Júlio César

504 Words
Júlio tinha aprendido a não sentir pena de ninguém. Havia crescido nas ruas de Nova Iorque, sem mãe e sem cuidados. Na verdade, ele tinha se criado sozinho. Ele tinha um pai, na verdade ele tinha um idiot@ que chamou de pai até os seus treze anos. Nessa época Júlio César aprendeu a viver por ele mesmo, soube que a sua própria sombra não era confiável, não se quisesse ficar vivo. Confiava em uma única pessoa, a madrasta,tinha sido ela que o livrou de morrer no mundo das drogas. Elizabeth tinha o tratado como gente, e isso o fez confiar nela, não era amor, mas a mantinha segura, confortável e a respeitava, pelo menos da maneira dele desleixada de respeitar. Alguns o chamavam de cão, porque ele era feroz, participava de lutas de rua e nunca perdia. Era como aqueles cães de briga, feroz, forte e sem remorso. Não tinha ninguém por ele, e não amava ninguém, fez alianças porque ninguém vivia sem formá-las, mas o apelido o precedia. Quando decidiu se casar, soube que precisava de uma mulher com prestígio social, alguém que o sobrenome valesse alguma coisa, porque o dele não valia nada, e acima de tudo queria uma mulher virgem e que soubesse o lugar dela, não era um casamento por amor. E não seria fiel a nenhuma mulher. Cleópatra desejava ser livre, mas não era uma opção, havia entendido que a vida de todos dependia dela, não que o pai merecesse, mas não quero morrer. E ela não queria uma festa, mas o noivo fez questão. Ele queria esfregar a sua presença na cara da alta sociedade. Cleópatra sabia que lutar contra ele era estupidez, e ela não era estúpida, podia fingir bem que era. Assim, procurou um vestido bonito e elegante. Fez o enxoval determinado. Conhecia Júlio César por fotos das redes sociais, precisava se desviar da raiva dele, ou acabaria morta. Os braços dele pareciam os braços de alguém capaz de m***r um inimigo só com um aperto mais forte. Ele era lutador de luta de rua, um gangster, agiota e traficante, tinha até mesmo ligação com a máfia. Quem em sã consciência se metia com a máfia? E agora por burrice do pai ela ia ser inserida nesse meio. Ela já tinha pensado em fugir, fazer a vida como prostitut@, mas se recusava a ser usada por homens de todas as espécies. Podia procurar um trabalho como doméstica, mas o pai a arrastaria de volta.Como prostitut@ não teria mais serventia. O que valia era a sua virgindade. Mas definitivamente não era para ela. Ela se recusou a chorar, já havia chorado muito. E se recusava a entrar em depressão E também precisaria das lágrimas para depois do casamento Se tornaria mulher do homem que os frequentadores dos becos de Nova Iorque chamavam de cão de briga, já a sociedade e os tabloides o chamavam de príncipe de Nova Iorque. Mas Cleópatra não sabia quem ela precisaria enfrentar depois do casamento. Se o príncipe ou o cão feroz
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