O pedido?

2087 Words
Dois meses após a festa, agora com a nova cobertura que o produto havia chegado os novos clientes estavam fazendo as vendas subirem e a chegada de novos parceiros, Manuela estava fazendo reuniões durante toda a semana e sem tempo para pensar em sua vida pessoal. Enquanto Stefan estava se dando bem nas reuniões e com seus clientes que buscou por conta própria, assim mandando até um dinheiro para sua avó e dando presentes para o seu primo, Tomy. -Tudo está ocorrendo bem agora? Estou gostando de vê, você agora parece o Christopher de quando saiu do exército. - o tio falou enquanto eles almoçavam no jardim da casa. Era um sábado e ele geralmente almoçava com eles. -Sim, Otto! Estou voltando aos eixos. -E quando vamos conhecer essa tal de Manuela? - a mulher o perguntou. -Em breve! Estou pensando em pedi-la em casamento. -Casamento? -Sim! Nos damos bem, somos adultos, ela precisa de uma figura masculina para a empresa. Acho que damos check em tudo. -Você está esquecendo de uma coisa.- Mariana chamou atenção dos homens sentado à sua frente. - Amor! -Nós temos amor, tia! -Você tem. E ela? -Nós temos! - a segunda vez saiu mais firme. Otto observou Stefan por um instante antes de se recostar na cadeira, cruzando os braços com uma expressão ponderada. - Você realmente acredita que casamento é apenas uma parceria estratégica? — perguntou, a voz calma, mas carregada de significado. Stefan soltou um suspiro, mexendo na borda da taça sobre a mesa. -Eu acredito que é uma decisão consciente. Nós funcionamos bem juntos, temos objetivos alinhados. E eu... gosto dela. Muito. Mariana arqueou uma sobrancelha, como se esperasse algo mais profundo. -Mas e ela? Você já se perguntou se ela vê isso como um "checklist"? Ou se, no meio dessa loucura de reuniões, ela sequer pensou nisso como algo real? O silêncio que se seguiu foi incômodo. Stefan desviou o olhar para o jardim, onde o vento balançava suavemente as folhas das árvores. Manuela estava sempre ocupada, sempre focada. Stefan sabia disso. Mas será que ela via algo além dos negócios quando olhava para ele? No fundo ele sabia que não. Na semana seguinte, o casal estava jantando junto após o expediente e conversando sobre assuntos diversificados até que chegou o momento de Stefan chamar Manuela para um almoço na casa do seu tio. -Ah, você já me falou dele, não é? O que tem o garoto chamado Tomy! -Isso! Olha, você realmente escuta o que eu digo. Achei que ignorava como a maioria das coisas que eu falo. - os dois riram. - Então aceita ir? -Claro! - Stefan sorriu, satisfeito com a resposta dela, mas por dentro algo ainda o inquietava. Será que esse almoço mudaria alguma coisa? Ele queria acreditar que sim. No dia marcado, Manuela chegou pontualmente à casa do tio, trajando um elegante conjunto casual, impecável como sempre. O ambiente era acolhedor, e Tomy logo se aproximou dela, curioso sobre quem era a mulher que Stefan mencionava tanto. - Então você é a famosa Manuela? - o garoto brincou, cruzando os braços. Ela riu, inclinando-se levemente para ele. -Famosa? Espero que seja por bons motivos.- Tomy deu de ombros, antes de lançar um olhar divertido a Stefan. - O que é isso na sua mão? -Eu te trouxe um presente! - Manuela entregou para o garoto, era um carrinho de controle remoto. - Espero que você goste. - Manuela sorriu, mas Stefan percebeu que, para ela, tudo ainda parecia uma formalidade. Ele a observou por um instante, tentando decifrar o que se passava por trás de sua postura sempre calculada. Durante o almoço, ela se mostrou simpática, engajada nas conversas sobre negócios e as novas parcerias da empresa, mas também falou sobre a família. Sem hesitar, ela elogiou a família deles e logo disse que adoraria ter uma daquela um dia. Essa revelação muda a percepção de Stefan por um instante. Até então, ele estava convencido de que Manuela via tudo sob uma lente estratégica—trabalho, negócios, relações. Mas ao ouvi-la falar sobre família com tanta sinceridade, ele percebeu algo inesperado. Será que, no fundo, Manuela realmente desejava mais do que apenas sucesso profissional? Ou seria apenas uma afirmação vaga, dita no calor da conversa? Stefan observou a forma como ela interagia com Otto e Mariana, como ria das histórias que Tomy contava. Havia uma leveza nela naquele momento, algo genuíno, livre das negociações e pressões do dia a dia. Era raro vê-la assim. Quando o almoço terminou e os pratos foram recolhidos, Stefan se aproximou enquanto ela apreciava a vista do jardim vendo Tomy brincar com o carrinho. - Você realmente pensa nisso? — ele perguntou, sem rodeios. Manuela olhou para ele, surpresa pela pergunta direta. - Em quê? - Em ter uma família como essa. Algum dia. Ela soltou um pequeno sorriso, olhando para o céu por um momento antes de responder. - Às vezes. Mas acho que nunca me permiti pensar muito sobre isso. Há sempre tanto para fazer... Stefan sentiu uma pontada de incerteza. Ele queria acreditar que isso significava algo, que poderia ser o começo de uma nova perspectiva para ela. Mas no fundo, ele sabia que, para Manuela, os negócios ainda ocupavam o espaço central em sua vida.E era ali, no meio de uma tarde tranquila, que Stefan percebeu que talvez ele estivesse esperando por algo que nunca viria. Manuela voltou o olhar para Stefan, e por um segundo, o silêncio entre os dois foi mais eloquente do que qualquer resposta. - Eu gosto de observar — disse por fim, com a voz quase num sussurro. — Famílias, laços verdadeiros... isso tudo me fascina. Mas também me assusta. Stefan franziu levemente a testa, curioso. - Por quê? - Porque é real demais. Frágil. — Ela respirou fundo, como se buscasse coragem para continuar. — Nos negócios, tudo é previsível: riscos, prazos, metas. Em casa... não há garantias. Ele ficou calado, digerindo aquelas palavras. Parte dele compreendia aquela lógica. Outra parte queria mostrar que justamente nessa imprevisibilidade morava a beleza da vida. — Talvez seja por isso mesmo que valha a pena. Porque é real. Você vive muito de máscaras e sabe bem disso, aliás, nós meio que somos uma mentira, não é? -Não somos mentira! Nós dois nos gostamos muito e olha, estou mais próxima de você do que poderia admitir. -Então nós podemos ter nossa própria família, e de verdade! Manuela não respondeu. Apenas olhou de novo para o jardim, onde Tomy agora fingia que o carrinho era um foguete indo à lua. E, mesmo sem olhar para Stefan, disse: - Será que algum dia eu conseguiria...sabe? deixar o controle? deixar a empresa? -Se você quiser, damos conta de tudo. - ele levantou a garrafa de cerveja em tom de brinde e ela levantou seu copo, brindaram. -Você está estranho com esse papo! Não vem me pedir em casamento, hein! - ela brincou tomando um gole e ele concordou sorrindo tomando um gole da sua bebida também. 3 semanas depois Ao chegar na empresa, antes de entrar em sua sala, Manuela foi avisada que teria uma visita a esperando em sua sala. Alisson logo tratou de dizer que se tratava de Alice. Assim que abriu a porta, soltou um sorriso ao ver sua amante bem ali brincando em sua cadeira. -Eu vou começar a te proibir de entrar nessa sala. - a mais nova colocou seu casaco no pequeno sofá da sala e foi em direção a sua cadeira. A ruiva levantou e deu um selinho rápido na mulher saindo de sua cadeira. -Para! - ela a afastou. -O que você faz aqui? -Eu vim falar do que você mais gosta. Negócios! - ela jogou uma pasta em cima da mesa. -O que é isso agora? -Uma nova proposta com novos investidores, porém, querem vocês dentro. - Manuela sorriu ao pegar os papéis -Pode tirando esse sorrisinho do rosto, eles querem incluir o Dalio. -O Dalio? Isso tem dedo dele, então? -Não sei, não tem como seu namoradinho procurar saber? Vai que o Dalio esteja aprontando alguma coisa, por mais benefícios que ele tenha tido com a vitória do Mundus VIni, nossa empresa teve muito mais. -Por favor, fala direito do Stefan. Ele não é meu “namoradinho”, e você sabe muito bem como se chama.. -Calma! Não fica nervosa, não vim aqui te tirar do sério. Estou falando de coisa séria. -Manuela folheou os documentos, séria. — Eu vou investigar isso. Obrigada pelo toque. Agora, se não se importa.... -Nossa, nem me chama para um café. - ela pegou sua bolsa. -Sinceramente Alice, eu preferia nem ter que ver sua cara agora de manhã. - as provocações começaram e era daquela forma que elas demonstraram sua tensão s****l. - Claro, não vou tomar mais do seu tempo. Mas se precisar de algo, sabe onde me encontrar.- ela soltou um beijinho para a mais nova.Manuela assentiu com deboche, mas não disse mais nada. Seus olhos voltaram aos papeis.Sozinha, ela respirou fundo. Algo naquele aviso a inquietava mais do que gostaria de admitir. Pegou o celular, hesitou, e então discou um número. - Preciso te pedir uma coisa, consegue almoçar comigo? -Sim, senhora! - a ligação foi apenas isso. A mulher saiu de sua sala e foi andando até a sala da advogada, Daniela Smith, ao bater logo escutou a resposta afirmativa. -Está muito ocupada? Pode dar uma olhada nesses papeis? -Claro, senta! -Isso veio de um investidor, porém tem dedo do Dalio. -Você vai investigar? -Sim. Mas vou precisar de ajuda. — Manuela respirou fundo. — Vou me encontrar com o Stefan no almoço. Ele tem contatos, pode me ajudar a descobrir o que ele quer. Daniela sorriu, um pouco surpresa. — Ainda estão firmes, vocês dois? -Sim — respondeu Manuela, com um brilho suave no olhar. — No fim de semana almocei com a família dele, pelo menos uma parte. Foi leve, sabe? Uma pausa necessária. -Que bom, Manu. Ele parece te fazer bem. - Faz. E por isso mesmo, confio nele pra isso. Mas preciso ter certeza de que estamos nos metendo na coisa certa. -Quem diria que um contrato iria te trazer um amor, hein? -Esse é um medo que estou no momento. Ele anda muito amoroso e falando em família. Eu nem resolvi minha vida com a Alice ainda, como vou me entregar totalmente a ele? -Está precisando conversar, Manu? -Sem julgamentos? -Sem julgamentos! -Jantar hoje, eu pago! -a mulher mais nova levantou da cadeira e fez menção em sair da sala. - Dá uma olhada nos papeis e me diz o que você acha. -Tudo bem! Te vejo a noite. Manuela usou o resto da manhã para resolver as pendências, até perceber que tudo estava calmo demais, nem seu pai havia ido até sua sala naquela manhã. Comentou rapidamente por mensagem com seu irmão, mas nada para deixá-lo preocupado, também mencionou que iria almoçar com o Stefan e o garoto disse que não atrapalharia o casalzinho. -Posso entrar? - Stefan abriu a porta já entrando. -Você não é mais avisado aqui,o que fez para conseguir isso? -Bom, eu sou o seu namorado e todo mundo sabe. Isso não conta? - os dois sorriram, ele se aproximou e foi beijá-la, mas disfarçadamente ela virou o rosto. -Então, qual o trabalho dessa vez? -Como você sabe que é algo de trabalho ? -Quando você me pede algo que não é sobre trabalho? -touché! -ela riu, entregando-lhe uma pasta com os documentos. -Recebi isso hoje de manhã. Stefan abriu a pasta e começou a folhear. Seus olhos passaram rapidamente pelas páginas, mas seu semblante ficou sério. -Qual o problema aqui? -A Alice me disse que tem haver com o Dalio, mas o nome dele não está citado ai. -Então nossa anti-h*****a quer descobrir do que se trata. - ele se referiu a Alice. -Não só ela, eu também. Se o Dalio quer passar a perna em nós, temos que saber antes que ele consiga. - Você já falou com seu pai? - Ainda não. Acho que ele nem apareceu no escritório hoje. Mas comentei por alto com a Daniela... e agora com você. -Almoço e bolamos um plano? Porque até agora não entendi onde entro nessa história. -Vamos, vou te explicar! - a mulher pegou seu casaco, o homem levantou e os dois saíram da sala em direção ao restaurante mais próximo e que Manuela adorava. Stefan sabia que naquele momento não falaria sobre eles dois, mas sim de negócios.
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