O destino é superestimado

Capítulo 7

PONTO DE VISTA DE LOLA

Hoje é o dia em que vou receber um treinamento de guerreira de verdade e ter tempo para lutar com o Jason. Estou animada, mas também nervosa. Não é tanto porque ele vai perceber que eu não sou fraca, eu sei que ele vai guardar meu segredo, mas sim porque já os vi treinando e às vezes o contato físico pode ser bem íntimo. Seria diferente se fosse um inimigo ou pelo menos alguém que não gosto, pois não me importaria em machucá-los então, e não seria estranho no combate estar tão próximo, mas ele é o Jason, meu melhor amigo. Sem mencionar o fato de que nunca estive fisicamente próxima de um cara além de um abraço rápido ou um beijo no rosto de aniversário. Talvez isso tenha sido uma má ideia e talvez ainda consiga evitar isso quando o vir na sala de aula.

Falando na aula, eu estou atrasada! São 25 minutos a pé para a escola, e quase sempre eu, a Nadia e o Jason vamos juntos, a menos que eles tenham outros compromissos, às vezes. Ao chegar no nosso ponto de encontro habitual, hoje não vejo a Nadia nem o Jason, então imagino que eles já tenham saído porque eu estava atrasada ou tinham alguma outra coisa para fazer.

Então, eu coloco meus airpods e começo a caminhar para a escola. Coloco minhas músicas favoritas e me perco na minha música. De repente, sinto um empurrão forte por trás, me fazendo tropeçar e cair no chão de cara, com força! No momento em que meu rosto bate no chão, em algumas pedras e cascalho, sinto uma dor intensa e já sei que não vai ficar bonito. Retiro meus airpods e lentamente me forço a levantar. Sinto um pouco de sangue escorrendo no meu rosto, mas não tenho certeza de onde está vindo exatamente.

Ainda tentando recuperar o fôlego e me equilibrar para levantar, sou derrubada novamente. Felizmente, desta vez minhas mãos ainda estavam no chão para evitar que meu rosto se machucasse de novo.

— Que p***a é essa!? — Grito, sem nem saber quem estava me derrubando. Me viro de costas, apoiada nos cotovelos, para encarar Ashton na minha frente. Ele deve ser o responsável por me empurrar. Atrás dele está todo o seu bando, Melissa sorrindo como uma louca diante da cena e se apoiando em Chris — Que p***a Ashton!?!?

— Ops, desculpe, você parecia precisar de um empurrão na direção certa — Ouço Chris rindo e minha raiva está aumentando rapidamente.

— Que diabos eu fiz para você além de existir?

— Cuide da sua boca, v***a, nunca esqueça o seu lugar nessa matilha, que é abaixo dos nossos pés, no cascalho onde você está agora. Você precisa aprender uma lição sobre como controlar essa boca. Você deveria estar me agradecendo de joelhos que essa é a única punição que vou te dar.

Que diabos eles têm contra mim? Eu nunca fiz nada de errado com nenhum deles.

— Punição por que, exatamente? Por favor, me ilumine.

Ao sentir um soco acertar meu rosto, batendo minha cabeça com força no chão, ouço ele dizer:

— Não preciso te dizer nada, sua v***a! Mais uma palavra e será a sua última.

Olho um pouco para cima e vejo Chris sorrindo, se divertindo ao me ver ensanguentada e espancada no chão. Sem mencionar todos os outros que estão rindo e incentivando Ashton a me bater mais, ele aproveita e acerta mais alguns golpes na minha têmpora, me fazendo sentir tonturas e quase desmaiar.

“Oh deusa, como eu queria ser mais forte e pudesse acabar com esses idiotas...”

Eu sabia o que ele estava tentando fazer e, ao perceber minha visão começar a escurecer, sei que ele conseguiu e começo a desmaiar.

Acordo lentamente com uma sensação contínua de vibração no meu bolso, que deve ser meu celular, mas não tenho energia suficiente no momento para alcançá-lo. Ainda me sentindo tonta, fraca e, acima de tudo, com dor em todo o meu rosto, tento me levantar apoiada nos cotovelos. A luz do sol realmente não está ajudando com a dor de cabeça insuportável que estou sentindo.

Que irônico, porém, pensei que este ano poderia ser melhor. Eles nunca me espancaram tão severamente e isso me faz questionar por que eles estão levando isso para outro nível agora. Levo alguns minutos para me ajustar a uma posição sentada, e percebo que o sol já está alto no ar.

Quanto tempo estive deitada aqui inconsciente? Eu poderia ter morrido se um rogue me encontrasse agora, inconsciente e a presa mais fácil de matar. Verifico meu relógio e vejo que já são onze e meia da manhã, o que significa que estou deitada aqui há mais de 3 horas agora! Preciso levantar e começar a fazer meu caminho de volta para casa antes que um rogue me encontre ou que os idiotas voltem para uma nova rodada.

Lentamente, me levanto e começo a me arrastar de volta para casa. Meu celular toca novamente e desta vez eu tiro um tempo para olhar para ele. Tenho toneladas de mensagens da Nadia e do Jason perguntando onde estou e se estou bem, junto com algumas chamadas. Para evitar que venham me procurar no intervalo, decido responder:

Eu: Estou bem pessoal, desculpa, não estava me sentindo bem durante um tempo, mas estou bem agora.

O que, tecnicamente, não é uma mentira. Eu sou muito r**m em mentir e a Nadia e o Jason sabem disso. Se eles me pressionarem mais, o que tenho certeza de que vão fazer, provavelmente vou apenas ignorar suas perguntas para não ter que mentir. Eles vão ver meu rosto amanhã de qualquer maneira e provavelmente vou contar tudo, mas, por enquanto, eu não quero que se preocupem e apenas foquem nas aulas.

Não é como se pudessem fazer algo contra o herdeiro do Alfa de qualquer maneira. Eu me pergunto se devo contar ao Alfa sobre isso, mas, por outro lado, tenho certeza de que da próxima vez que eles colocarem as mãos em mim, e eles farão, vão me fazer desaparecer para sempre, sem deixar rastros. Seria melhor manter a boca fechada e esperar o momento de fugir.

Ter meu lobo daqui a algumas semanas, pelo menos, também ajudaria no meu processo de cura se me machucarem de novo. Já sinto pena do lobo que ficará preso com alguém como eu, suspiro.

Justo quando consegui um pouco de distância do lugar onde fui espancada, voltando para casa, ouço grunhidos ao longe, atrás de mim. Procurando a árvore mais próxima para me esconder, vejo um lobo saindo da floresta e caminhando até o local onde eu acabara de deitar e sujar o chão com o meu sangue.

“Nossa! Espero que esse lobo não consiga sentir o cheiro do meu corpo ensanguentado aqui!”