Contratempos 1.
Luíza.
Nem sempre a vida é o conto de fadas que sonhamos. Temos altos e baixos, especialmente quando se trata de amor.
Acredito que 80% das pessoas no mundo já sofreram com esse sentimento devastador — algo capaz de derrubar qualquer obstáculo no caminho.
Para alguns, o amor é maravilhoso; para outros, é perturbador.
No meu caso, é um sentimento que me atormenta. Desde que me entendo por gente, carrego um amor não correspondido.
No começo, tínhamos uma linda amizade. Depois, na adolescência, descobri a paixão avassaladora que sinto por ele.
Mas não é tão simples assim. Ele é um canalha, um cafajeste que não quer saber de compromisso sério.
Hoje, enquanto pensava na vida, percebi quantas vezes chorei por esse cretino. Quantas vezes acordei na madrugada sorrindo depois de sonhar com ele…
Se você já passou por algo assim, sabe exatamente como me sinto.
Mas hoje tudo mudou. E ainda não sei se para melhor ou para pior.
Meu pai me chamou para conversar. Disse que sempre tive uma vida de princesa, mas, depois da morte da minha irmã, os negócios da família desandaram. Agora, estamos à beira da falência.
A solução que ele encontrou foi me casar para salvar a empresa e preservar o nome da família.
Seria uma vergonha uma família tão importante como a nossa ter o nome jogado na lama.
Sem saída, aceitei. Será uma cerimônia simples: assinaremos a papelada e me mudarei para a casa dele em dois dias.
Luiza (pensando):
— Ah, Deus… por que eu? Por que isso tem que acontecer justamente comigo?
A casa dele não fica tão longe, pelo menos poderei visitar minha mãe todos os dias.
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Dois dias se passaram. Estou deitada, tentando segurar as lágrimas. Vou deixar a casa onde fui criada.
O pior é saber que estou me casando… e não é com Devid.
Guardei minha honra todos esses anos para me entregar apenas a ele, e agora tudo parece ridículo. Esse casamento é a coisa mais asquerosa que já vi.
Jade: — Filha, está na hora, minha flor!
Luiza: — Ah, mamãe… isso não é o que sonhei para a minha vida.
Minha mãe segura minhas mãos com carinho.
Jade: — Amor, seja uma boa esposa. Esforce-se, assim como você é uma filha perfeita. (beija minha testa) Você sabe que sou contra isso, não é? Se dependesse de mim, queria te ver entrar na igreja de véu e grinalda, com o véu guardando sua pureza.
Luiza: — Eu sei, mamãe. Eu te amo muito.
Saímos do quarto e fomos até o local da assinatura, na casa dos pais do meu futuro esposo.
Assinamos os papéis, e assim deixei para trás o meu sobrenome Fortinelles, adotando o sobrenome Grey.
Minhas coisas já estavam na casa dele — meu pai levou ontem. Ao chegarmos à magnífica residência, ele desceu do carro e entrou, me deixando para trás.
Que humilhação… nunca sonhei com isso para minha vida.
Ao entrar, fui recebida por uma mulher de aproximadamente 35 a 37 anos.
Angélica: — Olá, senhora. Seja bem-vinda. Eu sou Angélica, a governanta da casa.
Luiza: — Oi, Angélica. Pode me chamar de Lu. Acho que podemos ser amigas.
Angélica: — Claro! Venha, vou te mostrar seu quarto.
Subimos até uma suíte maravilhosa. Minha antiga casa era grande e aconchegante, mas este quarto era o dobro do meu.
Angélica: — Menina, organizei todas as suas roupas, peça por peça, e também seus calçados. Qualquer dúvida, é só me chamar, tá bom?
Luiza: — Sim, obrigada, Angélica.
Angélica: — Pode me chamar de Lilí, é assim que todos me chamam.
Luiza: — Certo, obrigada, Lilí. E… onde o senhor Lucas dorme?
Lilí: — Logo aqui na frente, menina. (sai do quarto)
Olhei cada detalhe do quarto, tomei um banho e, pouco depois, Lilí me chamou para o almoço.
Sentei-me sozinha. Não havia sinal do homem que, há pouco, se tornou meu marido.
Luiza: — Lilí, o seu patrão não vai almoçar?
Lilí: — Ele pediu o almoço no escritório. Disse que tem muito trabalho pendente.
Assenti e continuei comendo. Que homem mais estranho…