Capítulo 4: O Jogo do Poder

1257 Words
Alessandro Volkov O incidente no elevador, para Olivia, pode ter sido um mero percalço técnico. Para mim, foi um teste. Uma oportunidade. E ela reagiu exatamente como eu esperava: com uma mistura de nervosismo e uma faísca de desafio que a tornava ainda mais interessante. Aquele rubor em seu rosto, a respiração acelerada, o modo como seus olhos, mesmo arregalados, se recusaram a desviar dos meus. Ela sentia. A tensão entre nós era um cordão invisível, mas vibrante, e eu tinha prazer em puxá-lo. Meu império não foi construído sobre a sorte, mas sobre a precisão. Cada movimento, cada aquisição, cada pessoa em minha órbita é uma peça em um tabuleiro de xadrez que eu domino com maestria. E Olivia Hayes, a nova peça em meu jogo, prometia ser a mais desafiadora de todas. Ela não era uma peão, nem mesmo um cavalo. Ela tinha o potencial de uma rainha, se eu a moldasse corretamente. Os dias que se seguiram ao "incidente" foram uma orquestração meticulosa. Eu a chamei à minha sala com mais frequência, não apenas para discutir relatórios ou projeções, mas para observar. Para testar seus limites, para ver como ela reagiria sob a pressão da minha proximidade. Eu a fazia apresentar ideias, debater estratégias, e em cada interação, eu me inclinava um pouco mais, falava um pouco mais baixo, forçando-a a se aproximar, a se expor. O cheiro dela, sutil e fresco, misturava-se ao ar pesado do meu escritório, e eu o inalava, permitindo que preenchesse meus sentidos. Era um aroma que me intrigava, que me puxava para fora da minha habitual frieza. Eu a via lutar contra a própria respiração, contra o rubor que subia por seu pescoço, e um sorriso quase imperceptível se formava em meus lábios. Era um humor n***o, sim, a satisfação perversa de ver sua compostura se desfazer, mesmo que por meros instantes. Certa tarde, eu a convoquei para uma reunião sobre a reestruturação de um departamento. Ela veio, como sempre, impecável, com seus cabelos presos em um coque elegante e a postura ereta. — Srta. Hayes, sente-se. — Indiquei a cadeira em frente à minha mesa, mas, em vez de me sentar, eu permaneci em pé, circulando-a lentamente. — O relatório que me entregou sobre a reestruturação é tecnicamente sólido. Mas carece de… profundidade. Ela ergueu uma sobrancelha, um sinal de seu desafio. — Profundidade, Sr. Volkov? Eu abordei cada aspecto logístico e financeiro. Parei atrás dela, perto o suficiente para que ela sentisse minha presença, mas sem tocá-la. — Sim, os números estão lá. Mas e as pessoas, Srta. Hayes? Como você lidaria com a resistência? Com medo? Senti seus ombros enrijecerem. — Eu implementaria um plano de comunicação transparente, ofereceria suporte e treinamento para as novas funções… — E se isso não fosse suficiente? — Interrompi, minha voz baixa, quase um sussurro em seu ouvido. Inclinei-me, e pude sentir o cheiro de seu shampoo, um aroma floral que contrastava com a formalidade do ambiente. — E se a resistência fosse mais… pessoal? Ela girou a cabeça ligeiramente, tentando me encarar, mas eu me movi com ela, mantendo a proximidade. Seus olhos, antes tão firmes, estavam agora um pouco arregalados, refletindo a luz do escritório. — Eu… eu lidaria com isso de forma individualizada, Sr. Volkov. Com empatia. Um riso baixo escapou de meus lábios. — Empatia? Uma palavra perigosa no mundo dos negócios, Srta. Hayes. A empatia pode ser uma fraqueza. Deslizei minha mão lentamente pelo encosto da cadeira dela, meus dedos roçando levemente seu cabelo. Ela estremeceu, um movimento quase imperceptível, mas que eu registrei. Era um flerte explícito, uma invasão calculada de seu espaço pessoal, um lembrete de quem estava no controle. — Acredito que a empatia pode ser uma ferramenta, Sr. Volkov. Para entender e, assim, antecipar. — Sua voz era um pouco mais fraca agora, mas ainda com a teimosia que eu tanto apreciava. — Uma ferramenta, sim. Mas uma que pode ser usada contra você. — Minha voz era um murmúrio, quase inaudível. Abaixei-me um pouco, e meus lábios roçaram levemente a curva de sua orelha. — Você é muito transparente, Srta. Hayes. Seus sentimentos são legíveis. Isso é um risco. Senti seu corpo tensionar sob mim. Ela estava presa, encurralada pela minha proximidade, pela minha voz, pela minha intenção. Era um momento de pura intimidação sensual, e a satisfação que isso me trazia era quase palpável. Eu a queria vulnerável, exposta. Eu queria que ela sentisse a extensão do meu poder, não apenas sobre os negócios, mas sobre ela. O drama da situação era intenso. Eu a queria sob meu controle, não apenas como uma funcionária eficiente, mas como algo mais. Eu a queria submissa, não por coação, mas por uma escolha que ela faria, mesmo que inconscientemente, impulsionada pela atração e pelo fascínio que eu sabia que exercia sobre ela. A solidão no topo era uma realidade fria, e eu desejava uma companhia que pudesse suportar a minha intensidade, que pudesse me desafiar e, ao mesmo tempo, se render. Eu a observei enquanto ela tentava recuperar a compostura. Ela era forte, sim. Mas toda força tem um ponto de ruptura. E eu estava determinado a encontrá-lo. — O que você quer de mim, Sr. Volkov? — Sua voz era um fio, mas a pergunta era direta. Endireitei-me, afastando-me um pouco, mas mantendo meu olhar fixo no dela. — Eu quero o seu potencial, Srta. Hayes. Quero sua lealdade. Quero que você entenda que, em meu mundo, não há espaço para meias medidas. Ou você está comigo, ou está contra mim. Ela piscou, e eu vi a confusão em seus olhos. A formalidade da nossa relação estava se desintegrando, revelando uma dinâmica muito mais crua e perigosa. — E se eu não quiser estar em seu mundo, Sr. Volkov? — Ela desafiou, sua voz ganhando um pouco mais de força. Um sorriso lento e predatório se espalhou pelos meus lábios. — Ah, mas você já está, Srta. Hayes. Desde o momento em que aceitou esta posição. Neste exato instante, meu telefone tocou. Era uma notificação de mensagem. Um nome apareceu na tela: "Arthur". Um nome que eu reconhecia como o de um dos advogados do meu conselho, mas que, para Olivia, poderia significar algo mais. Eu havia notado a troca de olhares entre eles no corredor, a forma como ele parecia demasiado interessado nela. Uma ameaça em potencial. Eu ignorei a mensagem por um momento, mantendo meu olhar em Olivia, vendo a curiosidade em seus olhos. Então, com um movimento calculado, virei a tela do telefone para que ela pudesse ver o nome "Arthur". — Srta. Hayes, você conhece Arthur? — perguntei, minha voz casual, mas meus olhos fixos na reação dela. Ela hesitou, um leve rubor subindo ao seu rosto. — Sim, Sr. Volkov. Ele… ele me ajudou com algumas dúvidas sobre os procedimentos da empresa. Eu assenti lentamente, um sorriso quase imperceptível em meus lábios. — Entendo. Arthur é um homem… ambicioso. E, às vezes, a ambição pode levar as pessoas a fazerem coisas… questionáveis. Ele é um bom advogado, mas nem sempre o mais confiável. O olhar de Olivia se estreitou. Eu havia plantado a semente da dúvida. Eu a havia feito questionar. E o jogo, agora, se tornava ainda mais interessante. Eu a queria apenas para mim, e qualquer um que se aproximasse dela seria visto como um obstáculo. O controle que eu desejava ter sobre ela não era apenas profissional; era total. E eu faria o que fosse preciso para garantir que ela entendesse isso.
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