Continuação ...
Ela piscou, confusa.
— Elza precisou sair... a filha dela teve uma crise e precisou ir ao hospital. Eu fiquei para ajudar, achei que você só voltaria amanhã.
Eu a observei. O jeito que ela mordia o lábio, o nervosismo evidente em seu olhar. Cada detalhe dela me puxava mais para o buraco onde eu já estava preso.
— Tá na hora de ir embora, Otávio.
Minha voz saiu firme. Otávio riu, sacudindo a cabeça.
— Tá bom, já entendi. Se cuida, irmão. Vê se me liga amanhã para ver como tá da ressaca.
Ele deu um último olhar para Isabella antes de sair, e eu queria esganá-lo só pelo jeito que a analisou. Assim que a porta se fechou, Isabella se virou para mim.
— Kaio, eu... eu não sabia que você voltaria, Elza precisou mesmo sair e eu me disponibilizei, eu... não quero trazer problemas pra ela e...
Eu não aguentei. Não aguentei mais segurar essa p***a toda. Avancei, segurando seu rosto com força e a puxei para um beijo faminto, bruto, desesperado. Ela soltou um arfado de surpresa, os dedos apertando minha camisa, e eu aproveitei para aprofundar o beijo, minha língua invadindo sua boca, tomando o gosto que eu vinha reprimindo há tanto tempo. E, p***a, ela era deliciosa.
Ela gemeu contra meus lábios, e aquilo só aumentou o fogo dentro de mim. Meus dedos deslizaram para sua cintura, segurando-a firme, puxando-a para mais perto. A tensão entre nós explodiu. Quando nos separamos, nossos rostos ainda estavam próximos, a respiração acelerada, o desejo escorrendo de cada poro do meu corpo. Seus olhos ainda fechados, a incredulidade estampada em sua face até que seus olhos brilhantes me olharam.
Olhei fundo nos olhos dela, e antes que ela dissesse qualquer coisa, soltei:
— Eu não aguento mais segurar isso.
E puxei-a para mais um beijo, ainda mais intenso, como se estivesse marcando-a para mim.
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ISABELLA ROTH
A vergonha me atingiu como um soco no estômago no instante em que meus olhos se abriram e me deparei com dois homens me encarando. Kaio e o outro cara estavam ali, me observando. O olhar do amigo dele deslizou pelo meu corpo sem vergonha alguma, enquanto Kaio parecia pronto para matá-lo. Foi só então que percebi meu estado. O pijama fino, o hobby jogado de lado. Me encolhi no sofá, puxando o tecido sobre as pernas expostas, o coração martelando no peito.
— Kaio...
Foi tudo que consegui falar, minha voz quase não saiu.
Ele exigiu saber o que eu fazia ali, e mesmo com a vergonha queimando meu rosto, expliquei rapidamente sobre Elza e o motivo de estar naquela casa àquela hora. Mas nada disso importava. Porque minutos depois, Kaio me beijou. E, meu Deus... O beijo dele era diferente de tudo que já senti. Quente, feroz, bruto. Como se ele estivesse me possuindo, como se aquele desejo estivesse trancado por tempo demais e agora estivesse se libertando sem freios. Meus joelhos amoleceram.
Ele me segurava com força, a boca se movendo sobre a minha de forma urgente, quase faminta. E eu sentia tudo. O calor da pele dele. A forma como os músculos de seus braços estavam rígidos enquanto me seguravam. A textura de sua barba roçando contra minha pele macia.
E então... o cheiro. O cheiro do perfume doce grudado em suas roupas me atingiu em cheio, e a consciência me puxou de volta à realidade. Eu sabia de onde ele vinha. Meu coração despencou. Ele estava embriagado, saindo de uma noite com outra mulher.
— O que está fazendo?
Disse sem fôlego em um sussurro, desgrudando meus lábios dos dele.
A mente confusa entre a entrega e a revolta. Ele segurou meu rosto com mais firmeza. Seus olhos estavam intensos, escuros, cheios de algo que eu não conseguia decifrar por completo.
— Estou fazendo o que a gente quer há muito tempo.
Eu neguei de leve, ainda desacreditada. Ele não podia estar falando sério. Então, os dedos dele entraram nos meus cabelos, puxando levemente na nuca. Arrepios despencaram pela minha espinha.
— Kaio, seus filhos...
Murmurei, tentando usar a razão. Ele negou imediatamente, sem hesitar.
— Eles não acordam à noite.
Seus olhos baixaram para minha boca de novo, e ele tentou me beijar. Mas, com muito esforço, recuei.
— Eu não sou esse tipo de mulher.
Minha voz saiu baixa, mas firme, sem ar. Tentei manter o foco. A frustração nos olhos dele cresceu, mas não tanto quanto a dor que surgiu quando completei:
— Você está com cheiro de outras. Está embriagado.
Ele praguejou baixo, os olhos faiscando raiva.
— Eu passei...
Balbuciou embriagado.
— A maldita noite, toda pensando em você!
Meus pulmões perderam o ar. Ele se inclinou para perto de novo, e antes que eu pudesse impedi-lo, sua boca encontrou minha pele. A barba dele raspou contra meu pescoço, a respiração quente me arrepiando inteira. Seu cheiro de álcool, de desejo, de Kaio, me invadiu.
— Eu queria sentir seu cheiro.
A voz dele veio rouca, baixa, carregada de algo que me deixava tonta.
— Sentir seus lábios.
Minha mente girou.
Seus beijos desceram lentamente, desenhando um caminho perigoso pela minha clavícula. Meu corpo queria ceder.
— Kaio...
Sussurrei, sentindo meus próprios limites desmoronarem.
— E caramba, é muito... melhor do que imaginei.
Ele se perdeu. Seus braços me apertaram com mais força, seu corpo pressionando o meu contra a parede. Os olhos queimavam sobre mim. Mas eu não podia. Eu não podia.
Quando senti suas mãos deslizando da minha cintura até minha b***a e apertar, foi a deixa. O gatilho que eu precisava para acabar com aquilo ou seria tarde demais. Com esforço, segurei seus ombros e o afastei.
— Não!
Os olhos dele vacilaram, confusos, frustrados, famintos.
— Você está bêbado!
Minha voz tremeu.
— Isso não pode acontecer.
Os músculos do maxilar dele saltaram. Seu peito subia e descia com a respiração acelerada.
— Você também sente isso, Isabella.
Engoli seco, minha pele ainda queimando onde ele me tocou. Mas sacudi a cabeça, forçando uma barreira entre nós.
— Eu não sei o que você pensou nessa noite ou com quem você esteve, mas não será comigo que terminará ela!
Seus olhos vagaram em detalhes do meu rosto, supliquei pesado e continuei:
— Eu não sou esse tipo de mulher. Eu quero que me respeite! Não importa o que eu sinto, ou... como você me desestabiliza, eu... só quero que você não me enxergue assim!
Ele suspirou.
— Como... uma diversão banal.
Soltei o ar pesado e baixei o olhar, brevemente soltei um sorriso nervoso e o olhei de novo.
— Eu sou a babá dos seus filhos, Kaio...
Toquei duas vezes o ombro dele e o segurei firme.
— Só, vai dormir...
Era muitos obstáculos... muitos que eu nem gostaria de pensar.
Havia acabado de me dar m*l, de ser enganada, iludida pelo Renato, que me prometeu tudo, que jurou me amar e tudo não passou de uma grande mentira.
E agora... Eu só sinto isso de novo, que Kaio estava fazendo o mesmo comigo, que era só o começo de um déjà-vu que eu não quero viver.
E esse cheiro me lembrando sempre que ele estava com outra, que procurou talvez em outra, abafar isso que sente e agora está aqui... tentando me levar para cama como uma carne qualquer.
Não, eu não mereço isso.
— Por favor, vai dormir!
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Ela se afastou, unindo as mãos, sentindo um nervoso tão intenso. Meu coração parecia saltar do peito igual em desenhos animados. Minhas mãos suadas e nervosas.
— Eu vou...
Acenei nervosamente e sussurrei.
— Tá...
Ele acenou novamente e deu alguns passos em ré, ainda me olhando tão intensamente.
Logo se virou e subiu as escadas.
Finalmente consegui respirar, movendo meus cabelos para trás.
— Meu deus... o que aconteceu aqui?
Eu já não sabia mais de nada.
E agora? O que vai acontecer agora?
....