Calton segurava o filho no colo. O menino tinha nascido de sete meses, pesando seis quilos, mas todos os exames eram normais. Para todos os efeitos, era apenas uma criança grande demais — e nada mais.
Era isso que diziam a quem perguntava, um bebe Gig não era tão incomum.
O menino se chamava Hércules. Aliah havia escolhido o nome — chamou o bebê de Hércules assim que ele foi colocado em seus braços, e ficou sendo Hércules, até mesmo porque Aliah quase não falava, mas cantava para o irmão de coração com uma devoção enorme.
Agora estavam em um consultório, Calton pagava pela vacinação do menino, porque como pai fazia questão de pagar pela vacinação, já que Salomão e Callebe não cobravam pelos serviços prestados não importasse de insistissem.
Agora ele já dirigia, e podiam sair sozinhos.
O bebê, enorme para a idade, estava inquieto. Chupava os dedos, choramingava, o rostinho vermelho, queria se alimentar, Olena oferecia formula e a mamadeira, mas ele logicamente não gostava da mamadeira, mas Calton conseguia oferecer longe de Olena pra que ela pudesse descansar..
__ Deixei a cardeneta no carro.
__ Eu busco, você fica sentada para descansar, quer que eu levo ele?
— Não, vou amamentar, porque ele logo vai usar a boa garganta que tem..
Calton saiu e ela acalmou o filho.
___ Vai passar logo, meu amor — murmurou ela..
O médico entrou, sorrindo..
— Que belo menino. — disse, aproximando-se. — É forte. Vai dar trabalho quando crescer.
Ela ficou, sem jeito.
Enquanto falava, puxou a bandeja com a seringa, Calton e Albucacys tinha conferido a vacina e farmaceutica.. então já eram esperados..
— Vamos aplicar aqui mesmo, tudo bem?
— Tudo bem — respondeu Olena.
Ela abriu o body do bebê e deixou o bracinho dele livre. O médico se inclinou, limpou o local da aplicação e fez a injeção. Hércules reclamou, mas chorou mesmo, era porque queria se alimentat
— Pronto, pronto… já passou — disse ele, mas manteve a mão sobre o braço do bebê por mais tempo do que o necessário.
Olena observou, tensa. O olhar do médico demorava demais,mas ajeitou o bebê no colo. O pequeno buscava o se.io, faminto e choroso. Quando ela soltou o fecho do vestido e começou a amamentar, o médico se aproximou outra vez.
Então o médico deu um passo a mais. Estava perto demais. Olena sentiu o calor do corpo dele por trás. A mão dele desceu do ombro até o braço, e, antes que ela pudesse reagir, deslizou lentamente até tocar o seio dela, por cima do bebê.
Olena congelou. O coração parou por um segundo.
— Tire a mão de mim, agora — a voz saiu trêmula.
— É normal — murmurou ele, fingindo ajustar a posição do bebê. — Só estou verificando se ele está sugando corretamente.
Hércules parou de mamar, sentindo o corpo da mãe endurecer. O tempo pareceu parar.
Olena afastou o bebê rapidamente e se levantou num impulso.
— Já chega! — disse..
O médico apenas recuou meio passo, fingindo calma.
— Não entenda m.al, foi apenas uma avaliação…
Mas Olena cobriu o s$io pressas, o rosto em chamas. O bebê chorava alto de novo, e ela m.al conseguia respirar.
Saiu da sala sem olhar para trás, o som dos próprios passos ecoando no corredor.
Lá fora, encontrou Calton voltando com a caderneta.
— Olena, o que houve? — perguntou, preocupado, vendo o rosto dela pálido e o peito subindo e descendo.
— Não estou me sentindo bem… podemos ir pra casa? — respondeu, segurando Hércules contra o corpo como se o protegendo do mundo.
— Podemos. — Calton abriu a porta do carro e a ajudou a entrar. — Quer ir ao hospital?
— Não… só preciso descansar. Deve ser o calor.
Ela olhou pela janela enquanto o carro se afastava, o coração disparado. Tentava controlar a respiração, mas a lembrança da mão dele ainda queimava na pele. Calton, sem saber de nada, apenas apertou o volante com força, algo estava errado — e Olena escondia o motivo.
Foram para a fazenda, para o Parque Serrano. Calton ainda olhou para ela pelo retrovisor.
— Olena está me escondendo algo?
— Só não me senti bem… — respondeu ela, desviando o olhar.
Mas Olena sabia que teria que contar para ele, só precisava que Albucacys estivesse na fazenda para isso. Calton ficaria uma fera, e ela tremia só de pensar — mas também estava nervosa pelo toque tremendo, porque o único homem que tinha tocado nela era Calton.
Por sorte, quando chegaram, Albucacys descia do carro também.
Olena desceu e entregou o filho para o tio Pavlo.
— Está tudo bem? — perguntou ele.
— Está. Pode levar ele pra dentro. Preciso conversar uma coisa com Calton, e acho que ele vai sair do controle.
Pavlo levou o menino, e Olena se encostou no carro, respirando fundo.