Capítulo 6: A Sombra de Outro

1309 Words
Alessandro Volkov O sabor de Olivia ainda dançava em meus lábios, uma doçura proibida que me embriagava. Aquele beijo, roubado, impulsivo, havia incendiado algo em mim que eu m*l sabia existir. Era uma promessa de possessão, um vislumbre do que eu desejava dela: sua boca, sua pele, sua rendição completa. A urgência de tê-la, de sentir cada curva de seu corpo contra o meu, era uma febre que me consumia. Seus lábios macios, a forma como ela se entregou por um instante, a surpresa em seus olhos antes de se afastar – tudo isso apenas alimentava a chama da minha obsessão. Mas o momento, que deveria ser apenas nosso, foi brutalmente interrompido. A porta da sala de reuniões se abriu, e a figura de Arthur surgiu, um sorriso fácil demais nos lábios, uma casualidade que me irritou profundamente. Meus olhos, que até então estavam fixos em Olivia, analisando cada nuance de sua expressão pós-beijo, desviaram-se para o intruso. A reação dela foi imediata e sutil, mas não passou despercebida. Um leve rubor coloriu suas maçãs do rosto, e um sorriso discreto, mas genuíno, surgiu em seus lábios ao vê-lo. Aquilo foi como um golpe no estômago. — Alessandro, Olivia. — Arthur saudou, a voz soando excessivamente jovial para o meu gosto. Ele não notou a tensão no ar, ou fingiu não notar. i****a. Meus olhos se estreitaram. Aquele sorriso em Olivia, a forma como ela parecia relaxar um pouco na presença dele, era um ultraje. Ela era minha. O beijo que compartilhamos, a eletricidade que percorreu nossos corpos, deveria ter selado essa verdade em sua mente. Mas ali estava ele, um parasita, um verme, tentando se infiltrar onde não era bem-vindo. — Arthur. — respondi, minha voz um fio de gelo, mas com um tom que apenas um ouvido atento notaria a ameaça velada. Minha mandíbula se apertou, e eu senti um calor perigoso se espalhar pelo meu peito. Ciúme. Uma emoção antiga e visceral que eu raramente permitia que me dominasse, mas que, quando o fazia, era avassaladora. E agora, ela estava direcionada a Olivia. Eu observei cada movimento, cada interação entre eles. Arthur, com sua postura relaxada e seu charme despretensioso, parecia ter uma facilidade em se conectar com as pessoas, uma leveza que eu desprezava. Olivia, por sua vez, parecia mais à vontade com ele do que comigo, e isso me enfurecia. Eles conversavam sobre trivialidades, sobre o projeto que os unia, mas meus olhos captavam os pequenos sinais: o contato visual prolongado, os risos compartilhados, a proximidade física que ele buscava e que ela, para meu desgosto, não repelira de imediato. “Ele é um intruso.” Meus pensamentos gritavam, uma voz rouca e possessiva ecoando em minha mente. “Um abutre rondando o que é meu.” A raiva borbulhava sob a superfície, uma lava incandescente que ameaçava explodir. Eu queria esmagar aquele sorriso presunçoso do rosto de Arthur, queria arrastá-lo para fora da minha empresa, para fora da vida de Olivia. Ele não tinha o direito de estar ali, de sequer respirar o mesmo ar que ela. Meus punhos se cerraram, as unhas cravando-se na palma da minha mão. A dor era um lembrete bem-vindo, uma âncora para a fúria que ameaçava me consumir. Eu precisava manter o controle, precisava ser estratégico. Violência bruta não era o meu estilo, não para algo tão delicado e valioso quanto Olivia. Eu agiria com precisão, com uma crueldade calculada que ele jamais esperaria. — Então, Olivia, Arthur, como está o progresso do projeto? — perguntei, minha voz soando calma e profissional, um contraste gritante com o turbilhão de emoções dentro de mim. Era uma fachada, claro. Uma máscara que eu usava para esconder o predador que habitava em mim. Eles me atualizaram, suas vozes se misturando, mas eu m*l ouvia as palavras. Meus olhos estavam fixos em Olivia, buscando qualquer sinal de que o beijo a tivesse afetado tanto quanto a mim. Mas ela era uma fortaleza, seus olhos desviando dos meus, sua postura um pouco mais rígida. Ela estava ciente da minha presença, da minha intensidade, e isso, de alguma forma, me dava uma satisfação perversa. Ela sabia que eu a queria. A fúria controlada era uma arma poderosa. Eu a sentia pulsando em minhas veias, um motor silencioso que me impulsionava. Ninguém, absolutamente ninguém, se aproximaria de Olivia sem enfrentar as consequências. Ela era minha, e eu faria com que ela soubesse disso, de todas as formas possíveis. Eu a dominaria, a marcaria, a faria esquecer qualquer outro homem que ousasse cruzar seu caminho. Minha mente começou a traçar planos, estratégias para afastar Arthur. Não seria um confronto direto, não ainda. Eu o minaria, o desestabilizaria, faria com que ele perdesse o interesse em Olivia, ou pior, que ela perdesse o interesse nele. Eu era um mestre na arte da manipulação, e Arthur era apenas uma peça no meu tabuleiro. Imaginei suas mãos em sua pele, a forma como eu a faria tremer sob meu toque, a maneira como eu a faria implorar por mais. A cena se desenrolava em minha mente com uma clareza vívida, cada detalhe, cada gemido, cada suspiro. Eu a prenderia em meus braços, a beijaria até que seus lábios estivessem inchados e vermelhos, até que ela não conseguisse pensar em mais nada além de mim. Eu a faria minha, não apenas em corpo, mas em alma. A ideia de outro homem sequer olhar para ela me enojava, me impelia a agir. A reunião prosseguiu, e eu me forcei a participar, a fazer perguntas pertinentes, a manter a fachada de CEO implacável. Mas por trás dos olhos frios, minha mente trabalhava incansavelmente, tecendo a teia em que Arthur seria pego. Ao final, quando Arthur se despediu com um sorriso que me pareceu excessivamente íntimo para Olivia, eu soube que era hora de agir. — Olivia, preciso discutir algo com você sobre o projeto. — minha voz baixou, mas permaneceu firme, garantindo que Arthur ouvisse. Ele hesitou por um instante, um lampejo de curiosidade em seus olhos, antes de se afastar. Quando a porta se fechou, o silêncio na sala era quase palpável, carregado com a tensão que eu havia criado. Olivia me olhou, seus olhos um misto de desafio e apreensão. — Sim, Alessandro? — ela perguntou, a voz um pouco rouca. Eu me aproximei dela, meus passos lentos e deliberados, como um predador se aproximando de sua presa. O cheiro dela, uma mistura de jasmim e algo doce e inebriante, me envolveu, e eu senti a necessidade de possuí-la se intensificar. — Arthur é um problema, — declarei, sem rodeios, meus olhos fixos nos dela, buscando qualquer sinal de resistência. — Ele está distraindo você do seu trabalho. Olivia franziu a testa. — Não, ele não está. Estamos apenas colaborando no projeto. Um sorriso frio brincou em meus lábios. — Colaborando, sim. Mas há uma linha tênue entre colaboração e… outras coisas. E eu não permitirei que nada atrapalhe o sucesso deste projeto. Nem mesmo um colega de trabalho excessivamente… amigável. Minha voz carregava uma ameaça velada, e eu vi o reconhecimento em seus olhos. Ela sabia o que eu estava insinuando, e a cor sumiu de seu rosto. — O que você quer dizer? — ela perguntou, a voz quase um sussurro. Eu me inclinei, meu rosto a poucos centímetros do dela, meu hálito quente em sua pele. — Quero dizer que Arthur será realocado para outro projeto. Longe de você. Longe da minha empresa. Longe de qualquer coisa que possa me incomodar. O choque em seus olhos foi evidente, mas eu não me importei. A determinação em meu tom era inabalável. — Você não pode fazer isso! — ela exclamou, com mais força. — Oh, eu posso, Olivia. E eu farei, — respondi, rosnando suavemente. — Eu sou Alessandro Volkov. E o que é meu, permanece meu.
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