Capítulo 1: A Noite dos Girassóis Mágicos
Era uma noite tempestuosa, e eu estava desnorteada, perambulando pela rua. Quando vi uma sombra mais à frente, não dava para distinguir se era realmente uma pessoa ou algum fruto da minha imaginação...
Fui me aproximando vagarosamente, até que cheguei a um ponto em que já dava para ver sua face: era uma linda mulher! Seus cabelos eram encaracolados, de uma cor escura, e seu olhar me fascinava.
Quando ela me avistou, bradou bem alto:
— Não tenha medo, moça! Não irei lhe fazer m*l algum.
Rapidamente, tentei me esconder, mas pensei: "Para que me esconder, se ela já me viu?" Então me aproximei. Chegando bem perto da misteriosa moça, perguntei:
— Poderia me dizer onde estamos?
Ela me respondeu com naturalidade:
— Estamos no Campo-7.
E perguntou:
— O que faz aqui sozinha nessa tempestade?
Envergonhada, respondi:
— E-eu acabei pegando o ônibus errado... Agora estou em um lugar onde não conheço nada, nem ninguém!
A jovem apenas riu e disse:
— Eita! Mas não se preocupe! Irei lhe ajudar. Pode ficar o tempo que for necessário em minha moradia.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Fazia tempo que eu vagava por aí, com fome e frio. Respondi emocionada:
— Muito obrigada, moça... você não sabe o quão gratificante é ouvir isso! Mas, afinal, como você se chama?
Ela sorriu e respondeu:
— Imagina! Aprendi com meus pais que devemos fazer o bem sem olhar a quem. Me chamo Seraphina. E você? Como se chama?
Abri um sorriso atencioso e disse:
— Que nome bonito! Me chamo Lyra.
Então fomos caminhando até sua moradia, e, no caminho, conversamos. Seraphina contou que tinha um irmão gêmeo chamado Seraphin e compartilhou uma história triste sobre a morte de seus pais.
Enquanto passávamos por um campo, vi um lindo campo de girassóis e exclamei:
— Uaaau! É tão lindo... Mesmo com a chuva, continua sendo deslumbrante!
— É um campo de girassóis mágicos, Lyra. Se cantar para eles, eles realizam um d****o seu — explicou ela.
Intrigada, parei, encarei as flores e disse:
— Não é possível...
Quando eu ia começar a cantar, um estrondo ensurdecedor soou. Gritei bem alto:
— CORREEE, SERAPHINA!!!
Mas Seraphina, calma, segurou meu braço e disse:
— Calma, Lyra. Esse é só o retardado do meu irmão fazendo suas experiências.
Então, misteriosamente, um homem caiu do céu! Estava sujo, com roupas rasgadas. Quando se levantou, disse:
— Estou bem, estou bem!
E perguntou a Seraphina:
— O que faz aqui, minha irmã? E quem seria essa mulher?
Seraphina respondeu:
— Estava indo buscar suprimentos, até que vi essa moça por lá. Resolvi ajudá-la.
Ela olhou para mim, sorrindo:
— Este aí é meu irmão gêmeo, de quem falei.
Arregalei os olhos e disse:
— Uau! Vocês se parecem tanto! Seraphin, prazer, me chamo Lyra.
Seraphin me olhou, fascinado, e disse:
— O prazer é todo meu. Espero que se sinta em casa aqui.
Ele estendeu a mão para me cumprimentar, mas, antes que eu pudesse fazer o mesmo, Seraphina me puxou rapidamente, dizendo que precisávamos correr.
Ela me levou até sua moradia. Quando chegamos no quintal, minha mente explodiu! Era tudo mágico, com uma presença encantadora. Um animalzinho muito formoso correu até nós. Ela disse que seu nome era chimera.
Alguns segundos depois, Seraphina disse:
— Vamos, Lyra. Irei lhe mostrar seus aposentos.
Fiquei animada, pois estava encharcada de água. A casa era enorme só para eles dois, então perguntei:
— Só moram vocês dois aqui?
— Não. Tem a Flora e o Aleck também. Aleck é um amigo de infância, e Flora é irmã dele. Mas ela fica mais com o Seraphin.
Sorri e disse:
— Que legal! Espero não ser um incômodo por estar aqui...
— De modo algum, poxa! — respondeu ela.
Subimos as escadas. Um pouco à frente, virando à esquerda, estavam os meus aposentos. Fiquei surpresa: era tudo tão lindo!
— Uau! — exclamei, abraçando Seraphina.
Ela retribuiu e disse:
— Descanse, Ly. Mais tarde iremos jantar.
Logo depois, ela saiu. Corri para o banheiro e, ao chegar, dei de cara com uma banheira gigante! Enchi-a, acendi algumas velas e fui tomar meu banho.
Enquanto isso, Seraphina reuniu o restante do g***o:
— Gente, tenho um comunicado importante.
— Vish... lá vem — disse Flora, revirando os olhos.
— Por onde andou, ‘seh’? — perguntou Aleck.
— Deixa ela falar logo! — disse Seraphin, irritado, com fome.
— Então... enquanto fui comprar suprimentos, encontrei uma moça que precisava de ajuda. O nome dela é Lyra, ela é humana. Quero que todos a tratem bem. Estamos entendidos?
— Mas, ‘seh’, e se ela for uma inimiga? — perguntou Aleck.
Flora e Seraphin concordaram com ele, e isso gerou uma discussão. Até que Seraphina gritou:
— CHEGA! Ela não é uma inimiga, e vocês não precisam se preocupar! Ela é minha responsabilidade. E deixo bem claro: quem a tratar m*l vai se ver comigo!!!
Todos se calaram, assustados com sua firmeza.
Alguns minutos depois, saí do banho. Vesti meu roupão e, ao abrir a porta, vi um lindo vestido azul-esverdeado sobre a cama. Sentei ao lado e disse:
— Que lindo! Mas... quem deixou isso aqui?
Fiquei com dúvidas, mas vesti o vestido, arrumei o cabelo e desci. Ao chegar no andar de baixo, vi a mesa cheia.
Seraphina me viu e disse:
— Lyra! Venha, sente-se ao meu lado!
Quando seu irmão se virou e me viu, arregalou os olhos:
— Lyra! Você está deslumbrante!
Sorri e continuei andando. Ao sentar, percebi que a mulher ao lado de Seraphin não havia gostado muito.
Seraphina apresentou:
— Essa é a Lyra, gente! Lyra, esse é o Aleck!
Aleck sorriu:
— Oi, Lyra! Tudo bem? Espero que possamos ser amigos!
Ele estendeu a mão, e eu o cumprimentei.
Seraphina então disse:
— Meu irmão, não vai apresentar sua colega?
Irritado, Seraphin respondeu:
— Ela que se apresente sozinha.
A mulher se levantou, estendeu a mão e, com um sorriso f*****o, disse:
— Prazer! Sou Flora.
Sorri e apertei sua mão.
Seraphin então berrou:
— Já podemos comer???
Todos riram, e Seraphina deu o sinal para que os empregados nos servissem.
Depois do jantar, me levantei e disse:
— Peço licença para me retirar. Vou me recolher. Boa noite a todos!
— Boa noite! — responderam Seraphina, Seraphin e Flora.
Aleck bocejou:
— Também vou me recolher. Estou bem cansado.
Subi as escadas, mas, quando percebi, ele já estava do meu lado.
— Como chegou tão rápido??? — perguntei, assustada.
— Mil perdões! — respondeu rindo.
Comecei a rir junto. Depois fui para o quarto, me arrumei para dormir e apaguei.
Horas depois, acordei com um barulhão. Pulei da cama e não consegui mais dormir. Então acendi uma vela e resolvi explorar a moradia — afinal, haviam esquecido de me mostrar onde ficavam as coisas.
Logo à frente dos meus aposentos, havia uma porta muito grande...