PIOLHO NARRANDO
Nem tudo na vida é como queremos e nem como se deve. Eu não queria ser bandido e não queria ter que fazer o que faço.
Quando deu a hora da saída da visita e Manu não pareceu eu já vi que ia ta enrolado ali mesmo. Não tinha por onde ela sair, a não ser que tivesse sido pega com as paradas e já levaram ela para a delegacia, ou direto para o presidio feminino.
Fique horas esperando ela aparecer e nada. Quando me convencia de que ela não estava ali, ou estava, mas não ia sair eu entrei no carro e voltei, mas fui para rocinha, já que quem está no comando é o pesadelo.
Eu não tinha como ficar ali e nem ir à porta ver o que tinha acontecido com ela. Eu tenho a ficha limpa, nunca nem mesmo matei alguém..., mas se eu fosse na porta do presidio ficar perguntando pela mina que foi visitar um dos traficantes mais pesado do rio. Eu ia me enrolar e ai já era.
Quando cheguei na rocinha subi direto para a boca para a passa a visão para o pesadelo.
PESADELO- cadê a Manuela? _ ele perguntou sério.
PIOLHO- chefe eu coloquei ela lá dentro, mas ela não saiu. _ ele me olhou ainda mais sério. Mas pareceu pensativo.
PESADELO- como ela não saiu cria? _ eu falo para ela como foi todo o processo e antes que ele dissesse algo o telefone tocou e era o terror. Quando eu ouvi o que pesadelo disse, eu entendi o porquê ele não ficou bolado. Porque dessa forma agora, ele pode ter Manuela só para ele.
Pesadelo desliga a ligação com o irmão e ai me passa a visão do que eu tenho que fazer e eu só tenho uma escolha... fazer.
Com tudo o que ele ordenou em mente, eu saí da boca e respirei fundo.
Eu me chamo Pedro, tenho vinte e cinco anos. Sou moreno, tenho um metro e oitenta de altura e o corpo quase todo tatuado. Isso eu gosto muito. Eu tenho uma irmã de vinte e dois anos, Elaine. E hoje eu dedico a minha vida a ela.
Eu e Elaine somos muito próximos. Já passamos por muitas coisas na vida e deixamos de ter muitas outras por diversas questões.
Eu e Elaine nascemos fora dos morros e favelas do rio de janeiro. Tínhamos uma boca casa uma boa estrutura de vida. Mas quando a nossa mãe ficou doente... quando ela foi diagnosticada com câncer de mama, o desgraçado que nos colocou no mundo meteu o pé, vendeu tudo, casa, carro... deixou uma micharia e nos abandonou.
Na época eu tinha quinze anos, Elaine doze e eu fiquei a frente da casa. Pensando em como eu ia cuidar da minha irmã e da minha mãe doente sem nem ter como trabalhar. Sem nem ter casa.
A minha mãe na época fraca pelo baque da notícia e pela doença, me deu a liberdade de decidir o que fazer e então eu fui até o complexo do alemão ver uma casa que eu achei nos anúncios das redes sociais.
Comprei a casa com o dinheiro que o verme nos deixou e guardei um pouco para o tratamento da minha mãe. E ai nos mudamos para o morro.
Quando chegamos a primeira pessoa que eu conheci foi a Manuela. Vi nela a minha irmã, mas de com outro tom de pele e de olhos.
Manu sempre foi atenciosa, os pais dela nos ajudou muito no início lá no morro. A mãe dela ajudou a conseguir uma vaga para minha mãe no posto do morro e foi daí que começou o carinho e o cuidado que eu tenho por ela.
Mas infelizmente a vida nos dá uma rateira atras da outra. Manu perdeu os pais com quinze anos. Eu e minha irmã tentamos apoiar ela. Mas estávamos passando por um momento bem difícil.
Com a demora no tratamento, o câncer da minha mãe se agravou e ai já não tinha o que fazer além da uma condição de vida melhor para ela.
Com tudo em casa acumulando, a falta da comida e os medicamentos caro eu tomei a decisão de entra para o crime... uma escolha que eu não queria, mas foi necessária.
Com seis meses eu tinha colocado tudo em casa em ordem. Mas um mês depois a minha mãe faleceu e ai é aquilo, uma vez no crime, para sempre dentro dele.
Segui na caminhada, mas tentando sempre manter o que eu acho certo. Em invasões, sempre me defendi, mas nunca atirei em ninguém para matar.
Desde que terror colocou os olhos na Manu, eu tive que me afastar. Elaine que estava iniciando uma amizade de verdade com ela, também se afastou e se manteve o mais discreta possível sabendo quem terror e pesadelo são.
Por anos eu vi Manu passar pelo inferno nas mãos do terro. Por anos vi terror fazer coisas que tira o sono de qualquer um e, agora eu não tenho que acatar as ordens dele, mas como a do irmão dele que consegue ser dez vezes pior.
Cheguei na casa que o pesadelo mandou e acionei as minas que não demoraram a aparecer. Chamei dois vapores que manja de invasão eletrônica e com a foto das carcereiras em mãos, eu perguntei quem foi que interditou a Manuela e todos falara a mesma.
Dispensei as minas e ai os crias da tecnologia, descobriu o endereço da mulher. Eu respirou fundo e decidi ir atras dela sozinho. Por sorte pesadelo passou a visão só para mim então, não precisava levar ninguém comigo. Até porque eu não sabia o que eu ouviria dela e se ela resistisse os caras podiam matar a mulher. Ou só matar, por matar.
[...]
Cheguei no endereço da mulher e fiquei esperando ela chegar. Foi uma hora para chegar aqui, duas horas para ela chegar e quando ela chegou, eu coloquei uma máscara e arrastei ela para dentro do carro,
PIOLHO- viu essa mulher? _ ela concorda.
XXX- sim. Não me machuca por favor. _ ela fala.
PIOLHO- quero saber o que fizeram com ela, assim eu não te machuco. _ falo porque eu tenho que falar.
XXX- o capitão do Bope Alencar, foi atras dela. Mandou interditar e tirou ela de lá. _ quando ela fala isso eu seguro para não respira aliviado.
PIOLHO- me te o pé. _ eu falo- e se não quiser receber outra visita dessa, aconselho meter o pé para longe e nunca mais falar disso com ninguém. _ ela me olha com medo. Concorda e sai do carro correndo quando eu destravo a porta.
Vejo a mulher entra na casa e sem pensa eu já ligo no batalhão e por sorte ele estava lá e entendeu o que eu precisa dizer.
O risco que eu corro fazendo isso é imenso, mas eu não posso de forma alguma deixa Manuela cair nas mãos do pesadelo. Não pude fazer nada quando aconteceu com o terror. Mas agora se eu tenho essa chance eu não vou desperdiçar.
Passei visão para o capitão e ouvir ele dizer que está lá se eu precisar me fez pensar que eu posso sair disso tudo e deixa a minha irmã protegida.
Ligo o carro e sigo em direção ao morro da rocinha de novo e espero pegar muito trânsito daqui para lá, para poder da tempo a eles.
Penso na minha irmã. Na Manu. Em mim. E eu quer ia muito poder viver algo diferente de tudo isso. E espero ainda ter essa chance.
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