Vacinação

815 Words
Calton segurava o filho no colo. O menino tinha nascido de sete meses, pesando seis quilos, mas todos os exames eram normais. Para todos os efeitos, era apenas uma criança grande demais — e nada mais. Era isso que diziam a quem perguntava, um bebe Gig não era tão incomum. O menino se chamava Hércules. Aliah havia escolhido o nome — chamou o bebê de Hércules assim que ele foi colocado em seus braços, e ficou sendo Hércules, até mesmo porque Aliah quase não falava, mas cantava para o irmão de coração com uma devoção enorme. Agora estavam em um consultório, Calton pagava pela vacinação do menino, porque como pai fazia questão de pagar pela vacinação, já que Salomão e Callebe não cobravam pelos serviços prestados não importasse de insistissem. Agora ele já dirigia, e podiam sair sozinhos. O bebê, enorme para a idade, estava inquieto. Chupava os dedos, choramingava, o rostinho vermelho, queria se alimentar, Olena oferecia formula e a mamadeira, mas ele logicamente não gostava da mamadeira, mas Calton conseguia oferecer longe de Olena pra que ela pudesse descansar.. __ Deixei a cardeneta no carro. __ Eu busco, você fica sentada para descansar, quer que eu levo ele? — Não, vou amamentar, porque ele logo vai usar a boa garganta que tem.. Calton saiu e ela acalmou o filho. ___ Vai passar logo, meu amor — murmurou ela.. O médico entrou, sorrindo.. — Que belo menino. — disse, aproximando-se. — É forte. Vai dar trabalho quando crescer. Ela ficou, sem jeito. Enquanto falava, puxou a bandeja com a seringa, Calton e Albucacys tinha conferido a vacina e farmaceutica.. então já eram esperados.. — Vamos aplicar aqui mesmo, tudo bem? — Tudo bem — respondeu Olena. Ela abriu o body do bebê e deixou o bracinho dele livre. O médico se inclinou, limpou o local da aplicação e fez a injeção. Hércules reclamou, mas chorou mesmo, era porque queria se alimentat — Pronto, pronto… já passou — disse ele, mas manteve a mão sobre o braço do bebê por mais tempo do que o necessário. Olena observou, tensa. O olhar do médico demorava demais,mas ajeitou o bebê no colo. O pequeno buscava o se.io, faminto e choroso. Quando ela soltou o fecho do vestido e começou a amamentar, o médico se aproximou outra vez. Então o médico deu um passo a mais. Estava perto demais. Olena sentiu o calor do corpo dele por trás. A mão dele desceu do ombro até o braço, e, antes que ela pudesse reagir, deslizou lentamente até tocar o seio dela, por cima do bebê. Olena congelou. O coração parou por um segundo. — Tire a mão de mim, agora — a voz saiu trêmula. — É normal — murmurou ele, fingindo ajustar a posição do bebê. — Só estou verificando se ele está sugando corretamente. Hércules parou de mamar, sentindo o corpo da mãe endurecer. O tempo pareceu parar. Olena afastou o bebê rapidamente e se levantou num impulso. — Já chega! — disse.. O médico apenas recuou meio passo, fingindo calma. — Não entenda m.al, foi apenas uma avaliação… Mas Olena cobriu o s$io pressas, o rosto em chamas. O bebê chorava alto de novo, e ela m.al conseguia respirar. Saiu da sala sem olhar para trás, o som dos próprios passos ecoando no corredor. Lá fora, encontrou Calton voltando com a caderneta. — Olena, o que houve? — perguntou, preocupado, vendo o rosto dela pálido e o peito subindo e descendo. — Não estou me sentindo bem… podemos ir pra casa? — respondeu, segurando Hércules contra o corpo como se o protegendo do mundo. — Podemos. — Calton abriu a porta do carro e a ajudou a entrar. — Quer ir ao hospital? — Não… só preciso descansar. Deve ser o calor. Ela olhou pela janela enquanto o carro se afastava, o coração disparado. Tentava controlar a respiração, mas a lembrança da mão dele ainda queimava na pele. Calton, sem saber de nada, apenas apertou o volante com força, algo estava errado — e Olena escondia o motivo. Foram para a fazenda, para o Parque Serrano. Calton ainda olhou para ela pelo retrovisor. — Olena está me escondendo algo? — Só não me senti bem… — respondeu ela, desviando o olhar. Mas Olena sabia que teria que contar para ele, só precisava que Albucacys estivesse na fazenda para isso. Calton ficaria uma fera, e ela tremia só de pensar — mas também estava nervosa pelo toque tremendo, porque o único homem que tinha tocado nela era Calton. Por sorte, quando chegaram, Albucacys descia do carro também. Olena desceu e entregou o filho para o tio Pavlo. — Está tudo bem? — perguntou ele. — Está. Pode levar ele pra dentro. Preciso conversar uma coisa com Calton, e acho que ele vai sair do controle. Pavlo levou o menino, e Olena se encostou no carro, respirando fundo.
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