A vida com Hades (CEO)

Capítulo 5 - o motivo do Hades

― Você pode parar de olhar para a minha b***a, Bree? ― Ele disse sério e eu queria morrer. Fiquei vermelha de vergonha. Quando ele se virou, ficou pior, o seu abdômen era muito bem definido. Eu tive que desviar o olhar antes de babar. Caminhamos juntos até a piscina e nos sentamos ao sol.

― Você pode colocar um pouco de protetor solar em mim? ― Ele perguntou, me entregando um que tinha na mão.

― É a minha hora de apalpar você ― eu disse para irritá-lo.

― Eu sou o seu marido, Bree, você pode fazer isso.

E eu suspirei em derrota.

Olive nos trouxe alguns coquetéis que estavam totalmente deliciosos. Acho que bebi metade no primeiro gole, vai com calma, Bree, Olive gosta de colocar muito álcool em tudo, ela é muito russa sobre isso.

― Olive é russa?

Se sim, portanto, tome cuidado com suas bebidas ou você acabará dormindo com a cabeça no vaso sanitário.

― Vou entrar na piscina, você quer entrar comigo?

― Não se preocupe, estou bem aqui tomando sol. ― Eu respondi um pouco nervosa.

Ele estalou os dedos.

― Vamos Caronte, na água. ― O cachorro pulou na piscina com ele e eu os observei brincar por um tempo. Então eles saíram e os dois se balançaram bem ao meu lado para me molhar.

O primeiro dia no escritório foi meio estranho, chegamos juntos, mas ao entrarmos, cada um tomou o seu caminho, pelo menos ele estava respeitando a minha decisão. Eu conheci a minha assistente, p***a, eu tinha uma assistente, eu estava incrédula.

― Prazer em conhecê-la, senhorita Knight, sou Abigail, sua assistente ― disse ela sorrindo. ― Nossa, é estranho que tenha o mesmo sobrenome do chefe. ― Então ela me olhou envergonhada. ― Desculpe foi demais.

― Prazer em conhece-la, Abigail. Não se preocupe, é uma coincidência um pouco estranha, então eu te entendo ― digo sorrindo.

Quando entrei em meu escritório, tinha um enorme buquê de rosas com um cartão “Feliz primeiro dia de trabalho. Aqui estou me realizando e sendo um marido que manda flores para a sua esposa no primeiro dia dela”.

O cartão não foi assinado, e eu sei porque não foi assinado. Eu agradeci por isso. No meio da manhã, a minha assistente entrou com uma cara aterrorizada.

― Senhorita Knight, o senhor Knight veio vê-la.

O terror que Ramsés causou nas pessoas me fez rir um pouco. E era tão irônico, porque, às vezes me causava também.

― Mande-o entrar, Abigail.

Ela assentiu e alguns segundos depois ela entrou com ele, ela estava com uma cara de pavor.

― Senhorita Knight, se não precisar de mais nada estou indo embora.

― Você pode aposentar Abigail. ― Eu disse sorrindo. ― Ela saiu como uma alma do d***o. A pobrezinha ficou apavorada. ― Olhei para Ramsés e ele estava franzindo a testa.

― O que, “senhorita”? O negócio era que eu não ia dizer que era o seu marido, mas não que as pessoas pensassem que você era solteira.

Suspirei.

― Isso é algo bobo, Ramsés. Ela adivinhou e eu deixei pra lá, não sei por que ela pensou nisso, estou com meus anéis no dedo ― digo mostrando para ele. ― O que faz aqui?

― Você deveria ser a minha nova funcionária, se eu não viesse te ver seria estranho. ― Ele disse minimizando a sua visita.

― Você vai ver todos os seus novos funcionários? ―Perguntei olhando para ele e ele assentiu.

Ele ficou comigo por alguns minutos e depois saiu com a cara séria de sempre. Saí e Abigail deu um suspiro de alivio.

― Tudo bem, Abigail?

― Sim, senhorita Knight. É que o Sr. Knight me assusta um pouco.

E eu sorri.

― Não se preocupe, ele é muito assustador mesmo.

― Espero que esteja tudo bem, quando ele se aproxima de um departamento é porque algo não está certo.

― É o meu primeiro dia, ele só veio dizer olá ― falei dando de ombros. ― Ele sempre faz isso com novos funcionários, não é?

Ela negou e eu descobri a pequena mentira de Ramsés. Não quis pensar no motivo disso e me concentrei no trabalho. Na hora do almoço um número desconhecido me ligou, hesito em atender. Mas no final eu atendi, era a voz de Ramsés. p***a, eu nem tinha o número do telefone dele.

― Almoçamos juntos?

― Você acha certo almoçar com a sua funcionária no primeiro dia de trabalho dela? ― Eu disse para irrita-lo.

― Vamos Bree, eu me casei pra não comer sozinho. ― Ele disse com uma voz séria e eu o imaginei franzindo a testa.

― Bom, mas não vamos comer aqui, não quero que comecem os boatos.

Ele suspirou.

― Como você quiser, Bree, Caden está esperando por nós na entrada. Vejo você no carro ― disse e desligou.

No caminho para a entrada encontrei Abigail junto com outras garotas. Ela me apresentou e as meninas me cumprimentaram gentilmente. Eu estava conversando com ela por um tempo quando o meu telefone tocou interrompendo a minha conversa. Era o número de Ramsés, então pedi desculpas a elas.

― Desculpe meninas, meu marido está me esperando, então eu tenho que ir. ― Eu disse em despedida.

― Eu não sabia que você era casada, Sra. Knight. Desculpe por chamar você de senhorita a manhã toda ― Abigail disse envergonhada.

― Não se preocupe ― eu respondi sorrindo. ― É recente, então também não me acostumei. ― Eu disse tchau para elas.

Quando cheguei ao carro, Ramsés estava me esperando impacientemente.

― Eu liguei para você e você não me respondeu ― disse ele assim que entrei.

― Desculpe, não reconheci o número ― falei com um tom zombeteiro. Ele imediatamente tirou o telefone das minhas mãos.

― Por que você não reconheceu o meu número? Você não guardou quando eu te liguei?

Eu neguei.

― Eu estava ocupada. ― Eu o vi digitar no meu telefone e segundos depois ele o devolveu para mim. Quando olhei para a tela, ele havia guardado o seu contato como “marido” com vários corações. Tirei os meus olhos da tela e olhei para ele com espanto.

― Esses corações são a coisa mais brega que eu já vi. ― Eu disse rindo alto. Olhei para Caden que estava tentando conter a sua risada. Ramsés cruzou os braços. Eu estava o incomodando até chegarmos ao restaurante. Comemos em silêncio, acho que foi a única vez que gostei do silêncio.

― Como foi a sua primeira manhã?

― Maravilhosa ― digo sorrindo. ― Obrigada por me obrigar a trabalhar com você.

Ele me deu seu meio sorriso. Será que algum dia eu iria vê-lo sorrir sério?

Naquela noite, quando voltamos para casa, ele se sentou na sala para beber um copo de uísque e eu sentei ao lado dele, ele me ofereceu a sua bebida, eu aceitei e levei o copo aos lábios, como na nossa noite de núpcias. Sem querer, estabelecemos isso como rotina, acho que era a nossa forma de compartilhar, os dias foram passando e as coisas estavam indo muito bem. Eu estava percebendo certas coisas nele, e uma delas é que ele parecia alguém que estava sofrendo, mas porquê?

Pela primeira vez eu não queria ser imprudente e perguntar a ele, mesmo que eu estivesse morrendo de vontade de fazer isso.

― Vamos Bree, você é jovem, saia e divirta-se com os seus amigos, Caden vai te levar e dirigir para que você possa beber ― insistiu Ramsés. Mas eles não eram mesmo as minhas amigas, e eu não estava com vontade. Mas ele insistiu tanto que chamei as meninas, fomos jantar e tomar uns drinks. Carol ficou acordada a noite toda me importunando por causa do meu casamento. Isso me deixou um pouco de mau humor, parecia que ela estava com ciúmes.

― Porque você se mete tanto com o meu casamento? Você com certeza gostaria que Hades a pedisse em casamento. Aposto que ele nunca te viu. ― Eu disse com os braços cruzados e as outras meninas riram.

― Não seja absurda Bree, sou sua amiga e só estou tentando cuidar de você. Tenho certeza que você nem sabe por que o chamam de Hades ― ela respondeu, obviamente zangada.

Quando me cansei dela falando sobre Hades e o meu casamento, me despedi.

― Foi um prazer meninas, mas vou para casa ― falei pegando a minha bolsa e me despedindo de todas.

Caden estava esperando por mim do lado de fora, encostado no carro. Ele me olhou de forma estranha, certamente esperava que voltássemos para casa ao amanhecer. Quando cheguei em casa, Ramsés estava bebendo o seu copo de uísque de rotina. Sentei-me ao lado dele e suspirei de frustração.

― Qual o motivo desse suspiro? Está tudo bem com as suas amigas? Eu esperava que você chegasse mais tarde.

― Está tudo bem ― eu disse sem mais delongas.

― Quer um pouco? ― Ele perguntou me entregando o seu copo, desta vez eu bebi todo o conteúdo em um gole.

― Posso perguntar o motivo do seu apelido?

― Eu estive esperando você me perguntar isso o tempo todo. Elas falaram algo para você hoje? O que você ouviu?

Eu balancei a cabeça sem olhar para ele. Era a verdade, eu não sabia de nada.

― Olhe para mim Bree ― ele disse em uma voz séria. Mas eu não queria olhar para ele, se não fosse para o desafiar, eu não conseguia segurar o meu olhar. ― Se você não olhar para mim, eu não vou te dizer nada.

Suspirei frustrada e olhei para ele, mas estranhamente, o seu olhar não me assustou, acho que foi o efeito de vários coquetéis mais o seu uísque.

― Dizem que matei a minha família para ficar com tudo. ― Disse sem mais delongas. E eu estava em choque, eu esperava tudo, menos isso.