Nicole narrando
O motor da moto urrava pelas vielas estreitas enquanto o vento batia no meu rosto e a raiva queimava na minha pele. O breu da noite, quebrado pelos faróis trêmulos dos becos e postes falhando, deixava tudo ainda mais sufocante. Meu coração parecia que ia explodir dentro do peito. Cada curva, cada sombra, cada vulto — eu achava que era ela. Que era aquela maldita da Jéssica.
— Mais pra frente! Ali, do lado da caixa d’água! — eu gritei pro segurança que tremia na frente da moto.
Ele fez a curva fechada e quase a gente foi pro chão. Segurei firme, mas já desci da garupa antes mesmo da moto parar. Subi correndo a viela lateral e já vi o vulto do JN surgindo do lado oposto, vindo na mesma pegada, ofegante, com o radinho na mão.
— Nicole! — ele chamou. — Você viu ela de nov
