capítulo 11

2208 Words
Deena's POV Depois de todos os acontecimentos de ontem, que foram MUITOS, eu só queria descansar e ficar relembrando de todos os momentos com a Sam, mas meu braço já tinha começado a pingar sangue, e estava doendo cada vez mais. Se eu fosse para o hospital, como falei que iria para a Sam, meu pai ia ter que pagar uma taxa pela sutura, e provavelmente ficaria bem bravo comigo, então decidi ir para a casa de Kate, que eu sei que conseguiria me ajudar, eu acho pelo menos. Parei o carro em frente a sua casa, e fui andando rápido até o vaso de flores que fica do lado de sua porta. Como já vim aqui muitas vezes e já faz um bom tempo que somos amigas, sei que a família de Kate guarda a chave embaixo desse vaso. Como eu disse, ela estava lá, então a peguei e abri a porta, fechando logo depois. Não tinha ninguém na sala, graças a Deus, e fui andando rápido até o quarto de Kate, mas em alerta caso os pais dela me vissem. Não que eles fossem ficar bravos, mas melhor não, né? Consigo chegar até a porta do quarto de Kate, mas quando vou abri-la, está trancada. p***a, ela está querendo me f***r, não é possível. Começo a bater em sua porta impacientemente, mas meio baixo para não me ouvirem. Finalmente, depois de alguns segundos, Kate abre a porta, com uma cara de brava, mas depois surpresa, por ser eu na porta do seu quarto. Eu entro rapidamente dentro do seu "santuário individual", como ela diz, antes que comece a perguntar o por quê de eu estar em sua casa na noite de um sábado sem avisar. Kate fecha a porta e quando se vira para mim, eu digo, segurando meu braço pingando sangue: - Kate, eu preciso de ajuda. Ela desvia o olhar de meu rosto, que estava com uma expressão de dor, para o meu braço, e vem correndo analisá-lo. - Deena, como você fez isso?! - ela diz, tirando devagar a minha camiseta que estava amarrada em torno do ferimento. Ela corre para lavar as mãos, provavelmente para tocá-lo, enquanto eu conto a história, que não é muito glamorosa nem nada, como já sabemos. - E foi isso. - digo, quando termino de contar tudo. - Espera, a Sam que eu conheço te dedou? Nem fodendo, não acredito. - Depois de tudo que eu falei, é nisso que você focou? Ah, vai tomar no cu, Kate. Ela começa a rir, enquanto nós duas estávamos sentadas em sua cama, uma de frente para a outra. - Tá, tá, parei. - ela fala, quando começo a dar soquinhos em sua barriga. - Mas como foi? Ela sabia fazer ou estava meio estranho? Juro que nem em um milhão de anos iria imaginar que Samantha Fraser é sapatão. - Cara, ela foi incrível, nem parece que nunca tinha feito isso na vida, sério. E nem eu teria imaginado que ela é gay... ela parece tão perfeita e certinha. Imagina a minha cara quando ela me arrastou para o carro, e só depois fui descobrir que era por t***o. A menina tem fogo, viu? - eu falo, lembrando da cara de Sam quando pisquei pra ela. Kate começa a rir, e continua a limpar o meu corte com cotonetes encharcados de algum produto, talvez soro fisiológico. Faço caretas de dor quando ela começa a limpar mais fundo, tampando meu rosto com seu travesseiro para não fazer barulho. - Deena, você vai precisar de sutura. - ela diz, receosa e tirando o travesseiro do meu rosto. - Tem certeza que não da pra fazer só um curativo ai enrolando o machucado? Eu não posso ir para o hospital, Kate! - eu falo, agora começando a me desesperar com a ideia de ver o meu pai furioso ou de minha amiga enfiando uma agulha no meu braço sem ter quase nenhuma experiência. De um jeito ou de outro, hoje, com certeza, eu vou morrer. Maldito galho filho da p**a que foi quebrar do nada na floresta! - Vamos pensar, então. Eu acho que consigo fazer a sutura, mas vou precisar de ajuda, e de equipamentos médicos, nesse caso, uma agulha com sutura. - ela diz, pensando em um plano para meu braço não cair. - Beleza, então vamos chamar o Simon e pedir para ele ir na farmácia antes de chegar aqui. Você tem algum remédio para diminuir a dor? - Aham, morfina. - ela diz, sorrindo. Kate e sua outra metade traficante... Pelo menos dessa vez veio a calhar, não é? Tomara que tudo dê certo. Ela levanta e vai até o telefone, discando o número da casa de Simon, que logo atende. - Simon? Vem para a minha casa agora, a Deena tá sangrando. Direta ela, gostei. Ouço o grito de Simon do outro lado da linha, mas Kate logo fala: - Relaxa, é só o braço, mas a gente precisa que você passe em uma farmácia para comprar uma agulha e sutura, ok? Venha rápido que o sangue dela tá escorrendo na minha cama! Own, olha como ela se preocupa comigo! Me deito em sua cama, apoiando o braço em um pano em cima de meu abdome, e suspiro. Fecho os olhos para tentar dormir um pouco, pelo menos enquanto Simon não chega. - Mas tipo, você está apaixonada por ela? - Kate pergunta. Dou um sorrisinho discreto, mas pelo jeito ela percebeu e disse: - Você tá! Meu Deus, nunca achei que iria te ver boiola por alguém, ainda mais por uma líder de torcida! - É que ela é tão... inesperada, sabe? Achei que seria uma daquelas garotas mimadas e chatinhas que se acham melhor que todo mundo, mas ela é totalmente diferente, Kate. Ela me faz acreditar, pelo menos de vez em quando, que eu posso ter uma vida feliz em Shadyside se eu estiver do seu lado, como se nada pudesse me derrubar. Kate me olha com uma expressão surpresa, como se eu tivesse dito que estava grávida de um Sunnyvaler ou algo do tipo. - c*****o Deena, você tá apaixonada mesmo! - Eu sei, e... eu contei pra ela hoje. - O QUE?! VOCÊ DISSE PRA ELA? QUEM É VOCÊ E O QUE FEZ COM A MINHA MELHOR AMIGA?! OLHA QUE EU CHAMO A POLÍCIA VIU! - Kate, fala baixo. - eu digo, rindo de sua reação. - Ela disse que também está a apaixonada por mim. Eu dou um sorrisinho e ela vem correndo me abraçar. - Kate! Kate! O machucado! - eu digo, com meu braço ardendo que nem o inferno quando ela encosta nele. - Desculpa! Desculpa! - ela diz, se afastando quase imediatamente. Seguro meu braço enquanto ele começa a sangrar mais. De repente, ouvimos um barulho vindo de fora da janela de Kate. A olho e ela olha pra mim. De novo não, por favor. Já estava me levantando para pegar alguma coisa pontuda, mas a cabeça de Simon aparece na janela. Kate coloca a mão no peito, como se tivesse levado um susto, e vai abrir a janela para ele. - Seu i****a! Quase nos matou de susto! - ela diz, sussurrando para ele. - Calma gente, não se desesperem que eu cheguei para salvá-las! - ele fala, entrando dentro do quarto com um sorriso. Ele se aproxima de mim, e diz: - Caraca, como você fez isso Deena? - Não é da sua conta, palhaço. - eu falo, já brava com ele por ter nos assustado. - Você trouxe as coisas? - Claro que eu trouxe, né? Não confiam em mim? Ele se aproxima mais de mim, com os olhos vidrados no meu machucado, como se fosse tocar a qualquer momento. Quando vejo seu dedo se aproximando do meu braço, dou um tapa em sua mão e digo, com um tom ameaçador: - Nem pense nisso. Kate pega a sacola da mão dele e começa a tirar as coisas e a colocá-las na mesinha de cabeceira. - Ok, agora que já está tudo certo, a gente têm que começar, porque a Deena tá perdendo muito sangue. Simon, o plano é o seguinte: eu vou fazer a sutura e você vai ficar do meu lado fazendo o que eu mandar, beleza? - Ahhh, por que eu não posso costurar ela? - ele diz, com um bico no rosto. - Cala a boca e faz o que eu digo. Agora, pega a morfina na caixa de baixo do armário do banheiro. Ele suspira e vai atrás da droga. Meu Deus, eles realmente vão fazer isso. - Deena, você tá branca. - Kate fala, preocupada. - Simon, vai logo! Ele volta correndo para o quarto com a morfina na mão, dentro de uma injeção. Nem fodendo, não vou tomar uma injeção. - Deena, eu sei que você tem medo de injeções, mas só dessa vez, ok? - ela fala, tentando me acalmar, porque eu já estava hiperventilando. - Não Kate, não vai rolar, não mesmo, nem agora nem nunca. - eu digo, tentando me afastar daquele negócio. Ela literalmente me ignora e diz: - Simon, pega aquela fita ali em cima do meu armário. - NÃO GENTE, NÃO! Sim, eu tenho medo de injeções, mas e daí? Kate me segura e tampa minha boca para eu não gritar. - Isso é pro seu próprio bem. - ela diz, forçando um sorriso. Aquela vagabunda realmente ia fazer isso? Eu tento gritar e me mexer, mas pelo jeito o treino das líderes de torcida fez a Kate virar a Mulher Maravilha, porque não consegui a tirar de cima de mim. Simon volta com a fita e amarra no meu braço não machucado. Ele pega um algodão e limpa o local onde vão injetar, e faz isso numa calma que nem parece que eu estou me mexendo que nem uma louca. Quando ele chega perto de mim com a injeção e um sorriso diabólico, eu mordo a mão de Kate, e falo, baixo para seus pais não ouvirem: - Simon Kalivoda, se você fizer isso eu te caço até cortar o seu p*u fora, e daí vou pendurar na frente do seu armário na escola para todo mundo ver o quão pequeno ele é! Ele de repente hesita, olhando para Kate com uma cara preocupada. Haha, peguei em seu ponto fraco. - Simon, vai! - Kate diz, séria. Ele volta a se aproximar, dessa vez mais devagar e com uma expressão medrosa, enquanto Kate cobre minha boca de um jeito que não consigo morder, ou seja, literalmente enfiando a mão na minha goela. - Desculpa, Dee Dee. - ele diz, segurando me braço forte para não mexer. Filho da p**a, ele enfia uma injeção em mim, e ainda me chama de "Dee Dee", apelido que ele sabe que eu odeio. Quem ele acha que é?! Agora sim eu vou castrá-lo de verdade. Infelizmente, os dois otários malucos conseguem enfiar a morfina na minha veia, me fazendo gritar, mas a mão de Kate abafou tudo. Diminuo os meus movimentos quando sinto a agulha me penetrar e a dor me invadir. Kate tira sua mão da minha boca aos poucos, com medo da minha reação. - Seus filhos da p**a, agora acabem logo com isso e não arranquem meu braço fora! - eu digo, com a mandíbula travada de tão p**a. Os dois sorriam e trocam um high five, logo se movimentando para pegar as coisas, enquanto eu fecho os olhos, aproveitando que a dor está indo embora aos poucos. - Deena? Nós vamos começar agora, ok? Pode ficar tranquila. - Kate diz, já com luvas e com um olhar preocupado sobre o meu braço. - Relaxa, Dee Dee, nós vamos deixar seu braço mais lindo que antes! - Simon fala, com um sorriso animado. Não me dou o trabalho de responder, mas o encaro com um olhar frio que faz seu sorriso diminuir na hora. Os dois começam a mexer no meu ferimento, mas eu fecho os olhos e tento dormir, já que não estou sentindo nada. Depois de mais ou menos uma hora, e de muitas vezes a Kate ter dito "Simon , para!" e "Ai, c*****o", eles terminaram. - Deena, terminamos. - Kate diz. Eu abro meus olhos, com medo do resultado, e olho o machucado. Não estava r**m, mas a cicatriz estava meio torta e ainda um pouco inchada. - Ahn, tá bem feio, mas pelo menos a gente não te matou, né? - Simon diz, forçando um sorriso. - É, valeu gente. - eu digo, ainda observando aquela linha torta e avermelhada na minha pele. - Ufa, achei que ela ia nos matar. - ele diz, suspirando e deitando do meu lado, também fechando os olhos. - Não ficou perfeito, mas nós tentamos. - Kate fala, deitando do meu outro lado. E assim a noite terminou, nós três deitados na cama coberta de panos e sangue, e rodeados por agulhas, suturas e injeções, mas felizes que a "cirurgia" deu certo e que eu não morri. - Amo vocês. - eu falo, baixinho para eles não me ouvirem , já que não sou de demonstrar muito os meus sentimentos, mas eles escutam e respondem: - A gente também te ama.
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