O carro parou diante da entrada ampla da mansão, a estrutura imponente de vidro, mármore e ferro fundido lançando sombras longas sobre o jardim. A tarde caía, e o sol atravessava parcialmente os painéis de vidro, refletindo sobre a calçada perfeitamente polida. Isadora permaneceu imóvel, mãos entrelaçadas no colo, sentindo o coração acelerar. Cada respiração parecia pesada demais, cada passo em direção à entrada parecia obrigá-la a atravessar uma linha que não poderia mais ser desfeita.
Jean abriu a porta com um movimento quase teatral, permitindo que ela entrasse primeiro, observando cada gesto dela, cada hesitação. A sensação de poder que ele emanava era quase palpável; cada olhar, cada pequeno gesto transmitia que ele sabia exatamente o que ela estava pensando, exatamente o que ela queria e precisava fazer, mesmo que ainda não tivesse consciência disso.
— Aqui é sua nova casa. — disse Jean, frio, porém firme, a voz soando como comando. — Pode andar livremente, mas não esqueça: cada cômodo tem sua função, cada detalhe está sob observação.
Ele passou a guiá-la pelo primeiro andar, o térreo, onde estavam o hall de entrada, a sala de estar principal, a biblioteca, a sala de jantar e a cozinha gourmet. Cada espaço era impecavelmente decorado, uma mistura de modernidade com detalhes clássicos que passavam a sensação de imponência e refinamento.
— Sala de estar. — disse Jean, abrindo as portas de vidro para revelar sofás de couro claros, mesas baixas com livros de arte e antiguidades estratégicas. — É aqui que você aprenderá a observar. Preste atenção em detalhes: objetos, posições, iluminação. Tudo comunica.
Isadora acenou apenas, tentando absorver a magnitude do ambiente. Ela sentiu o peso do olhar dele sobre ela o tempo todo. Não havia pressa, mas não havia espaço para distrações. Cada gesto dele parecia direcioná-la, controlá-la de forma sutil, quase invisível, mas constante.
— Biblioteca. — Jean apontou para a sala repleta de estantes. Livros antigos, documentos de colecionador, pastas organizadas por cores e tamanhos. — Aqui estudará. Seu MBA será parcialmente remoto, mas precisa revisar materiais, consolidar informações e estar pronta para reuniões simuladas.
Ele abriu uma das portas laterais, conduzindo-a à sala de jantar. Uma mesa longa de madeira polida, cadeiras com assentos de veludo, lustres de cristal pendendo do teto. — Aqui, refeições. — disse. — Você seguirá minha dieta, mas nada impede que use a cozinha sob supervisão.
A cozinha era moderna, equipada com aparelhos de última geração, bancada central de mármore e uma disposição que parecia projetada para eficiência e controle. — Você aprenderá a rotina, a ordem e o ritmo. Ordem é essencial. — completou, a cada frase reforçando sua autoridade.
Eles subiram para o segundo andar, onde ficavam os quartos, os banheiros e a sala de estudos remota. Cada corredor era iluminado, mas não exagerado; a luz refletia nas paredes com cores neutras, transmitindo elegância e controle. Jean mostrou o quarto que agora seria dela, o closet adjacente, o banheiro com mármore n***o e pia dupla.
— Este será seu quarto. — disse ele, abrindo o closet. — Seu novo guarda-roupas está aqui. — Dentro, roupas femininas, delicadas, de tecidos finos, cuidadosamente dobradas e separadas por tipos e cores. Ele empurrou suavemente algumas peças para que ela pudesse tocá-las. — Escolha com cuidado. Isso é parte da sua apresentação.
Isadora sentiu um calor misturado a medo e estranheza. Cada tecido parecia carregado de significado, cada cor era uma pequena instrução. Jean observava cada reação dela, cada inclinação da cabeça, cada hesitação. Não havia pressa, mas não havia distração.
— Cabelos. — Jean apontou para uma das salas de banho maiores, equipada com um espelho de corpo inteiro, cadeiras de cabeleireiro e prateleiras cheias de produtos. — Precisamos ajustar seu cabelo. Quero um tom acobreado. Diferente do que você tem agora. Transformação física acompanha transformação social.
Isadora suspirou, percebendo que cada passo de sua adaptação estava sendo planejado com precisão cirúrgica. Cada toque de escova, cada nuance de cor, cada instrução sobre como pentear, inclinar ou apresentar-se, vinha com um controle quase obsessivo de Jean. Ele estava moldando não apenas a aparência dela, mas sua postura, seu ritmo, sua presença.
— Nova identidade. — disse Jean, após observar o cabelo secando e o tom final acobreado refletindo no espelho. — Você será Izaura Rockefeller. Izzie, para abreviar. — Ele observou a reação dela, cada gesto medido. — Filho de um casal do ramo petrolífero, estudiosa de MBA, jovem determinada. Nossa história pública: nos conhecemos em um congresso sobre energia internacional. Você passou um tempo aqui para consolidar nosso relacionamento, proteger sua presença e aprender a interagir com meu círculo.
Isadora engoliu em seco, absorvendo o peso da mentira. Tudo deveria parecer natural, convincente. Sua própria história, seus próprios sentimentos, agora se misturavam a uma narrativa cuidadosamente construída. Ela não podia se confundir, não podia demonstrar qualquer dúvida. Jean se certificaria disso.
— Personalidade. — continuou ele, aproximando-se, o olhar fixo. — Observadora, disciplinada, leal. Inteligente, mas submissa à autoridade em contextos de segurança. Você aprenderá rapidamente. Eu vou ajudá-la, mas sob minhas regras. Cada erro será anotado. Cada desvio, corrigido.
Ela sentiu a mão dele deslizar suavemente pelo ombro dela, um gesto de controle físico que misturava p******o e domínio. Era quase uma provocação: perto o suficiente para provocar um arrepio, distante o suficiente para que ela soubesse que não poderia se apoiar nele completamente.
— Compreendeu, Izzie? — perguntou ele, a voz baixa, grave, cada palavra ecoando como instrução.
— Sim. — murmurou ela, a voz baixa, mas firme, ainda que o coração disparado traísse seu medo.
Jean endireitou-se, observando cada movimento dela, cada expressão, cada hesitação. — Amanhã começaremos a rotina completa. Estudo, exercícios, observação social e adaptação ao convívio. Cada espaço da casa, cada cômodo, cada corredor será familiar a você, mas nunca será seu para usar à vontade. Entendeu?
Ela apenas assentiu, ciente de que a rotina, a disciplina e o domínio dele seriam sufocantes, mas ao mesmo tempo essenciais para sua sobrevivência.
Jean recuou alguns passos, cruzando os braços. A tensão e psicológica ainda pairava no ar, silenciosa, como uma promessa de que, a cada dia, ele testaria limites, moldaria comportamento, observando reações e respostas, mantendo-a no fio da navalha entre medo e necessidade. Continuava a controlar cada detalhe da rotina, cada gesto, cada olhada, cada hesitação, tornando cada ação dela uma mistura de aprendizado, disciplina e um teste silencioso de submissão e confiança.