Conexão crescente

1002 Words
Com o passar do tempo, um mês para ser mais exata, a dinâmica entre eu e Yan começou a mudar, mesmo com as constantes brigas. Após uma discussão acalorada sobre um projeto, Yan a surpreendeu ao elogiar minha determinação. Percebendo essa pequena mudança, decidi não me deixar abalar pelas grosserias dele. A cada provocação, eu respondia com firmeza, ganhando, assim, um respeito mútuo, embora ele não conseguisse admitir. Mauro, sempre atencioso, começou a insistir em me levar para casa, preocupado com meu cansaço. Um dia, ele me abordou no escritório: — Lilian, não precisa pegar ônibus todos os dias. Eu posso te levar — sugeriu, com um sorriso. Yan, ouvindo a conversa, não perdeu a oportunidade de intervir: — Ela não precisa de carona, Mauro. Lilian é capaz de cuidar de si mesma. Mauro retrucou, sem hesitar: — Não vou permitir que ela fique cansada por conta do transporte. Observei a troca, me sentindo valorizada. A tensão entre Yan e Mauro crescia, e, em meio a isso, Yan começou a me olhar como quem se importava comigo. A minha presença, tão ousada e confiante, o fazia questionar seus próprios sentimentos, eu conseguia perceber em seu olhar. Certa tarde, após uma discussão sobre uma apresentação, decidi que era hora de confrontá-lo: — Você não precisa ser tão duro, Yan. O que te impede de reconhecer o trabalho dos outros? — disse, encarando-o. Ele hesitou, um conflito interno evidente. Em resposta, algo dentro dele se despedaçou e ele soltou: — Porque tenho medo de me envolver! Fiquei surpresa, mas logo respondi: — E eu não tenho medo de me impor. A vida é muito curta para sermos cruéis só por medo. Enquanto isso, a amizade entre eu e Mauro se tornava mais forte. Ele começou a mostrar seu lado protetor, o que fazia eu me sentir bem. Em uma conversa mais íntima, Mauro finalmente se declarou: — Lilian, gosto muito de você. Não apenas como amiga. Fiquei em silêncio, avaliando o que sentia. Embora a amizade fosse valiosa, uma parte em mim ainda se prendia à confusão que estava em meu coração, não consigo explicar, mas algo em mim sente que pertence a um outro alguém. Quem? Eu não sei... isso me apavora. Nesse dia eu apenas disse para Mauro que precisava de um tempo, nossa amizade estava indo bem, não queria estragar tudo. Enquanto isso, a relação minha com Yan seguia um caminho inesperado. Continuávamos a discutir, mas havia um novo entendimento. Ele não conseguia me demitir; minha ousadia era um desafio que ele não queria perder. Em um momento de vulnerabilidade, Yan finalmente admitiu: — Você é a única que não se deixa abater pelas minhas grosserias. Isso é... refrescante. Sorri, ciente de que, apesar das brigas, havia uma conexão crescente entre nós. E, enquanto as tensões se entrelaçavam, eu me via dividida entre o conforto da amizade de Mauro e a complexidade dos sentimentos por Yan, ambos lutando pelo espaço em meu coração. À medida que as interações entre eu e Yan se intensificavam, comecei a notar como ele me desafiava constantemente. Era quase como um jogo de poder, eu me divertia em não se deixar intimidar. A cada vez que Yan me provocava, respondia com uma mistura de sarcasmo e firmeza, o que fazia com que ele se sentisse, ao mesmo tempo, frustrado e intrigado. Enquanto isso, Mauro continuava a se aproximar, sempre oferecendo caronas e palavras de apoio. Um dia, após mais uma discussão acalorada entre Yan e eu, Mauro me encontrou no corredor e disse: — Você sabe que pode contar comigo, né? Não precisa enfrentar isso sozinha. Sorri, agradecida, mas ainda sentindo a confusão sentimental em meu peito. — Eu aprecio, Mauro, realmente. Mas preciso lidar com isso à minha maneira. A tensão aumentava. Nesse momento inesperado, enquanto eu estava conversando com Mauro, Yan me desafiou novamente, me entregando um documento sobre a reunião: — Então, Lilian, o que você sugere para melhorar isso? Eu não hesitei: — Talvez você devesse ouvir mais a equipe em vez de apenas impor suas decisões. Yan, surpreso, levantou uma sobrancelha. — Interessante. Você acha que sabe mais que eu? Sendo apenas uma secretária? — Não é sobre saber mais, mas sobre trabalhar juntos. Não sou sua inimiga — respondi, mantendo o olhar firme. Ele me encarou, e um silêncio carregado se instalou. Ali, no meio da tensão, algo mudou. Mauro, percebendo a conexão crescente entre nós, decidiu ser mais direto, mas nesse momento assistiu nossa pequena discussão em silêncio. Mais tarde, naquela noite, enquanto me levava para casa, disse: — Lilian, eu realmente gosto de você. Quero ser mais do que amigos. Fiquei em choque novamente, não esperando essa confissão. Hesitei, sentindo a pressão entre a amizade e os sentimentos confusos que eu sentia. — Mauro, você é incrível, mas… ainda não sei o que quero. Mauro concordou com a cabeça, me deixou em casa e foi embora. No dia seguinte, durante outra troca de farpas com Yan, decidi provocá-lo de volta: — Você sabe, às vezes é mais fácil ser gentil, Yan. Ele me olhou, com a expressão fechada, mas havia um brilho de curiosidade em seus olhos. — E quem disse que sou gentil? — Talvez você precise aprender — disse, desafiando-o. E assim, enquanto as disputas se tornavam mais frequentes, a minha amizade com Mauro também se fortalecia, mas eu não conseguia ignorar a minha tensão elétrica que existia com Yan. Cada briga trazia um novo entendimento, e cada palavra desafiadora parecia nos aproximar mais. Estar perto de Yan me irritava, mas algo me fazia querer estar cada vez mais próxima, sinto que no fundo ele é apenas um menino deixado de lado por seus pais. Eu quero compreendê-lo, quero fazer ele se sentir importante, não gosto de ver pessoas se sentindo como ele. Parece que sobrou apenas ódio dentro dele, mas no fundo eu sei que existe um homem gentil e carinhoso. Não pretendo desistir, vou continuar, até conseguir ver ele expondo seu lado mais gentil.
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