Ressurreição
Vitória e Emir pediram que todas as irmãs na fortaleza se recolhesse em seus aposentos, deixando para ajudá-los apenas as de maior confiança na missão que tinham, Jihoon se recolheu no galpão, Jorge e Juliette foram aconselhados a se recolherem também, ficando num quarto só pra eles, três bruxas entoando orações a Deusa Hecate, começaram a recolher o corpo de Justine, totalmente preto, soltava cinzas, colocaram num caixão de madeira e levaram pra dentro da fortaleza, pra poder ser preparado e suas cinzas serem jogadas no jardim posteriormente, o corpo de Ayla foi recolhido com cuidado e colocado numa maca, estava carbonizado, mas parecia milagrosamente em melhor estado que o de Justine, Vitória que estava atenta, falou a Emir:
_Espero que realmente dê certo ou não me perdoarei.
_Sim, dará certo, a cabeça não foi cortada.
Levaram o corpo de Ayla pra dentro da fortaleza, o corpo de Ursula desmanchava enquanto as bruxas o colocavam num caldeirão de ferro, depois de recolhido as bruxas jogaram água energizada, mais conhecida como água benta, em todo o local do incêndio, colocaram pequenas pedras de turmalina n***a em volta de todo o local e por fim colocaram o caldeirão com as cinzas de Ursula no meio do local do incêndio, Emir que havia orientado as irmãs, agradeceu e virando pra Vitória, falou:
_Mais tarde eu vou conversar com esse demônio, agora vamos trazer a alpha de volta.
Vitória e Emir entraram pra dentro da fortaleza e foram direto pro subterrâneo, andaram um corredor de quartos desativado no térreo e no final, Vitória chegou diante da parede à esquerda, puxou uma alavanca embutida na parede e entrou com Emir numa porta secreta, escondida na parede, fechando a porta atrás se si, desceram uma escada em caracol de pedra escuras, havia velas grossas acessas no canto de cada degrau iluminando a passagem deles, chegaram no meio de um corredor que dava pra dois lados, viraram pro lado esquerdo e deram com uma porta de ferro grande que Vitória empurrou e entrou com Emir, o cômodo não era pequeno, havia forte cheiro de incenso de mirra, no meio tinha uma esquife sobre uma mesa de pedra, o corpo de Ayla tinha sido colocado ali e três bruxas falavam orações a Deusa Eostre enquanto embalavam todo o corpo de Ayla delicadamente com uma bandagem branca embebida com um líquido amarelo que estava depositado numa bacia apoiada numa mesinha alta com outros objetos, o ambiente era iluminado por velas ao redor do corpo, Emir e Vitória esperaram as bruxas terminarem e quando terminaram o corpo de Ayla parecia uma múmia, as bruxas saíram com Emir trancando a porta, então Vitória virou-se pra uma pessoa que estava sentada num canto do quarto, sentada numa cadeira, silenciosa e perguntou séria:
_Você tem certeza que aceita? Como já lhe disse, isso pode levar dias e tirar sua vitalidade.
A pessoa levantou da cadeira, andou até onde seu rosto pudesse ser iluminado e falou convicta:
_Darei até a última gota do meu sangue para trazer Ayla de volta e pagarei a vida que tirei um dia do meu ventre dando vida a outra filha.
Era Analice, a única humana comum da fortaleza, havia criado Ayla com Justine e tinha a alpha como filha também, no ritual que seria feito, Analice teria que alimentar Ayla com seu sangue até a total restauração desta, Vitória sorriu pra ela e falou:
_Então vamos começar.
Vitória se posicionou de um lado do corpo de Ayla e Emir do outro com Analice a seu lado que foi orientada a abaixar a cabeça e não olhar nada, então o casal de bruxos estendeu as mãos sobre o corpo de Ayla e começaram a entoar orações a Deusa Ísis, logo as chamas das velas começaram a crepitar alto, um vento começou a rodar o ambiente totalmente fechado e sem parar de repetir a oração, Emir pegou o pulso de Analice de maneira delicada, pra ela não se assustar, Analice estendeu o braço pra ele que levou seu pulso até uma a******a que seria pra boca de Ayla e deu um pequeno corte sangrento nele, fazendo o sangue cair nos lábios de Ayla, Emir ainda orando, colocou os dedos nos lábios carbonizados da alpha, abriu a boca e viu os dentes, os afastou para ter certeza que o sangue chegaria ao fundo da boca e sem demorar muito, tirou o pulso e deu um pano pra Analice estancar o sangue, o casal de bruxos ainda continuou entoando orações e no final as velas pararam de crepitar, olharam pra Analice que deixava algumas lágrimas escaparem, agradeceram e falaram pra ela ir descansar até o outro dia de manhã, quando fariam o ritual novamente, saíram e trancaram a porta, havia uma bruxa em frente a porta que faria vigília e ao subirem, mais três no corredor, pra evitar que qualquer um se aproximasse, quando se despediram de Analice, Vitória falou com o bruxo:
_Parece que o universo e os deuses aceitaram.
_Sim, mas ainda precisamos da confirmação.
Foram caminhando em silêncio até o refeitório, pelos corredores vazios e ao passarem pela entrada principal viram Jihoon impaciente que ao ver eles foi logo falando:
_Desculpem, eu sei que vocês pediram pra não sair do galpão em hipótese alguma, mas eu escutei a alpha Ayla me chamar três vezes do lado de fora do galpão, eu fui ver e não tinha ninguém, andei toda a propriedade e nada, mas tenho certeza que minha alpha chamou meu nome três vezes.
Vitória e Emir riram, tiveram a confirmação e Vitória falou:
_Deu certo Jihoon, o ritual foi aceito, logo sua alpha estará de volta, mas por enquanto vamos liberar as bruxas famintas pra virem comer!
Jihoon comemorou com as mãos e os três riram.
Na hora do jantar Juliette e Jorge estavam sentados com Jihoon, todos calados e tristes no refeitório, logo seria a cerimônia de despedida de Justine e Ayla, todos tinham ordem de se recolher em seguida e não saírem de seus quartos até o dia raiar novamente, mas Juliette notou que Jihoon estava apático, nem triste e nem feliz, comportamento incomum pra quem perde alguém importante em sua vida, então na hora que estavam indo pra cerimônia, Juliette perguntou pra ele:
_Você não parece um lobo que acabou de perder o alpha.
Jihoon olhou pra ela e disse que sua dor não precisava ser expressada, só sentida, Juliette se deixou convencer, mas ficou irritada e um pouco desconfiada.