporto com seus lobos sentindo a dor do vínculo queimando seu peito, algo o chamando para procurar Ayla, um instinto, ele só queria poder sentir o cheiro de Ayla novamente, mas a casa dela não tinha mais vestígios, então tomado pela saudade, mudou seu rumo, iria procurar um lugar que já devia ter ido a muito tempo, mandou oito de seus lobos de volta pra matilha e que avisasse Martin de seu destino, iria com os outros pra Fortaleza da Fé, lá ele encontraria Ayla, sentiria a presença dela, na noite seguinte chegou ao vilarejo e veio a lembrança de Martin contando quando a viu na festa da Imaculada Conceição, naquela época ele não tinha noção do que o futuro reservava a ele, fez o caminho até a fortaleza e quando chegou no portão imaginou que as bruxas já deveriam saber que ele chegaria, lembrou do primeiro dia que chegou ali com Juliette e lágrimas vieram aos seus olhos, mas respirou fundo e deu três batidas fortes no portão, já estava escuro, será que elas o deixariam entrar? Então sua indagação foi respondia pelo barulho do portão sendo aberto e surgiu Vitória que com expressão séria, falou:
_Boa noite alpha Henry.
Henry a cumprimentou e falou:
_Acredito que já sabia da minha vinda.
_Sim, entre, você tem até o nascer do sol pra visitar- disse Vitória abrindo mais o portão.
Henry entrou com seus lobos e a emoção tomou conta do seu coração, lembrou de todas as vezes que cruzou aquele portão, como gostaria de voltar no tempo, como desejou fazer tudo diferente e olhando tudo ao redor com lágrimas nos olhos perguntou:
_Onde foram depositadas as cinzas de Ayla?
Vitória fez cara de desagrado e fez sinal para ele acompanhá-la, Henry mandou seus lobos aguardarem próximo ao portão e Vitória o levou até o jardim e falou que as cinzas foram espalhadas por todo o jardim, Henry entrou por entre as rosas e fechou os olhos respirando fundo, lembrou de todos os momentos que esteve com Ayla ali, lembrou o dia que ela apresentou Justine a ele, um remorso o consumiu e chorou por muito tempo ajoelhado, o cheiro das flores não tinham o cheiro de Ayla, ela não estava ali, nunca mais a veria, Vitória sentiu uma pontinha de dó e o deixou sozinho, quando já era alta madrugada a madre se aproximou do alpha, que estava sentado num banco e falou:
_Você achou o que procurava?
Com lágrimas escorrendo de seus olhos e voz embargada, Henry respondeu:
_Não, está tudo perdido, eu agora tenho certeza que nada mais me importa, tanto faz ser bom ou m*l, matar ou ser misericordioso, não tenho mais nada a perder e ser morto seria uma dádiva.
Vitória sentiu a dureza do coração dele, a crueldade em sua voz e sentiu que era a hora:
_Tenho uma coisa pra lhe devolver.
Tirou um saquinho preto do bolso e entregou ao alpha, ele abriu e viu que era o anel que tinha dado a Ayla, chorou sentido, quando se acalmou, Vitória disse:
_Você deu esse anel a Ayla e estou devolvendo com um presente pra você, uma dádiva, espero que valorize daqui pra frente.
Henry não entendeu e pediu pra ela ser clara ao que Vitória respondeu:
_Logo você saberá do que estou falando, é um presente do astral, mas alpha, mude seus pensamentos e seu coração ou você terá algo pior que a maldição pra suportar.
Henry sentiu uma sensação estranha, ficou olhando pro anel, então o colocou no cordão que Ayla um dia deu a ele, junto com o pingente de pedra e levantando-se pra ir embora, falou:
_Agradeço por ter me permitido entrar e vir aqui, poderei voltar?
Vitória tentou disfarçar um sorriso, que Henry percebeu e caminhando ao lado dele, falou:
_Talvez, se ainda fizer sentido pra você.
Henry não entendeu e pensou que a bruxa estava achando que ele se esqueceria de Ayla, mas Vitória também não deu margem pra mais nenhuma indagação, se adiantando até o portão e abrindo pra ele e seus lobos, Henry não insistiu, as bruxas falavam por enigmas, no portão agradeceu a madre mais uma vez e foi embora.
Martin esperava Henry na casa da matilha, estava ansioso, Luíza já tinha começado a transformação, assim como aconteceu com sua alpha, a transformação começou aos quatorze anos, tinha conversado com ela sobre a proposta do alpha Romeu e havia aceitado ir, dizia não suportar mais estar na matilha que havia enganado, torturado e assassinado sua alpha, Luíza não saia de casa e seu temperamento estava cada dia mais rebelde por estar enclausurada, não falava mais com ele e nem com Helena, que chorava todos os dias, a única companhia que aceitava era do irmão, nenhum deles sabia, mas Luíza sentia o chamado do alpha, a vontade de procurar por Ayla, mas ela estava morta, como se achava uma alpha morta? Quando o alpha chegou, notou que seu beta estava ansioso e Martin assim que encontrou o alpha teve uma sensação esquisita, mas nenhum deles comentou nada, depois dos cumprimentos, foram pro escritório, Henry entrou e foi se servir de boubon, Martin ficou de pé perto da mesa e perguntou:
_Alpha, como foi na fortaleza?
Henry sorvendo um grande gole de bourbon e sem olhar pro beta, falou:
_Fui recebido, meu instinto me falava pra procurar Ayla, visitei o local onde as cinzas dela foram jogadas, no final a bruxa me devolveu isso- virou-se mostrando a Martin o anel pendurado no colar.
O beta sentiu seu coração palpitar, teve a mesma sensação estranha de antes e falou sem tirar os olhos do anel:
_Você não teve medo de pendurar isso no seu pescoço? Mesmo sendo um alpha e feitiços não terem tanto efeito em você, eles ainda têm algum efeito e podem te prejudicar.
_O que mais eu teria a perder, beta? Não me resta mais nada, só me resta matar Magnus- disse Henry olhando pra Martin que franziu a testa.
Então o alpha contou tudo que aconteceu em Nova Orleans, ele havia matado Samuel, mas Magnus já havia se vingado dele, Martin ficou preocupado, os ataques não estavam acontecendo mais, mas era um sinal r**m, sinal de que o vampiro estaria se preparando pra algo maior, ele não iria desistir da vingança e comentou isso com o alpha, Henry concordou, precisava se preparar e mandaria todos os alphas ficarem em alerta e investigarem, Martin sabia que com o poder que Henry tinha ele estava comandando indiretamente outras matilhas e não sabia se isso era bom, pois seu instinto estava mais preocupado com a transformação de Luíza.