Luciana sempre foi independente. Apesar de ser a única filha de um dos casais mais ricos de Espanha, o seu sonho sempre foi se formar em artes plásticas e abrir uma galeria em França.
Quando tinha 18 anos de idade, ela conseguiu uma vaga na escola de Artes de París e estava prestes a ter uma vida independente da enorme influência que seus pais tinham sobre ela e também na Cidade de Vila Aurora.
Apesar de amar os pais, Luciana sentiu que precisava de estar livre da influência deles em sua vida, ou então não poderia ter mais oportunidades para realizar os seus sonhos.
As festas e outras ocasiões sociais a deixavam sufocada algumas vezes, e era desta vida que Luciana queria se livrar pelo menos por algum tempo, pois quando as frequentava seus pais a faziam ser sempre o centro das atenções, algo que ela na verdade não apreciava muito.
Celina é a sua melhor amiga e confidente. Ela é também a única que sabe sobre os sentimentos de Vanessa por Adriano Collins. As duas estavam sentadas numa lanchonete discreta e conversando.
- Tens a certeza que vais mesmo mais cedo amiga?
- Tenho sim. Os meus pais tentaram me obrigar a desistir nas últimas semanas, mas não conseguiram. Eu preciso ir embora para que não tenham a oportunidade de tentar novamente.
- Eu te entendo amiga. Sentirei a tua falta. Não sei se vou conseguir ficar tanto tempo longe de você Lú. Mas digo o seguinte: Faça o que te deixa feliz. É só o que importa.
- Eu também não vou aguentar. Sentirei muitas saudades, e por isso tenho uma proposta para te fazer.
- Proposta? Como assim?
- Eu quero que você venha comigo. Por favor.
- O quê?! Estás a falar sério Luciana?
- Claro que estou. Sabes que não brincaria com um assunto tão sério.
- Não sei amiga. Eu não quero te dar trabalho.
- O quê? Celina nós somos amigas desde os 6 anos de idade.
Eu não confio em mais ninguém para ir comigo. Pelo menos pensa no assunto?
Por favor.
- Está bem. Eu nem preciso de pensar muito. Eu aceito. Jamais te deixaria sozinha agora.
- Sério?!De verdade?
- Claro que sim. Depois que perdi os meus pais, eu ganhei você como irmã.
- Obrigada querida. Tu és minha irmã também. Podemos ir falar com a tua Avó?
- Claro. Sabes que ela te adora.
E quando será a viagem?
- Daqui a duas semanas. Assim vamos ter tempo de escolher uma Universidade para ti.
- Vanessa eu não sei se....
- Nada de mas. Qual é mesmo o teu curso de sonho?
- Medicina. Sabes que desejo ser obstetra e ginecologista.
- Então assim será. Vamos logo.
Quero muito que a Vovó Ana aprove e quem sabe aceite vir com a gente.
- A sério?
- Claro. Assim teríamos alguém de confiança para cuidar de nós.
- Concordo. Eu sei que ela vai hesitar no começo, mas depois vai aceitar também.
Chegaram em casa de Celina e sua Avó terminava de fazer um bolo de laranja.com recheio de côco ralado.
- Vovó! Eu trouxe alguém para ver a senhora.
- Eu estou na cozinha filha.
Foram até lá e quando ela viu Luciana ficou muito feliz.
- Luciana! Bem - Vinda querida.
- Obrigada Vovó Ana. Que cheiro maravilhoso.
- Sabia que notarias. Querem um pedaço?
- Sim Vovó. Obrigada .Mas antes, eu e a Luciana temos que conversar com a senhora.
Podemos sentar?
Dona Ana sentou-se para ouvir as duas e o fez com muita atenção. No final respirou fundo e então disse:
- Eu jamais negaria uma oportunidade destas para a minha neta. Celina! Se é o que queres filha, tens o meu apoio total.
- A sério Vovó?
- Claro que sim. Eu confio muito em vocês e sei que vão ser bastante responsáveis mesmo estando sozinhas.
- Tem outra coisa Vovó Ana.. - Luciana falou outra vez.
- Fale filha! O que é?
- A senhora aceita ir com a gente?
- Como?! Ir para França com vocês?
- Sim Vovó. Nós não vamos ficar em uma república. Tenho uma casa próximo da Universidade.
Ela é enorme e foi presente do meu Avô.
- Vovó! O que a senhora diz?.... - Celina olhava para ela com os olhos implorando.
- Está bem. Eu vou com vocês.
Mas, e como fica a minha casa aqui?
- A gente pode arrendar Vovó.
A senhora terá o seu dinheiro seguro em uma conta e vai poder usar quando e como quiser.
- Está bem. Quanto tempo a gente tem Luciana?
- Duas semanas. Eu vou cuidar de tudo. Apenas preciso dos vossos passaportes e nada mais.
Façam as vossas malas. París espera por nós.
***Duas Semanas Depois*****
Luciana, Celina e Dona Ana chegaram ao aeroporto de París.
Após seguirem os protocolos legais e pegarem suas bagagens, foram até à saída onde Zila as esperava com o motorista.
Ela cuidava de Luciana sempre que a família estava de férias em París, e as duas tinham uma relação forte e especial.
- Zila! Senti tantas saudades.
- Minha menina. Eu também senti saudades. Como estás?
- Estou óptima. Melhor agora....- Luciana fez as apresentações e foram para casa.
Quando o motorista parou o carro, Celina não conseguia acreditar no tamanho e beleza da casa de sua amiga.

- Estamos na casa certa Lú?.. - Celina perguntou.
- Estamos sim amiga. Como disse foi um presente do meu Avô.
Foi uma das coisas que ele não considerou deixar para o meu pai. E tem uma maior na Itália.
A gente vai lá nas nossas férias.
- A sério?
- Claro que sim. Agora vamos entrar. Quero que conheçam todos e farei uma visita guiada pela casa.
As malas foram carregadas e Luciana estava diferente. Agia como uma senhora e parecia mesmo uma herdeira de milhões. Todos os funcionários a tratavam com muito carinho e respeito, e ela correspondia.
Pareciam uma família.
Dona Ana adaptou-se e fez amizades.
Falava o Francês fluentemente e soube que poderia fazer os seus bolos e os fornecer a uma Pastelaria que pertencia à Luciana e que ajudava várias famílias.
- Agora que já conhecem a casa, que tal um banho e a comida deliciosa da Zila?
- Óptima ideia amiga. Estou morrendo de fome.
Foram aos quartos e mais uma vez, Celina foi surpreendida quando viu seu quarto.

- Luciana! Não tenho palavras para te agradecer. Muito Obrigada amiga.
- Basta que sejas minha amiga para sempre. Isso me basta também como agradecimento.
Bem! Vou tomar banho e nos vemos lá em baixo está bem?
- Claro. Liga para eles amiga.
Os teus pais te amam e tu és a única filha deles. Liga.
- Eu ligo sim. Até já.
Luciana estava muito feliz. Agora longe de seus pais estava segura de estar pronta para o início da sua vida.
Mas ela não contava com a forte tempestade que se estava a formar e que ia rapidamente na sua direcção.
Será ela capaz de se proteger do jeito que espera, ou será pega desprevenida pelos acontecimentos?