Capítulo 2: A Intriga de Volkov

962 Words
Alessandro Volkov O eco dos passos de Olivia Hayes ainda ressoava no meu escritório, mesmo depois que a porta de mogno se fechou com um suave clique, selando o silêncio que eu tanto prezava. Recostei-me na minha cadeira de couro, o olhar fixo na imensidão que se estendia além da parede de vidro, uma tapeçaria de arranha-céus e luzes que representava o meu domínio. O império Volkov. Construído com suor, sangue e uma determinação férrea que poucos poderiam compreender. Do alto, tudo parecia pequeno, insignificante, e a solidão do topo era uma companheira constante, uma sombra fria que me seguia onde quer que eu fosse. Mas o silêncio, hoje, estava diferente. Não era o silêncio vazio e familiar; era um silêncio preenchido pela reverberação da presença dela. Olivia Hayes. Ela era… inesperada. A pilha de currículos que antecedeu o dela era um desfile de competência e previsibilidade. Mulheres e homens com credenciais impecáveis, mas sem a centelha, sem a ousadia de desafiar. Ela, no entanto, possuía essa centelha. E isso, admito, era tanto intrigante quanto irritante. A forma como ela se sentou, as costas retas, os olhos fixos nos meus, sem desviar. A maneira como ela absorveu o relatório financeiro em meros segundos, destrinchando-o com uma precisão que me surpreendeu. A maioria se desintegraria sob a pressão, gaguejava, tentava impressionar com jargões vazios. Ela, não. Ela respirou fundo e atacou o problema com uma lógica fria, quase clínica. “A primeira falha reside na projeção de fluxo de caixa.” ela havia dito, e eu quase sorri. Quase. A voz um pouco tensa, sim, mas a mente afiada. E a resposta à minha provocação sobre a idade? "Acredito que competência não é definida por idade, Sr. Volkov." Atrevida. Absolutamente atrevida. A maioria se curvaria, pediria desculpas, tentaria ser mais… maleável. Ela se manteve firme, com uma dignidade que eu raramente encontrava. Meus pensamentos se voltaram para o momento em que meu olhar se demorou nela. Aquele rubor sutil em seu rosto quando percebeu a intensidade da minha observação. A forma como seu corpo, mesmo que minimamente, pareceu reagir à minha presença. Era um pequeno sinal, mas revelador. Ela sentia. A tensão entre nós era palpável, um fio invisível, mas eletrizante, que nos conectava. Ela tentava disfarçar, é claro. A respiração contida, o leve tremor nas mãos que ela tentava esconder no colo. Amador. Mas adorável. Eu me peguei imaginando o que aconteceria se eu puxasse aquele fio. Se eu a empurrasse um pouco mais, para além dos limites da formalidade corporativa. A cena de i********e sutil que se desenrolou em minha mente foi rápida, quase um flash. Ela, sob meu olhar, talvez presa entre a mesa e meu corpo, a respiração ofegante, os olhos arregalados, mas ainda com aquele vestígio de desafio. Eu a veria lutar, é claro. Ela não seria fácil. E isso, paradoxalmente, tornava-a ainda mais interessante. A ideia de quebrar aquela fachada de compostura, de ver a vulnerabilidade por trás da determinação, era uma tentação quase irresistível. Eu me imaginei tocando seu pescoço, sentindo a pulsação acelerada sob meus dedos, enquanto seus olhos me imploravam para parar, mas seu corpo traía um desejo oculto. Ah, sim. Ela seria um projeto fascinante. A verdade é que eu estava acostumado a ter tudo sob controle. Minha vida, meus negócios, as pessoas ao meu redor. Cresci em um ambiente onde a fraqueza era uma sentença de morte, onde a vulnerabilidade era um luxo que eu não podia me dar. Cada passo que dei, cada decisão que tomei, foi calculada para me tornar inexpugnável. E funcionou. Mas a perfeição, às vezes, era tediosa. A previsibilidade, entediante. Olivia Hayes era o oposto disso. Ela era variável. Uma incógnita que eu não conseguia decifrar completamente. E isso me irritava. Irritava-me porque ela me fazia sentir algo. Não era raiva pura, nem atração simples. Era uma mistura complexa de desafio, curiosidade e uma pontada de algo que eu não conseguia nomear. Uma espécie de reconhecimento, talvez. De uma força semelhante à minha, mas em um invólucro mais… suave. Minha proposta final a ela, aquela que "iria muito além das responsabilidades habituais de uma assistente executiva", não era uma mera formalidade. Era o início de um jogo. Um jogo que eu já havia decidido que jogaria, independentemente da resposta dela. Eu a havia testado com números, com pressão, com meu olhar. E ela havia passado, com distinção. Mas os testes mais importantes ainda estavam por vir. Eu não precisava de uma assistente comum. Eu precisava de alguém que pudesse antecipar os meus movimentos, que pudesse ler nas entrelinhas, que pudesse suportar a intensidade do meu mundo. E, talvez, que pudesse ser moldada, esculpida, para se encaixar em um papel que só eu conhecia. Levantei-me da cadeira, caminhando até a janela, observando o sol começar a se pôr no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e roxo. A cidade abaixo parecia um formigueiro, cada indivíduo seguindo seu próprio caminho, alheio ao drama que se desenrolava no trigésimo andar. Minha mente já estava traçando os próximos passos. Eu a observava, a testaria de maneiras que ela nem imaginava. A formalidade de nossa relação seria apenas uma casca, sob a qual uma dinâmica muito mais complexa e, para alguns, perturbadora, começaria a se desenvolver. Eu a levaria aos seus limites, a faria questionar suas próprias convicções. A proposta que eu lhe faria não seria apenas sobre trabalho. Seria sobre controle. Sobre submissão. Não a submissão de uma funcionária a um chefe, mas algo mais profundo, mais visceral. Eu veria até onde ela estaria disposta a ir. E, quando o fizesse, ela não teria escolha. Ela seria minha. Um sorriso lento e predatório se espalhou pelos meus lábios. O jogo havia apenas começado. E eu, Alessandro Volkov, nunca perdia.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD