_ Lohan, essas pessoas não fizeram nada realmente mau. Apenas deram o azar de não morrer quando foram atacadas, cara.
_ Mas é uma epidemia. Você sabe que eu estou certo.
_ Tem que ter outro jeito.
_ Ótimo. Qual?
Titubeou _ Não faço ideia. Mas não quero fazer parte disso.
_ Vai arregar? _ cobrei.
_ Já é. Eu tô fora.
_ Esdras.
_ Estou fora _ reforçou antes de ir.
A reação do Esdras me fez pensar. Será que eu estava sendo extremo?
Tinha um tempo para pensar. Decidi só ir atrás dos lobisomens na próxima lua cheia.
Sentei num bar qualquer com uma bebida. Um cheiro gostoso me tirou dos meus pensamentos, quando ela passou ao lado da minha cadeira. Parou diante de mim, limpando a mesa, sorriu oferecendo outra dose. Minha sede pedia outro tipo de bebida agora.
Sorri de volta _ Sim, por favor _ flertei com o olhar.
Sorriu me servindo _ Doralice.
_ Lohan.
_ É um nome diferente.
_ Quer dizer luz _ informei no automático.
De onde será que eu tirei isso?
_ Eu vejo luz em você _ sorriu, e fez menção de ir.
_ Espera. Quando você sai?
_ Já estou indo _ seu olhar ficou interessado _ Vem comigo?
_ Pode fechar a minha conta.
Estava de carro, ela gostou tanto dele que perdeu a pressa de ir para casa.
_ Quer ir para algum lugar? _ sugeri.
_ Por que não estaciona? _ propôs.
_ Você manda.
Estacionei em uma calçada com pouco movimento. Ficamos entre beijos num amasso bem quente. Mordi o seu pescoço onde antes beijava. Gemeu em t***o e acariciou a minha nuca, incentivando.
_ Você é deliciosa _ lambi a ferida, que fechou. Tentava parar, deixá-la viva.
Sua mão correu o comprimento da minha ereção abaixo da calça social. Foi o necessário para deixar o resto do seu sangue dentro dela.
A levei para casa depois. Ela morava com os pais e dois irmãos. Sabia a disposição de cada um dentro da casa. O pai ainda estava acordado, esperando por ela. Ainda bem que não a matei!
O lobisomem corria pela floresta se transformando, perdendo o juízo, virando o animal mais terrível e sobrenatural. O corpo humano expandiu e esticou, quebrando ossos e os regenerando a seguir. Gritos repentinos de dor assustava as criaturas, ranger de dentes e rosnados de fúria. A carne engrossando e se cobrindo de pelos curto finos e cinza. Unhas viraram garras, uivou para a lua avisando que estava aqui.
_ Terminou? _ chamei sua atenção para mim, que assisti tudo das sombras.
Rugiu e correu para cima de mim. Desviei e pulei em suas costas, segurei seus ombros e o mordi. O seu sangue era melhor do que o de outros animais. Bebi bastante enquanto ele tentava se libertar, o soltei.
A fera cambaleou e caiu no chão em um tipo de convulsão. Morreu em segundos.
Foi muito estranha essa reação a minha mordida. Voltou a forma humana depois de morto.
Segui para cada um dos lobisomens na minha lista. Todos agiram igual. Caçavam, ao me sentir, voltaram-se para mim com as grandes presas expostas na sua grande bocarra feia. Arranquei a cabeça de cada um. Nem precisei morfar para fazer isso. Eram fracos diante de mim. Já comi humanos que me deram mais trabalho que estes animais.
Estava cuidando do último lobisomem em Roma, quando senti a presença do Esdras. Estava transformado, mas eu sentia o seu cheiro. Avançou em mim, mordeu o meu braço, arrancado parte da carne. O soquei no peito com o outro punho e seu corpo foi lançado para longe.
Mastigou e engoliu a minha carne sangrenta. O meu braço se regenerou totalmente, antes do novo ataque. Eu não queria mata-lo, mas ele queria me matar. Não tive escolha, senão morder o seu pescoço e beber um pouco do seu sangue.
Lamentei quando ele começou a convulsionar, mas não foi como os outros. Ele começou a mudar durante a convulsão e sua nova forma, parecia com a minha. Tinha uma forma humana imponente e musculosa, totalmente coberta de pelos castanhos na cor do seu cabelo humano. Ficou de pé e me encarou como um ser pensante e não como uma fera.
_ Acho que eu criei você _ constatei _ Pode voltar a forma humana?
Ele o fez diante de mim. Gostou da novidade, gargalhou se divertindo _ Como você fez isso?
_ Não faço ideia _ gargalhei, feliz por ele ainda estar vivo.
Em casa, análisando os acontecimentos, sei que o anticoagulante, afrodisíaco, muito útil que injeto no sangue de quem mordo, mata os lobisomens. Mas se os mesmos beberem o meu sangue, simultaneamente, eles se tornam em algo um pouco menos r**m, que pode se controlar. É o fim da influência da lua e do domínio do animal sobre o racional.
Mas quem disse que só por ser racional, alguém se torna bom? Ainda estou num dilema. Dar o benefício da dúvida e criar uma grande família de lobisomens racionais, ou selecionar os menos problemáticos, aniquilando o resto?
É estranho como esse poder me parece familiar. Será que eu sempre banquei Deus? Se for assim, não me admira que eu tenha amnésia. Ser o responsável o tempo todo é um pé no saco.
"Serial killers atacam na Europa nesta véspera de halloween", dizia a capa dos jornais expostos nas bancas do centro, nesta manhã. Comprei um exemplar, no caminho de casa. A explicação para os assassinatos que eu pratiquei, era que um grupo de pessoas haviam sincronizado os seus atos através de um aplicativo de rede social. De acordo com a nota, essa era a única explicação para que os assassinatos tenham ocorrido em vários países da Europa em uma só noite. Muito embora os peritos digam que a mesma pessoa praticou todos os crimes.
O fato de eu achar isso engraçado e o toque de vaidade em minha alma, me faz pensar se sou um tipo de serial killer. Não, é só a forma como eles descrevem, fantasiosa. Qualquer um sentiria um certo orgulho por toda essa comoção.
Será que não percebem o perigo dessa idolatria oculta nas entrelinhas?
Pela manhã, a minha mente divaga inutilmente. Achei de buscar foco no treino de uma luta corporal. Não faço ideia de onde aprendi, mas é bom. Perdi a noção do tempo até o meu celular tocar no interior da casa e eu correr para atender em minha velocidade normal, sem imitar um ser humano.
_ Você é famoso! _ a voz do Esdras era divertida.
_ O que diz aí?
_ "Cavalheiro sem cabeça ressurge do túmulo através de grupos organizado para cortar cabeças"
_ Quanta criatividade!
_ Estão esperando muitas outras mortes no halloween. A polícia está por todos os lados, para tentar evitar ou capturar o "cavalheiro sem cabeça".
_ Muito engraçado _ desdenhei.
_ Você tem planos para hoje?
_ América do Norte, talvez. Por que a pergunta?
_ Peguei um panfleto que anuncia uma rave aqui perto. O nome é Wolf, eu gostei do estilo deles.
_ Vou com você. Qual o endereço?
Em um segundo, eu tinha a localização da festa, no meu celular.