Davi Narrando Ela ficou ali. Sentada na poltrona ao lado da cama como se aquele quarto fosse dela desde sempre. Cruzou as pernas devagar, ajeitou o uniforme rosa no corpo, puxou o celular da bolsa e começou a mexer como se eu não fosse nada além de um incômodo distante. E isso, pra mim, foi mais estranho do que qualquer resposta atravessada que ela tinha dado até agora. Ninguém fazia isso. Ninguém me tratava com essa… neutralidade irritante. Ou me olhavam com pena, ou com medo, ou com aquela forçação de simpatia que me dava enjoo. Mas ela não. Ela simplesmente existia no ambiente, sem tentar provar nada, sem tentar preencher o silêncio, sem falar demais, sem fingir que me entendia. Só tava ali. Firme. Presente. Dona de si. E eu mastigava devagar, olhando pra comida, mas pensando nela.

