capítulo 13

1873 Words
Deena's POV Depois de Simon e Kate terem literalmente me operado, nós três acabamos dormindo exprimidos na cama de Kate. Como é domingo, não precisei voltar correndo para casa, e decidi comer na casa de Kate mesmo. Na verdade, ela trouxe café na cama pra mim, que pelo jeito fui a última a acordar. Até parece que é fofa assim sempre. - Bom dia dorminhoca. - ela diz, enquanto eu me espreguiço em sua cama, agora vazia. Abro os olhos e me sento, apoiada na cabeceira, e ela coloca a bandeja com café e torradas no meu colo. Olho ao redor do quarto e não vejo Simon, será que ele já saiu? Provavelmente sim, já que são 11h da manhã. - Valeu, Kate. - eu digo, sorrindo fraco para ela. - Cadê o Simon? -Ahn, ele teve que encontrar um dos fornecedores agora cedo. - ela diz, se abaixando para pegar os panos e a bagunça que deixamos do lado da cama. - Fornecedores? Kate, vocês tem que parar com esse lance de drogas, é perigoso! - eu falo, comendo uma torrada. - Eu sei, eu sei. Mas é só até o fim desse ano, eu prometo. - ela fala, com cara de tédio, já que já conversamos sobre esse assunto diversas vezes. - Promete mesmo? - Sim. - ela fala, sorrindo para mim. -Bom mesmo, porque senão eu arrebento a cara de vocês, viu? Não tô brincando, Kate Schmidt. - Ai ai, tá bom sua chata. - ela diz, se sentando na cama, do meu lado. - Mas enfim, deixa eu ver esse braço ai. Estendo meu machucado em sua direção e ela começa a tirar o esparadrapo que estava envolta dele. - Hm, não parece que vai infeccionar, mas é melhor continuarmos de olho, ok? Vou te dar uns remédios para você passar de manhã e de noite por duas semanas, não esqueça. - Muito obrigada Kate, você me salvou. - Eu sei. - ela sorri, se gabando. Sabia que ela ia falar isso! - Convencida. - Eu acabei de salvar a sua vida, Deena! Você que é ingrata. - Aham, aham, tá bom. Ela volta a colocar outro novo esparadrapo ao redor de meu braço, enquanto termino de tomar o café da manhã. Me levanto da cama, e digo para ela, que estava colocando os remédios em uma sacola: - Seus pais sabem que eu estou aqui? - Sabem, eu contei que você chegou ontem à noite. - Beleza, acho que eu preciso ir, vou ver se meu pai está em casa, e se o Josh comeu alguma coisa. - Qualquer coisa me ligue, ok? Aceno com a cabeça e nos abraçamos. Ela saí do quarto comigo em seu encalço, e vamos até a cozinha, onde seus pais estão tomando café e lendo jornal. Quando eles percebem nossa presença, a mãe de Kate vem me abraçar, ela sempre gostou muito de mim... e de minha mãe. - Deena, querida! A Kate contou que você chegou ontem à noite! - ela diz, animada com a minha presença, mas quando percebe o meu braço enfaixado, sua expressão se torna preocupada. - O que aconteceu com você, querida? - Ah, eu só caí ontem. - eu falo, com um sorriso fraco. - Kate já me ajudou. Ela assente com a cabeça, de forma compreensiva. - E seu pai como está? - ela diz, mudando de assunto para um ainda pior que este. Minha mãe e a senhora Schimdt sempre foram muito amigas, então quando a minha mãe morreu, a família de Kate nos ajudou bastante, e também sabem sobre o problema de alcoolismo do meu pai, que se desenvolveu depois que mamãe se foi, ou seja, quando a p***a toda começou a desandar. - Ah, na mesma. - eu falo, olhando para baixo. - Mas tá tudo bem, tia, não se preocupe que eu e o Josh nos viramos. - Qualquer coisa venham pra cá, ok? Não hesitem! - Pode deixar. - eu falo, dando um último abraço nela, e um aceno com a mão para o pai de Kate, que sorria para mim. Eu e Kate vamos até a porta, e quando eu saio, ela diz: - Se seu braço começar a doer, ou a sangra de novo, me ligue. Eu concordo com a cabeça e começo a andar até o meu carro. - Valeu, Kate! - eu grito para ela ouvir. Ela acena e eu arranco em direção à minha casa, que deve estar incendiando ou destruída a esse ponto. Coloco a nova fita da banda Aerosmith que eu comprei com o dinheiro que ganhei da minha vó de natal. Ao chegar em casa, não a vejo pegando fogo, o que já é um ótimo sinal. Na verdade, eu sei exatamente o que vou ver: a sala cheia de latinhas de cerveja vazias espalhadas pelo chão e na mesa, e o sofá desarrumado como sempre, nada que eu já não tenha visto. Quando entro em casa, vejo um bilhete de meu pai, escrito " Volto mais tarde, amo vocês.". É, parece que ele nem percebeu que passei a noite fora. Pego as latinhas, que já eram previstas, e as jogo no lixo, voltando para arrumar um pouco a sala. Vejo uma caixa de pizza vazia na mesa da cozinha e também a jogo no lixo, depois desço até o porão para ver se Josh já está acordado. O vejo em frente ao computador, com um lençol em cima de sua cabeça. Típico. Vou até ele, que não me ouve chegando, e arranco o lençol de sua cabeça, já p**a da vida que ele não arrumou nada da casa. Não é porque eu sou mulher que vou ficar ajeitando a bagunça que ele faz! - Josh! - eu falo, quando tiro o lençol que o estava cobrindo. Ele se vira bruscamente, e diz, meio irritado: - Deena! O que foi?! - Josh, eu não vou ficar limpando mais as coisas para você e o papai, ok? Não sou sua empregada. Agora vai lá lavar a louça! - eu falo, já começando a ficar ainda mais brava com ele. - Tá bom, tá bom, não precisa gritar. - ele diz, se levantando. - Inclusive, onde você foi ontem? Na casa da Kate? - É. - eu falo, subindo de novo para o meu querido e silencioso quarto. - Meu Deus, o que aconteceu com o seu braço? - ele fala, meio alarmado. - Tá tudo bem? Ele chega mais perto para tentar ver melhor o machucado, que estava enfaixado, mas eu tiro meu braço de sua mão, gentilmente, e digo: - Ah, eu caí na floresta ontem à noite. Merda, não devia ter falado que fui lá ontem. - Na floresta? Em primeiro lugar, o que você foi fazer lá, e segundo, o que você foi fazer lá de noite?! - ele diz, bravo. Lembro de mim e Sam no carro, e sorrio discretamente, mas logo fecho a cara de novo para ele não perceber, e digo: - Não é da sua conta, nerd! - É sim! Me fala! - Nem nos seus sonhos. - eu respondo, já indo em direção ao meu quarto. - Então eu vou contar pro pai que você foi lá ontem à noite! Paro bruscamente quando o ouço dizer isso, e me viro devagar para encará-lo. Nós dois sabemos que apesar de nosso pai não ser muito presente, ele ainda é bem super protetor e ficaria bem bravo se soubesse que estava naquela floresta assustadora ontem, ainda mais de noite. - Isso é golpe baixo, até pra você. - eu falo, me aproximando dele. - Aham, tá bom, agora me conta. Suspiro por causa de sua teimosia, e falo, com a voz baixa: - Eu estava com uma garota. - Oi? Não ouvi nada que você disse, repete. Ele já estava me dando nos nervos. Respirei fundo, e falei um pouco mais alto, dessa vez em um tom de voz audível: - Eu estava com uma garota! Olho para ele, que está de boca aberta, estético. De repente, uma expressão de nojo toma conta de seu rosto, e ele diz: - Ui, que nojo! É, acho que todos os fatores apontam para ideia de termos transado lá. - Não tem nada a ver com o que você está pensando, seu pervertido! - Na verdade, era exatamente o que ele estava pensando. - Para de pensar besteiras e vai lavar a p***a da louça! - eu grito, e entro dentro do meu quarto, fechando a porta com força. Me jogo em cima da cama, cansada, e tiro meus coturnos e meu casaco. Começo a pensar em Sam e em como eu realmente estou apaixonada por ela. Sorrio lembrando dela falando que também está apaixonada por mim, e lembro de seu surto, causado por t***o acumulado. Rio lembrando de seu desespero para chegar no carro, e de quando ela finalmente me tocou, o que fez com que eu me sentisse literalmente no paraíso. Sinceramente, não achei que ela fosse tão boa, já que nunca tinha feito isso antes, mas posso dizer com certeza que me enganei. Meu corpo começa a esquentar quando lembro de seus toques e beijos, do calor, dos vidros embaçados do carro e dela se declarando. Quando minha mão estava fazendo o caminho até "vocês sabem onde", para tentar acabar com meu incômodo no meio das pernas, ouço a porta de casa abrir e meu pai dizer: - Cheguei, crianças! "Que p***a, bem agora!", eu penso, frustrada. Me levanto da cama e saio do quarto, ainda meio p**a, mas feliz que vou ver o meu pai, o que é estranho, já que moramos na mesma casa. Vejo ele e Josh trocando um abraço, e me aproximo para dar um oi também. - Oi pai. - eu falo, sorrindo fraco. - Filhota! - ele diz, vindo me abraçar. Não sinto o cheiro de álcool em suas roupas, o que me tranquiliza pra c*****o. Me permito abraçá-lo de volta com força, eu senti muito sua falta. Quebramos o contato e ele diz: - Eu sei que não estou muito presente esses dias, mas prometo que vou tentar melhorar, ok? Vou tentar parar de beber e ficar mais em casa, eu prometo. Eu sorrio para ele, mas sei que no fim das contas ele vai acabar tendo outra recaída, e nós vamos voltar a nos vermos no máximo duas vezes por semana. - Nossa Deena, o que aconteceu com o seu braço? - ele pergunta, preocupado, tentando analisar a grande faixa branca em torno do meu braço. - Ah, eu caí. - eu falo, meio constrangida. - Mas tá tudo certo, a Kate e o Simon me ajudaram a limpar e... é, foi um corte bem pequeno, não se preocupe. Penso em dizer que os meus amigos literalmente costuraram o meu braço, mas decido ficar calada, acho que ele iria surtar. - Certeza que foi pequeno? Esse esparadrapo é bem grande. - ele fala, ainda concentrado no machucado. - Sim, pai, não esquenta. - eu digo, tirando meu braço de sua mão e sentando na mesa. - Mas e aí, a gente vai almoçar ou não? - Ah, é. Eu trouxe frango! - ele diz, já se animando de volta.
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