Nunca fui famosa, eu era neutra, por assim dizer. Era inteligente, mas de vez em quando dava as minhas escapadas e bagunçava um pouco, tudo era perfeito, eu gostava da minha vida, até eu me mudar para outra cidade, morar em outra casa e começar a frequentar outra escola, ou seja, recomeçar do zero.
Ser a menina nova, ou a novata já e fazia pensar que teria que causar uma boa primeira impressão já me deixa esgotada e sem forças para sorrir. Durante a viagem, observando as árvores passarem pela janela do carro e parecem borrões, eu resolvi tentar deixar de lado e decidi escutar uma música, entrei na minha playlist de musicas favoritas e comecei a procurar alguma música, até achar a música "Afterlife - Avanged sevenfold" era um rock, me identificava com a música e por isso eu gostava dela, sempre cantava o refrão junto da mesma "I don't belong here" meu lugar não é aqui, por mais que tenha escutado tantas vezes, essa frase sempre me marcou muito, pois ela simplesmente descrevia como eu me sentia.
Enquanto eu observava as árvores passarem, como se fosse um loop, eu acabei me sentindo cansada, minhas pálpebras ficavam pesadas a cada segundo, até que então eu cai num sono profundo, não ouvia nem as músicas, e naquela calmaria, naquela vastidão da minha mente, eu pensava comigo mesma o quanto seria bom simplesmente permanecer num sonho em que não precisasse acordar e perceber que estava em um outro lugar que não fosse conhecido e fácil de lidar, me sentindo como um peixe fora do aquário... Ok, péssimo trocadilho.
Mas que falta de educação a minha. Meu nome é Sabrina, atualmente tenho 17 anos, possuo cabelos ondulados como ondas de mar de cor castanho claro, tenho a pele parda e os olhos cor de mel e minha vida é chata, só um desabafo, mas não se preocupe, ela não é chata pelo fato de me mudar, mas sim, de ter que recomeçar tudo de novo.
Apesar de ter dito que eu não era tão famosa assim, eu tinha um ciclo social bom, mas não sentia que nenhuma daquelas pessoas eram meus amigos reais, entende? Acontece que não se pode confiar em pessoas, se hoje sou fria e sem coração, a culpa são das pessoas, se sou um monstro, a culpa é delas, essas pessoas me enganaram tanto e brincaram ainda mais com meus sentimentos, usaram minha bondade e me manipularam, iludiram, maltrataram. Isso machucou tanto que agora, sou um monstro com coração de pedra. O engraçado se torna hilário quando eu faço a mesma coisa para elas e elas reclamam, como se estivessem no direito de reclamar por algo que fizeram igual, quando na verdade eles apenas tem que ficar calados. Por culpa deles, sou apenas uma casca com coração de pedra, ou quase de pedra, minha vida mudou totalmente quando eu entrei na casa.
- Sabrina, acorda. Já chegamos - minha mãe me chamou chacoalhando-me pelo ombro.
- Já? - indaguei com a voz ainda embargada de sono enquanto eu esfregava meus olhos para conseguir afastar o sono.
Minha mãe tem a mania de me acordar com um beijo na testa, o que não foi o caso, afinal ela estava cansada e por mais que eu tenha dormido o caminho inteiro, eu também estava exausta. Então desci do carro e por um momento pensei que ainda estivesse dormindo, não acreditava no que eu estava vendo, a casa na qual iríamos morar não era normal, olhei embasbacada para meus pais que apenas me devolveram o olhar com uma risada.
- Filha essa é nossa casa agora, um pouco grande? - meu pai perguntou brincalhão enquanto me abraçava de lado com sua mão apoiada em meu ombro.
- um pouco? - falei espantada, porém sem conseguir desviar os olhos daquele imóvel.
- estava em um preço bom, então pensamos em comprá-la - mamãe falou com voz terna e também me abraçando de lado, assim como o papai estava fazendo.
Me desvencilhei de seus abraços e fui em direção ao porta-malas pegando minhas malas e subindo para a enorme casa carregando-as. Quando entrei, minha respiração parou por um minuto, os móveis dentro da casa já estavam arrumados, e muito bem arrumados, subi, então, para ver qual quarto era o meu, quando finalmente cheguei e abri aquela porta de madeira, dei de cara com alguém muito estranho. E é esse cara que vai transformar a minha vida de um jeito espantoso.