07: O Encontro Decisivo

828 Words
ISABELLA ... Só então, após sua ordem, eu entendi. Aqueles dois pequenos que eu havia ajudado... eram seus filhos. E mais do que isso, ele era o chefe. Assim que entrou na sala, sua presença dominou o ambiente. Ele me olhou com intensidade e, sem dizer uma palavra, apontou para uma cadeira à frente da mesa. Uma ordem silenciosa. — Sente-se. Sua voz firme não deixava margem para recusa. Engoli em seco, hesitei por um momento e então me sentei, sentindo as pernas fracas. Ele me observou em silêncio, esperando que eu falasse algo, mas eu estava paralisada, tentando processar a situação. — Me explique, senhorita. — Sua voz grave rompeu o silêncio. — Por que você está aqui? Respirei fundo, tentando controlar o nervosismo. — Estou aqui para a vaga de babá. Ele arqueou uma sobrancelha, seus olhos castanhos claros me analisando com atenção. — Não há vaga para babá. Como você soube dessa entrevista? A pergunta me pegou de surpresa. Eu sabia que Carla não deveria ter me colocado nessa situação, mas não podia entregá-la. — Eu... não posso falar como soube. Mas eu não vou atrapalhar mais, prometo. Levantei-me, tensa, e caminhei até a porta. Mas antes que eu pudesse sair, sua voz firme me fez congelar no lugar. — Não terminamos, senhorita. Parei imediatamente, meu coração batendo forte. — Você parece estar com medo. Eu posso ter um trabalho para você, e ainda assim quer ir embora? A seriedade em sua voz fez meu corpo se enrijecer. Virei-me lentamente para encará-lo, buscando entender sua intenção. Seus olhos fixaram-se nos meus, intensos. — Eu só queria um trabalho, senhor. Não pretendia agir de forma errada. Minha voz saiu trêmula, mas sincera. Ele me observou por alguns segundos antes de esboçar um leve sorriso. — Estou precisando de uma babá para meus filhos. Podemos conversar sobre isso? A surpresa me tomou. Olhei para a porta, hesitante, antes de voltar a encará-lo. A dúvida estava estampada nos meus olhos. — Mas a moça que... — comecei, lembrando que a vaga já havia sido preenchida. Ele me interrompeu imediatamente. — Conheço uma boa funcionária quando a vejo, e aquela definitivamente não era uma. Uma ponta de alívio surgiu dentro de mim. Finalmente, eu entendia o que ele queria. Suspirei, me sentindo um pouco mais tranquila. Talvez essa fosse minha chance. — Meus filhos são gêmeos. O menino se chama Kaleb, ele não fala muito e precisa ir ao psicólogo semanalmente. A menina se chama Zoe, faz balé e natação. Eu preciso de alguém apenas durante o dia. O trabalho não é em tempo integral. E pago bem. Ele falava com naturalidade, mas havia algo sério em seu tom. Assenti, ainda processando tudo. — Eu concordo. Estou disposta a ajudar, desde que seja possível conciliar com outras atividades. Me senti mais à vontade, mas ainda nervosa. Então veio a pergunta que me fez suar frio. — Você tem experiência com crianças? — ele perguntou, seu olhar avaliativo. — Ou, melhor, tem referências? Fiquei tensa. Não tinha referências formais, apenas minha experiência anterior, mas meu nome já estava manchado por Débora e Renato. O máximo que eu poderia mencionar era cuidar dos filhos de uma amiga, mas sabia que isso não impressionaria. — Eu... tenho experiência, mas não tenho referências formais. Engoli em seco. — Mas posso garantir que sou muito responsável e que cuidarei bem das suas crianças. Ele parecia hesitante, o que aumentou minha ansiedade. Então, de repente, senti que precisava falar com o coração. — Eu posso não ter referências, mas posso garantir que sei lidar com crianças. Sou paciente, compreensiva e dedicada. Eu não estou aqui apenas para um emprego, estou aqui para fazer a diferença na vida delas. Isso vale mais do que qualquer papel ou recomendação. Ele me analisou por um longo momento. Algo em sua expressão mudou levemente, e então ele acenou com a cabeça. — Eu só preciso de alguém que cuide deles e os mantenha na linha. Acenei discretamente, ainda nervosa. — Vou confiar em você, senhorita... Vamos ver como se sai. Não pude conter um sorriso de alívio. Eu havia conseguido. Mas sabia que o maior desafio estava apenas começando. Ele estendeu a mão com um olhar firme. Automaticamente, a apertei. No instante em que nossos dedos se tocaram, uma corrente elétrica percorreu minha pele, fazendo meu corpo se enrijecer por um segundo. Seus olhos se fixaram nos meus, e vi um breve estreitamento, como se ele também tivesse sentido algo. Mas logo se recompôs. — A propósito, sou Kaio. Sua voz estava mais suave, mas ainda carregava firmeza. — Isabella. Quando apertamos as mãos, senti algo diferente. Um momento fugaz, mas intenso. O tipo de sensação que faz você perceber que algo está para mudar. Ele também percebeu. Seu olhar ficou sério, mas por um segundo, pude ver que algo nele vacilou. Eu só precisava de uma chance pra recomeçar e juro que não vou desperdiçar nenhum segundo! .....
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