Pov Hanna
Olhava-me no espelho analisando minha produção para a festa de aniversário dos meus filhos, eu já não me sentia a mesma jovem de antes, mesmo estando com o corpo em forma as rugas ocasionadas pelo o tempo já se faziam presente, não que eu fosse uma mulher “acabada” e descuidada, mas a idade chega para todas, não é mesmo? Comigo não poderia ser diferente. Obviamente naquele momento optei por algo mais discreto e menos marcante no corpo, o vestido era preto e até metade das coxas o cabelo estava preso em um coque bem feito enquanto a maquiagem era na medida certa para realçar meus olhos, isso já era o suficiente para me fazer sentir bem comigo mesma.
Comemorar mais um aniversário dos gêmeos preenchia meu coração de alegria, na verdade sempre comemorávamos essa data, pois Marcela fazia questão de realizar festas exageradamente grandes na minha opinião, mas para ela os aniversários dos três filhos era algo que sempre deveria ser comemorado em grande estilo. Depois que eles cresceram, nós já não tínhamos tanta liberdade para opinar em relação como seriam às festas que realizariam, pois no final a escolha deles era o que prevalecia, porém para nós o importante era celebrar a vida dos nossos filhos que nos enchiam de orgulho e alegria, claro que sempre existiam aqueles momentos sério ou que era necessário adverti-los de alguma forma, mas isso fazia parte do nosso papel de mãe, educar nossos filhos para sempre estarem seguindo no caminho do bem era nossa missão diária e graças a Deus os três eram jovens educados e de bom coração.
Heitor sempre foi o nosso filho mais complicado, era incrível como de tudo que ele poderia herdar de Marcela ele havia herdado justamente o gênio difícil da minha esposa, apesar de ser um garoto do bem ele sempre foi o que mais nos trouxe chamado à escola por ter se metido em confusão, o que na maioria das vezes aconteciam por defender o irmão das zuaçãoes dos coleguinhas. Apesar de Heitor sempre ter sido genioso e teimoso, eu não poderia negar que o garoto sempre amou a família a cima de qualquer coisa, ele defendia os irmãos ou a mim e Marcela dos insultos maldosos em relação a nossa sexualidade, pois é infelizmente meus filhos sofreram alguns preconceitos por terem duas mães, mas graças a Deus os conflitos e preconceitos nunca afetaram em nossas relações de mães e filhos.
Flash Back On
– Senhora Bettencourt, desculpe-me o incomodo sei que deve está trabalhando, mas precisamos que venha até a escola dos seus filhos, a diretora deseja ver a senhora e sua esposa.
Desliguei o celular e m*l conseguia acreditar que estava sendo chamada na escola dos meus filhos pela terceira vez só naquele mês, era inacreditável a capacidade que Heitor tinha de se meter em confusão, o garotinho de apenas sete anos colecionava mais advertência em seu histórico escolar do que eu fui capaz em 17 anos de escola, Marcela e Micaela costumavam dizer que ele tinha puxado esse lado rebelde de mim, mas a verdade é que nem eu e nem Marcela fomos tão rebelde como nosso filho, ele não era do tipo de caçar confusão, mas também não era como Mauricio que as evitava a todo custo, Gabriela também nunca foi de se envolver em confusão alguma, para falar a verdade a única vez que Gabriela se envolveu em confusão foi para defender Isadora de uma garota que a insultou por ser filha adotiva de duas lésbicas, no geral nosso menino valia pelos três.
– Hanna, trouxe esses documentos para você dar uma olhada e... – Micaela parou de falar e analisou meu rosto. – O que aconteceu?
– Acabo de ser chamada com Marcela a escola dos garotos!
– Heitor novamente?
– Não é como se precisassem falar não é? Não tenho duvidas que seja, isso só pode ser obra dele. Marcela está na empresa?
– Eu acho que está em reunião. Olha só, você sabe que nesse lado esse garoto puxou a você, certo?
– Não seja i****a Micaela, eu nunca dei tanto trabalho ao papai e mamãe dessa forma, não sei mais o que fazer com o Heitor e olha que agora que ele só tem sete anos, consegue imaginar como vai ser na adolescência?
– Hanna, eu entendo que o Heitor é protetor com a família e você sabe que os garotos estão passando por um momento complicado na escola, outro dia mesmo o Harry me contou que alguns coleguinhas recusavam-se a aceitar o Mauricio no time de futebol e os chamaram de bixinha, Harry contou que se não fosse pela Gabriela e Isadora, Heitor teria batido no outro garoto, mas isso não justifica esse comportamento agressivo do meu sobrinho, você e Marcela precisam tomar uma providencia ou no futuro eu não sei onde isso vai dar.
– Eu sei Mica, nós temos conversado com os três sobre esse tipo de atitude e também já informamos a escola sobre o que tem acontecido, o que mais me preocupa é esse temperamento agressivo do meu filho, mas confesso que já nãos sei mais o que fazer, sinto como se estivesse perdendo uma batalha.
– Porque você não tenta coloca-los em seções com psicólogo? Talvez isso consiga ajuda-los e a você e Marcela também.
– Talvez essa seja uma boa ideia, vou conversar com a Marcela sobre isso, mas agora me deixa ir atrás da minha esposa para irmos à escola. Pede para a Bianca dar uma olhada nesses papeis que você trouxe você sabe como ela é competente, confio minha vida nas mãos dela quando o assunto é contratos. – Dei um beijo em Micaela e fui buscar por Marcela.
Algum tempo depois
– Eu não estou acreditando! Hanna é a terceira vez só esse mês, o que eu faço com esse garoto? Acho que vou pedir um emprego na escola desses meninos, assim não preciso abandonar as reuniões por ser chamada a escola.
Marcela reclamava o caminho inteiro por está indo à escola dos meninos, mas eu não tirava a razão dela, afinal minha esposa tinha deixado Renata conduzir uma reunião importante para poder me acompanhar até lá, eu ate que tentei fazê-la desistir da ideia de ir comigo, mas quando se tratava da educação dos filhos Marcela dava prioridade a isso e independente do que estivesse fazendo ela parava para atendê-los.
Chegamos ao local e nem precisamos ser acompanhadas até a diretoria, já tínhamos ido tantas vezes ali que já éramos bastante familiarizadas com todos os caminhos da escola.
– Com licença senhora Amélia. – Falei depois de bater na porta e colocar somente a cabeça para dentro do local.
– Oh senhoras Bettencourt, por favor, fiquem a vontade!
Entramos na sala e a surpresa foi grande quando nos deparamos com nossos três filhos sentados no sofá da sala. Mauricio estava vermelho indicando o quanto havia chorado, Heitor estava com uma bolsa de gelo no olho direito que por sinal estava roxo, mas a surpresa maior foi com uma Gabriela descabelada e com fúria nos olhos. Busquei Marcela com os olhos e percebi que ela estava bestificada ao meu lado olhando os três filhos.
– Sentem-se, por favor! – A diretora mandou e como se estivéssemos no automático eu e Marcela a obedecemos sem conseguir dizer uma palavra.
– A senhora poderia nos explicar o que aconteceu? – Pedi de forma educada tentando me recompor da surpresa desagradável que tive naquela sala.
– Claro, mas gostaria de esperar que a mãe de um outro aluno envolvido chegasse.
– Bem, e porque se tem outro envolvido nisso ele não está aqui como meus filhos? – Marcela perguntou tentando controlar o nervosismo.
– Porque ele está na enfermaria com o braço quebrado.
A diretora falou calma, porém séria e eu apenas respirei fundo passando as mãos pelo o rosto tanto mentalizar que aquilo não estava acontecendo.
Não demorou muito para a outra mãe chegar até a escola, a mulher parecia mas uma árvore de natal de quanto era extravagante a forma como se vestia em plena manhã ensoralada de Fortaleza, a mulher que não tinha o mínimo de educação e bom senso não estava apenas nervosa, mas estava com sangue nos olhos e dava para ver como ela mataria qualquer um naquela sala que ousasse ir contra o que ela falava, porém Marcela não era do tipo que se deixaria intimidar por alguém assim e logo adotou uma postura tão exaltada como a da outra.
– Até onde pensei essa escola estudavam crianças normais e não pequenos infratores.
A mulher falou de forma arrogante fazendo meu sangue ferver imediatamente, mas antes que eu falasse qualquer coisa Marcela se pronunciou, ou melhor, Berrou.
– Olha lá como fala dos meus filhos, você não tem moral algum para falar assim de qualquer criança, afinal se o Heitor bateu no seu filho foi porque antes disso o Kauê ofendeu o irmão dele. – A mulher levantou-se encarando minha esposa que não se intimidou. – Essa situação não teria chegado até aqui se a escola tivesse tomado providencias urgentes em relação ao preconceito instalaram nesse lugar – Ela falou olhando diretamente para a diretora da escola. – Quantas vezes estivemos aqui para retratar a senhora diretora o que vinha acontecendo entre o Kauê e nossos filhos? E o que a escola fez a respeito?
– Advertimos o garoto e notificamos os pais. – Amélia falou tentando se defender.
– O que parece que não o suficiente porque educação vem do berço e pelo o visto isso é tudo que o Kauê desconhece levanto-se em consideração a postura dessa senhora.
– Marcela, por favor, tenha calma. Nossos filhos estão presentes! – Tentei acalmar Marcela que pouco me ouvia, apenas fitava os olhos da mulher a sua frente.
– O Kauêzinho não faz por maldade, ele apenas brinca com a situação, nós não temos culpa se seu filho é muito sentido, mas também não o culpo coitado, afinal o psicológico dessas crianças deve ser afetado em conviver com uma situação como essa. – A mulher apontou de Marcela para mim com o sorriso debochado.
– Eu poderia fazer você engolir cada uma dessas palavras, mas vou respeitar a presença dos meus filhos, eles não merecem ver um verme sendo esmagado, porém posso te garantir que meus filhos não tem o psicológico afetado de forma alguma, em casa eles não têm somente educação, mas conhecem o significado de amor e respeito, coisa que certamente falta ao Kauê se levarmos em consideração a ausência do pai corrupto e da mãe sem neurônios.
Levantei-me segurando a mão de Marcela quando as duas se aproximaram uma da outra como se fossem se matar a qualquer instante.
– Pelo o amor de Deus, contenham-se as duas. Que exemplo vocês querem dar para os filhos de vocês agindo assim na frente das crianças? Não as chamei aqui para ver isso acontecendo na minha sala – A diretora falou rigidamente atraindo nossa atenção para si – Agora sentem-se todas e vamos conversar como pessoas civilizadas.
Fizemos o que a diretora ordenou e tentamos travar uma conversa civilizada o que de fato era quase impossível quando tratava-se da senhora Mendes. Eu e Marcela concordamos em arcar com todo o tratamento do Kauê e aceitamos de bom agrado a suspensão de uma semana para Heitor e Gabriela, sim nossa filha ajudou o irmão mais novo a bater no garoto, apenas o Mauricio não se envolveu na briga e por isso não foi suspenso, segundo o que nos foi relatado nosso filho apenas chorava e pedia para que os irmãos parassem de brigar.
Em casa o sermão que os dois briguentos levaram de Marcela foi o primeiro ao extremo que eu já havia visto, minha esposa estava exaltada demais para conseguir conversar com os dois naquele momento, ela tirou a mesada e os colocou de castigo por um mês seguido e eu apenas acatei sua decisão, afinal tudo que nossos filhos não precisavam ver eram conflitos entres as mães por ambas não saberem aceitar uma decisão que a outra tomasse. Sem falar que eu achava mais que justo aquele castigo, nunca ensinamos a eles que as coisas resolviam-se com agressão, então era preciso corrigir para que no futuro o problema não fosse ainda mais grave.
Flash Back Off
– Você está maravilhosa nesse vestido! – Senti a boca de Marcela em pescoço e sua mão em minha cintura me tirando totalmente daquelas lembranças.
– Falando assim até parece que somos aquelas mesmas jovens de sempre. – Falei passando meu braço pelo o seu pescoço.
– Não importa quantos anos se passe eu sempre vou te achar a mulher mais linda do mundo.
Nossas bocas encontraram-se com paixão, era incrível como independente da nossa idade, Marcela sempre conseguia me fazer sentir como se a beijasse pela primeira vez. Borboletas sempre surgiam em meu estomago quando sentia o corpo de Marcela, meu corpo respondia a ela sem que ao menos fosse preciso que ela fizesse esforço.
– ECAAAAAAAAAAAAA, será possível que vocês duas não podem ficar um minuto sozinhas que se pegam como se tivesse vinte anos de idade? – Gabriela falou com cara de nojo quando entrou no nosso quarto e se jogou na nossa cama.
– E será possível que depois de vinte e cinco anos você ficou m*l educada e não bate na porta para entrar? Eu poderia está transando com sua mãe, sabia disso?
Os olhos de Gabriela se arregalaram automaticamente e sorrimos da cara de desespero da nossa filha.
– Pelo o amor de Deus, mãe, não me faça construir uma imagem desagradável de vocês duas na minha mente, já bastam os anos que vocês me traumatizaram quando as pegava transando na pia no meio da madrugada. – Novamente ela fez uma cara de nojo e Marcela se jogou em cima da filha lhe fazendo cócegas.
– Você não esquece disso nunca garota?
– AI por favor, não faz isso – As duas gargalhavam como duas crianças e me faziam sorrir do jeito sapeca delas serem. – Socorro, mamãe me ajuda, por favor.
– Ok, as duas crianças podem parar de bagunça na minha cama? – Falei em tom divertido as vendo me obedecer, mas continuarem grudadas em um abraço. – Seus irmãos já desceram?
– Sim, mamãe! Eles estão recebendo os convidados que começaram a chegar aos montes.
– E porque a senhorita subiu? – Marcela perguntou fazendo um carinho no rosto de Gabriela.
– Porque esse salto estava me matando! Eu já disse para vocês o quanto odeio salto? – Gabriela fez uma cara engraçada e sorrimos as três juntas. – Além disso, eu estava entediada, a Isadora e a Evellyn ainda não chegou.
– E sua tia já chegou com seus primos? – Perguntei quando voltei a me olhar no espelho e arrumar o cabelo novamente.
– Bom, só o Harry chegou até agora, ele disse que a tia Mica ia atrasar um pouco porque o Tio Robson demorou a chegar do trabalho.
– O Tor disse que essa noite teríamos uma surpresa e alguém deveria dizer a esse garoto que 90% dos meus cabelos brancos eu devo a ele, dos 10% restantes oito é culpa da sua mãe e os dois fica na sua conta.
Olhei indignada para Marcela e Gabriela gargalhou.
– Posso saber por que tenho mais porcentagem que essa pirralha?
– Porque você estoura nossos cartões de creditos, além de ser extremamente linda e atraente o que acaba me fazendo ficar em alerta com as galinhas velhas que aparece ao seu redor. – Marcela deu de ombros e Gabriela gargalhou mais ainda.
– Vocês duas não tem jeito mesmo! Vamos logo, os convidados estão chegando e o Heitor é capaz de colocar a casa abaixo essa noite.
Seguimos nossa filha em direção a porta e logo estávamos no andar de baixo vendo a decoração do jardim e o quanto o local estava lotado de convidados.