Capítulo II

2559 Words
Enfim sexta-feira e acordei cedo, Frank praticamente me derrubou da cama. Coloquei uma calça legging, camiseta larga, tênis e meu iPod com algumas músicas para correr sem ficar pensando no tempo. - Ju, está pronta? - Frank gritou já na porta da sala. - Já estou indo - gritei bufando. Olhei-me no espelho para ver se meu cabelo estava bom no r**o de cavalo, peguei meus óculos de sol e fui ao encontro de Frank na sala. - Frank e aí, não vamos? - perguntei ao vê-lo sentado me esperando. - Vamos sim, mas antes precisamos tomar o café da manhã, você não acha que comeremos depois que voltar, não é? - perguntou franzindo a testa. - É o certo, como podemos comer antes? Vamos passar m*l - disse ainda em pé. - Ju, senta aqui - ele pediu batendo no assento da cadeira. - Lá vem bronca - falei sentando. - O seu erro já começa aqui. Vou explicar para que entenda, pois não adianta eu te forçar a fazer algo sem que entenda o quanto erra sempre. O café da manhã não te prejudica se você o consome do jeito certo, na quantidade certa. Quando fazemos exercícios físicos, precisamos comer carboidrato, pois ele se transforma em açúcar no metabolismo e isso nos dá energia para que possamos forçar nossa musculatura. Aqui temos um copo de suco de acerola, duas fatias de pão integral, que é uma boa fonte de fibras, e duas fatias de queijo branco - ele explicou com toda calma do mundo. - Mas isso não vai m***r minha fome - disse de maneira contundente. - Olha, fome é uma coisa, m***r o olho da barriga ou gula é outra. Façamos o seguinte, vamos contar a mastigação. O cérebro só reconhece que o corpo está satisfeito depois de cinco minutos que começamos a comer, por isso que comemos muito, pois ao invés de mastigar a gente engole. - Nossa, já estou com dor de cabeça só de pensar nisso - falei segurando a cabeça. - É fácil, tudo é questão de costume e prática. Mastigue cada mordida que der cerca de trinta e cinco vezes até que o alimento esteja totalmente triturado. Comíamos da maneira que Frank ensinava e, para minha surpresa, fiquei satisfeita. Fomos fazer caminhada e só começamos a correr vinte minutos depois para darmos tempo da digestão começar. Corremos por dez minutos e Frank viu que eu estava colocando os bofes para fora. - Ju, você está bem? - perguntou rindo de mim. - Ai, pelo amor de Deus, eu preciso parar - respondi sem ar, abaixando e apertando minhas panturrilhas. - Nossa, que chorona! Vamos para casa, já estamos atrasados. Você precisa se arrumar para trabalhar, mocinha - disse colocando a mão em minhas costas. Fomos caminhando e faltando alguns quarteirões para chegarmos ao prédio, começamos a correr novamente, subindo de escada ao invés de elevador. Cheguei enlouquecidamente descabelada e suada, corri para o banheiro do meu quarto, tirei a roupa e não fechei a porta, tomei um banho gelado, lavei o cabelo que estava desgrenhado e suado. Depois do banho sequei rapidamente os cabelos, passei um rímel e batom, coloquei a roupa, os sapatos e fui para a cozinha, onde Frank já estava sentado e só de toalha. - Que é isso? - perguntei olhando-o com a toalha envolvida em seu quadril. - Vim fazer uma vitamina para você beber antes de sair - disse carinhosamente. - Vitamina? De quê? - perguntei com sede. - Vitamina de leite desnatado com laranja e mamão. Beba e leve essa maçã para comer às dez horas, não se esqueça - disse me entregando a maçã embrulhada em papel alumínio. - Está bem, agora vou correr, tenho dez minutos para chegar à empresa - disse bebendo a vitamina de uma só vez. Saí apressadamente, desci de elevador para não suar e logo depois entrei no carro e fui para a empresa. Graças a Deus o trânsito ajudou e não me atrasei, cheguei na garagem do escritório cinco minutos antes do meu horário. Entrei no elevador sem prestar atenção em nada, focada que estava na minha bolsa, pois tentava encontrar meu celular que tocava sem parar. - Quer ajuda? - Ricardo perguntou e eu levei um susto, dando um pulo e colocando a mão no coração. - Meu Deus! - falei assustada. - Não, seu chefe - ele disse sorrindo. - Desculpa doutor, me assustei. Bom dia - falei desconcertada. - Está tudo bem, só achei divertido seu jeito desesperado - ele falou sorrindo de um jeito malicioso. - Que bom que o divirto, senhor - respondi assim que a porta se abriu no andar que trabalhávamos. Ele saiu em seguida, como sempre atrás de mim, tenho certeza que este homem fica olhando minha b***a. Sentei ligando o computador e ele entrou em sua sala. Eu precisava dar a entender que ele não mexia comigo sexualmente, o que não seria fácil, já que até o bico dos meus s***s ficavam mais duros quando o via, mas eu precisava conseguir me conter. - Juliana, traga a agenda - ele disse pelo telefone. - Sim, senhor - respondi desligando. Peguei a agenda e alguns memorandos que ele havia pedido que eu digitasse no dia anterior e entrei, batendo antes na porta. - Sente-se - ele disse apontando a cadeira. - Senhor, aqui estão os memorandos que havia pedido para hoje - falei entregando os papéis e me sentando. - Certo, obrigado. Marque uma reunião para as dez e você terá que estar presente para anotar tudo. - As dez? - perguntei alto. - Por que, você tem alguma coisa para fazer neste horário? - perguntou me encarando curioso. - Não senhor, é que preciso comer uma maçã neste horário - respondi inocentemente. - Comer uma maçã? Está fazendo regime, Juliana? - perguntou sorrindo. - Estou reeducando minha alimentação doutor, preciso ficar mais saudável - respondi explicando. - Que ótimo isso é muito bom, mas nada resolve sem exercícios - falou como um viciado em academia, igual ao Frank. - Sim senhor, eu estou correndo de manhã no parque Ibirapuera e, depois de sair daqui à tarde, vou direto para a academia. Ele ouvia atentamente e observava meus lábios se movimentarem. - Juliana, por que está querendo emagrecer? Você é bonita assim, não acha? - perguntou me encarando. - Não quero emagrecer, quero ficar mais saudável, percebi que estava levando uma vida desregrada. Por isso, preciso mudar - expliquei sem dar a entender que fazia tudo por causa dele. - Vamos começar a reunião às dez e meia, então avise os demais e por enquanto é só - ele disse colocando um ponto final em nossa conversa. - Sim senhor - disse me levantando e indo em direção à porta. - Ah Juliana! Não se esqueça de enviar os documentos para o STJ, como tinha pedido ontem - ele relembrou. - Não se preocupe senhor, já deixei agendado para enviar às nove da manhã e ligo em seguida para ter uma confirmação. - Muito bom, obrigado - agradeceu voltando os olhos para o computador e eu saí. A manhã passou muito rápido, ao meio dia cheguei em casa para almoçar e encontrei na mesa um bilhete de Frank. Gostosa, seu almoço está pronto, por favor, coma tudo como ensinei no café da manhã, não pode colocar nada além do que já coloquei ai, bjus. Sorri lendo tudo e quando abri as vasilhas, vi um bife grande de frango grelhado e salada de rúcula com tomate e um copo de suco de laranja natural. Comi com muita calma, levei mais de quarenta minutos para comer tudo e quando saí da mesa, já estava saciada. Escovei os dentes e corri de volta para o escritório. Fiz tanta coisa na parte da tarde que nem vi passar as horas. Ricardo não saiu da sala em nenhum momento, tudo que pedia era por telefone e por mensagem interna de computador. No final da tarde, desliguei o computador, fui ao banheiro e me troquei para sair de lá direto para a academia onde Frank já me aguardava. Fui até a sala de Ricardo e bati antes de entrar. - Senhor, eu já estou indo, deseja algo mais? - perguntei de modo solícito e educado. - Não, já estou indo também. Bom exercício para você - respondeu me olhando de cima a baixo. - Obrigada senhor, até amanhã - disse saindo da sala. Já na academia, Frank não teve dó, me fez exercitar até quase desmaiar. Saímos exaustos da academia, chegamos em casa, jantamos e eu fui dormir, extremamente cansada. Sou um advogado implacável, daqueles que não dá a mínima importância se vai ou não levar um cliente à falência, para mim o que realmente conta é se vou ganhar ou não. Tenho certo fetiche que prefiro manter em sigilo, além de preferir algo mais teatral na hora do s**o. Gosto de mulheres gordinhas, tanto que, quase não consigo me conter com aqueles quadris largos e cheios de curvas, isso sem contar o rosto, pois a maioria das gordinhas é bonita, se amam e sua sensualidade fica nítida no jeito de olhar, como predadoras naturais. A única coisa chata aí, é que, como sou muito requisitado, acabo saindo com modelinhos do alto escalão da moda. Isso me impossibilita de t*****r com alguma gordinha quando tenho vontade, e acabo pagando para ter isso, já que hoje em dia você acha de tudo nos classificados, até garotas de programa plus size. Não tenho vontade de levar ninguém a sério, muito menos uma gordinha, imagina o que falariam de mim pelas costas. Meus amigos vivem me invejando por causa do poder que tenho com mulheres espetaculares, e não pegaria bem ser visto com uma gordinha. Sempre digo para a chefe de RH que jamais contrate mulheres gordas para trabalharem comigo, não aguentaria trabalhar com alguém se sentisse t***o por ela. Esses dias mesmo eu fui a um barzinho com alguns amigos e quando a vi quase morri, que mulher linda! Ela é alta, quadril largo, cintura fina, cabelos loiros longos e ondulados. Era bem gordinha, devia ter pelo menos 95 quilos, mas é muito bonita. Enquanto eu a auxiliava na frente do banheiro, podia ver seus olhos brilhando, sua boca vermelha implorando que a devorasse ali mesmo. Quase esqueci que estava sendo observado por meus amigos, tive que manter a postura de pegador de modelinhos, mas ela me tirou do foco. Ela falava de um jeito meigo, como se implorasse cuidados, me senti atraído para encenar uma de minhas cenas de protetor, mas, essa d***a de sociedade, odeio isso. Será que nunca vou poder dizer ao mundo que gosto de gordinhas? Por que este preconceito todo? Este mundo não é justo mesmo, tenho que me privar do s**o com essas deusas rechonchudas, só para ficar com fama de galanteador na sociedade? Até minha família me criticava quando eu era adolescente, mantinha uma amizade colorida com uma gordinha chamada Elisa, ela sempre era depreciada em minha casa, ninguém sabia como tratá-la com respeito. Quando ela ia me chamar, alguém sempre gritava “A gorda chegou”, eu ficava desconcertado ao ouvir e ela sempre tentava transparecer normalidade. - Odeio o jeito como eles te tratam, que falta de respeito. - Rick não liga para isso, eles não estão me xingando, me chamaram de gorda. É normal, não é a primeira nem a última vez que ouço isso e, outra coisa, eu sou gorda. - Sim, eu sei que você é gorda, eu enxergo, mas o que me entristece é que você tem nome e eles fazem isso para ofender, de modo pejorativo. - Ricardo, o que me importa é o jeito como você me trata, o resto é resto. Muitas vezes eu ficava m*l, não só por minha família, mas na escola o preconceito era pior, faziam musiquinas de baleia, a chamavam de rolha de poço e por mais que ela tentasse levar numa boa, de vez em quando a pegava chorando. Não suportava mais aquilo. Quando fui para o colegial, meus pais fizeram questão de me colocar em uma escola melhor e bem longe de Elisa, não a via mais como antes, nossa amizade foi ficando mais distante até que ela nunca mais me procurou e eu por idiotice nunca fui atrás. Com o passar do tempo fui ficando superficial e dando ouvidos aos meus amigos, que pegavam uma menina mais bonita que a outra. Eu tinha sorte, as mais gatas sempre davam em cima de mim, nunca precisei conquistar nenhuma delas. Acho que sentia falta disso, da conquista, principalmente de mulheres inteligentes, e as gordinhas quase sempre precisavam recorrer à inteligência e ao bom humor para conseguir atenção, já que não conseguiam pelo corpo. Pensei naquela loira linda a noite toda, mas quase pirei quando cheguei na terça-feira para trabalhar e dei de cara com ela na mesa da minha secretária. Nem falei com ela direito, fui direto para a sala da gerente de RH, estava bufando de raiva. - Como se atreveu a me desobedecer? Eu não disse que a única coisa que não queria era gorda como secretária? Pode contratar mulher f**a, magra, deficiente, menos gorda - gritava com a gerente que me olhava assustada. - Senhor, chega de preconceito, porque me contratou então? Se o senhor mandá-la embora terá de me mandar junto! Já estou cansada de ver pessoas como você! Não vê que ela precisa do emprego e, outra, está procurando há muito tempo, pelo que vi, e ninguém dá oportunidade a ela por ser gorda? Que mundo é esse? - ela falava gesticulando e muito nervosa. - Olha, se ela fizer m***a eu mando as duas embora - explodi sem poder falar o porquê de minha raiva. Como dizer para alguém que não era preconceito, era medo de ficar louco de t***o? Não conseguia me concentrar quando Juliana entrava na sala, ficava observando aqueles olhos verdes e o modo como ela mordia a caneta, que mulher sexy. Quando ela entrou no elevador, toda atrapalhada e procurando o celular, fiquei louco. Adoro mulheres perdidas, faço sempre questão de ajudar e levá-las para minha cama, mas não com ela, precisava me conter, já que ela precisava do emprego e eu jamais poderia manter relações com uma gordinha que trabalhava para mim, não posso correr o risco de alguém saber sobre esse meu gosto peculiar. Muitos podem achar que é fetiche, mas é gosto, prefiro mulheres com curvas. Hoje, quando ela entrou em minha sala dizendo que estava de dieta, eu odiei. Não queria que ela emagrecesse, ela perderia todo o charme. Não entendo alguém que fica e*****o de dietas malucas, mas sei o quanto sofrem. Vi de perto o sofrimento de alguém assim, não posso pedir que ela pense diferente, mas se fosse minha, eu jamais permitiria isso. O que me deixa pior a cada dia é que sonho com essa mulher o tempo todo, meu p*u lateja toda vez que a vejo. Não estou aguentando mais, preciso comer essa mulher, mas não posso. Mulheres gordas se apegam e se ela se apaixonar por mim eu terei que demiti-la e ela poderia falar de mim para alguém e estragar minha reputação. Não quero que se repita meu passado, ser obrigado a me afastar de alguém que amo, por preconceito de minha família.
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