Gestão de crise

1596 Words
Dois dias depois da comemoração íntima dos mais novos, o jornal local fez questão de publicar a foto dos garotos no bar, há duas noites anteriores. E logo relacionaram ao vinho de ambas empresas. Na manchete dos jornais dizia o seguinte: “A parceria de milhões da indústria de vinhos mais juntas que nunca.” Foi o suficiente para o Sr. Cesarini chegar furioso na sala de Manuela. -Então quer dizer que meus filhos estão agindo pelas minhas costas? - o homem já chegou entrando bravejando. -Eu sinceramente não sei do que o senhor está falando, papai. - a menina não tirou os olhos de seu notebook, assim não dando atenção ao mais velho. -Estou falando disso! - ele então jogou o jornal na mesa da mais velha, Manuela no fundo já sabia do que se tratava, a mulher o pegou. -Como pode fazer uma festa sendo que tinha dito que não? -Eu não fiz uma festa, saímos para um bar. Fomos comemorar sozinhos. É bem diferente de uma festa. -E você fala isso tranquilamente? -Sim, sinceramente não vejo problemas aqui. - agora sua postura havia mudado, a mulher estava sentada de braços cruzados o olhando. -Acho que o senhor tem que aprender a respeitar nossas escolhas e decisões, assim como respeitamos a sua. O senhor disse que não haveria festa, não teve. -Você está ficando cada dia mais debochada. Fale com a imprensa, solte uma nota. -E dizer o que? -Que vocês estavam se divertindo, que não é nada com a empresa. São só vocês sendo irresponsáveis. -Quer mesmo dizer que sua filha que cuida das coisas dentro da empresa, é uma irresponsável? - Manuela o encarou levantando uma de suas sobrancelhas. -Você entendeu o que eu quis dizer, dê um jeito. - o homem bufou antes de sair batendo a porta da sala da filha mais nova. Imediatamente a menina ligou para Alice. “Gestão de crise por causa do jornal. Por aí também?” “Sim. Quer conversar sobre o que vamos falar para soltarmos uma nota parecida?” “Melhor! Nos encontramos num café?” “Que tal um jantar? Final do turno?” “Não me parece um encontro de negócios.” “Você é chata, hein. Um almoço pelo menos?” “Tudo bem, você paga!” “Ouch! Te encontro às 12:30h no Don Juan” “Até lá!” Assim que desligou a ligação, ela percebeu que havia uma mensagem de Stefan.Ele havia enviado a foto e na legenda “Parece que vocês sabem movimentar a imprensa.” Manuela sorriu com a mensagem dele e logo respondeu, passando um tempo considerável trocando mensagens com seu namorado de contrato. Por mais que o almoço tenha sido de negócios, Alice não poderia deixar passar e soltar uma graça para Manuela. No final da tarde, Manuela tinha uma reunião com Dalio, o homem queria respostas e por isso ele estava nesse momento entrando na sala da garota. -Então, vamos para o Mundus Vini? - o homem ajeitou seu paletó e sentou na cadeira à frente da mesa de Manuela. -Nossas chances são altas. - a garota respondeu. -Quer dizer que não temos um acordo? Deixa eu adivinhar, o Sr. Cesarini não aprovou você ficar a frente? - Dalio poderia ser mais novo entre os acionistas e empresários na indústria, mas ele tinha uma boa visão do futuro e gostava de apostar alto. -Mais ou menos isso. - a resposta foi calma. -Mas eu vou tomar conta desse pequeno detalhe. -Pequeno? É um grande detalhe, Manuela. Não se faz uma inscrição de um dia para o outro e tampouco se inscreve em um concurso mundial assim. Falou com o seu namorado? Falou com os Laurents? -Bom, eu estava esperando uma posição positiva primeiro e então daria a notícia e apelaria para irmos apenas como os Cesarinis. - houve uma pausa na fala. -Mas está mais difícil do que eu imaginei. -Certo! - o homem levantou e ajeitou seu terno. -Irei resolver isso agora mesmo. - ele foi saindo da sala de Manuela e ela foi logo atrás. -Alex, eu posso resolver isso. - a mulher falava enquanto andava atrás dele para tentar alcançá-lo. -Ah, eu sei que sim! Mas vamos tentar do jeito mais rápido. - o homem passou pela secretária do Victor, a cumprimentou e bateu na porta. Ele ouviu um “entra’. -Sr. Dalio, não fui avisado de sua visita. - Victor falou levantando de sua cadeira e indo cumprimentar o homem e então percebeu sua filha atrás dele. -Achei que não era necessário. Chego em má hora? - o homem sabia intimidar até o mais velho dos Cesarinis. -Não, fique à vontade. -Eu vou ser breve. Vim falar sobre o Mundus Vini. - então o homem mais velho olhou para Manuela e Dalio acompanhou seu olhar. -Exatamente, porque a Manuela ainda se tornou responsável por isso? Eu falei que para haver uma parceria, eu a queria. Isso significa que não temos um acordo? -Não é isso, claro que iremos ter essa parceria, inclusive agradeço bastante por querer entrar nessa com a gente… -Com os Laurents também… - ele interrompeu para completar a fala. -É, sim! Apenas achei que deveria ser uma pessoa mais preparada para o caso. -Eu pedi a Manuela. Eu acho que ela é bastante competente. -Claro que ela é. Nós sabemos disso.- Victor já estava ficando sem graça e sem argumentos. -Então, porque ainda não começamos isso com ela? Até o namorado dela pode ajudar, o cara não é alemão, Manuela? -Sim, senhor! - foi a primeira vez que escutaram a voz de Manuela ali no recinto. -E o que nos falta? - o homem agora olhava para Victor. -Nada, Dalio. - Victor se deu por vencido e resolveu acabar com aquela conversa. -Então temos um contrato? Onde está sua garota dos contratos? -Na sala dela, provavelmente. Manuela, leve o Sr.Dalio até a sala da Daniela e façam o que tem de fazer, depois venha me atualizar. - Victor concluiu. -Obrigada, Victor! - o homem levantou e estendeu a mão para o empresário. - É sempre bom fazer negócios com você. -Digo o mesmo, Dalio! - o homem mais velho concordou e apertou a mão dele. -Vamos, Manuela! Temos muita coisa para fazer. - Dalio saiu e antes de seguir o homem, Manuela deu uma última olhada para seu pai, o encarou por dois segundos e fechou a porta. Eles foram andando até a sala da advogada em meio a conversas de como lidar com o Sr. Cesarini e como seria difícil a mulher tomar conta daquilo, mesmo com a maioria sabendo que era o melhor a se fazer. Manuela bateu na porta e ouviu a advogada permitir a entrada. -Daniela, temos um contrato para redigir! - Manuela falou assim que entrou. -Ah, ótimo! Tudo bem, Dalio? - a mulher se levantou e apertou a mão do homem. -Qual é, estamos entre amigos, pode me chamar de Alex. -Não, com você é sempre bom tomar cuidado, Dalio. - a advogada falou mas no fundo tinha um senso de humor que só os três ali entendiam. -Olha pega leve, hoje ele me defendeu com o papai, por isso estamos aqui. - Manuela falou e sentou na cadeira vazia ao lado do homem que logo sorriu e ajeitou o paletó. -Quer um biscoito? - a advogada rebateu. -Oh, vamos com calma! Estou sem armas, apenas como o empresário aqui e um novo parceiro. -E filho de um b****a! - Daniela soltou. -Desculpa, é o costume. - ela deu de ombros. -Eu sei que você e o meu pai tiveram suas desavenças, mas eu não tive nada a ver com isso. - Alex respondeu a advogada. -Mas também não me defendeu, nós estávamos juntos.- a voz dela ainda era calma. Quando o homem ia responder, Manuela interviu. -Sinto interromper, mas depois vocês falam do passado e tem uma DR de exs, ou quase exs. Enfim, agora temos um contrato e eu preciso trabalhar. - a mulher se levantou - É seguro deixar vocês dois aqui sozinhos? -Eu estou desarmado! - o homem abriu os braços em rendição. -Passamos na sua sala quando terminar. - Dani falou e a menina saiu da sala, indo direto para a sua. A mulher sentou em sua cadeira e logo mandou uma mensagem para Stefan. Eles precisavam dar entrada no Mundus Vini e essa era a missão dele. O jantar na casa dos Cesarinis foi em silêncio, aliás Manuela não estava ali com eles e sim num lugar simples que Stefan a havia levado para jantar, longe de todos os holofotes empresariais. -Então, podemos ficar na casa da minha Nona. - Stefan sugeriu. -Não sei se meu pai gostaria.E também eu não conheço sua família. -Uma ótima oportunidade para conhecer. -Stefan Heiden! Você quer me mostrar para sua família. - a mulher fingiu surpresa e ele sorriu. -Eu não sou seu troféu para você sair me exibindo por aí. -Você que fica me exibindo. Pelo menos eu sou pago para isso. - ele ironizou. -Eu também te pago, que tal? -Com o que? - a pergunta a fez parecer interessada. -Hum, se mostrou interessada! - ele riu e ela revirou os olhos -Te pago com massagens! Melhor, posso te acobertar quando quiser sair para ficar com alguém. -Eu fico com as massagens, e nos pés.Eu consigo sair sem precisar de ajuda. - Manuela tomou um gole de seu chá gelado. -Quão longe fica do evento? -Uns cinquenta minutos de carro.- outro gole no vinho - Então, temos um acordo? -Tudo bem, temos um acordo.
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