[NARRADO POR LEONARDO VERANO – SÁBADO, 08H02, CAMISA AMASSADA E CAFÉ PELA METADE] A campainha tocou como se fosse buzina de guerra. E eu nem tinha terminado meu café. Sábado. O único dia em que o mundo me deve silêncio. E já tava sendo invadido. Levantei da cadeira da cozinha com aquela lentidão calculada de quem não quer ser simpático. Caminhei até a porta descalço, camisa ainda amassada da noite anterior, e com a certeza de que, quem quer que fosse... não tinha amor à própria paz. Abri. E ali estava ela. Minha mãe. Vestido azul-petróleo. Pérolas no pescoço. Óculos de sol mesmo sem sol. Postura de quem veio orar e exorcizar — ao mesmo tempo. — “Bom dia, Leonardo.” — “Mãe.” — “Vai me deixar aqui parada feito Testemunha de Jeová ou vai me convidar pra entrar?” — “Depende. Tu t

