Capítulo 2 - Alexandra

1809 Words
Um ano atrás. Acordei cedo para poder passar na biblioteca da faculdade, precisava de uns livros para poder começar a residência em medicina pediátrica que sempre foi meu sonho, só precisava de mais 2 anos e seria pediatra. Tomei um banho rápido, fiz o que precisava no banheiro e sai, peguei uma roupa que já deixava pronta a noite para não me atrasar. Depois de pronta desci, eu morava muito longe do campus, era o lugar que eu podia pagar sendo garçonete a noite, entretanto não podia reclamar, mesmo na dureza tinha uma amiga bem louquinha e maravilhosa, que vinha todo dia me pegar em casa. A Julia é a melhor coisa que me aconteceu, sempre que pode me ajuda,mas não deixo ela fazer isso, preciso andar com minhas próprias pernas. Hoje tem uma palestra sobre direito e saúde e estou louca para assistir, todos os que têm referência da matéria foram liberados para ir, disseram que é um figurão que vai realizar. Desci do carro correndo, tinha que dar tempo. – Ei, Alê não se atrasa - gritou Júlia. – Guarda um lugar pra mim. – Ta bom, mas se apressa. Acho que foi o dia que mais corri naquele mês, consegui pegar os livros e fui pro auditoria, julia me esperava, andei até a fileira e assim que sentei ele entrou. Um homem alto, imponente, de olhar firme e penetrante. – Ele é casado - Julia falou. – Oi…, não entendi. - gaguejei. – Você está babando por ele, mas ele já é casado, e ama cegamente ela, por isso tira o cavalo da chuva. - disse e parecia ser sério. – Como você sabe de tudo isso? E outra, eu não estou afim dele não, só o achei bonito, o que não quer dizer que quero dar pra ele. - falei. – Ele sai em muitas revistas, todo mundo sabe quem é Alex Costa Muller. E você babou um pouquinho sim. - falou sorrindo. – Você é doida e sincera demais para o meu gosto. - falei. A palestra foi ótima, valeu cada informação que recebi, iria ajudar muito mais a frente, para me defender de possíveis assédios. Depois de sair do auditório liguei meu celular novamente e pude ver inúmeras ligações no decorrer de 1 hora de palestra, todas eram de casa. Já fiquei aflita e retornei a ligação. LIGAÇÃO ON – Alo! – Alexandra filha? – Sim papai sou eu, o que ouve, porque de tantas ligações? - perguntei. – Minha filha preciso que volte pra casa, estamos com um problema e só você é capaz de resolver. - disse aflito. – Me explica melhor o que está acontecendo. - disse. – Prenderam seu irmão, minha filha, você tem que voltar só você que vai entender o que está realmente acontecendo. – Está bem papai, vou ver o que vou fazer aqui e em 2 ou 3 dias estarei ai. - falei e desliguei. LIGAÇÃO OFF Prender o beto? Ele era um trabalhador, mesmo quando teve chance nunca se envolveu com o errado, porque ia ser preso logo agora que tinha registrado a carteira. Fui até a administração e conversei com a secretaria, pedi uma semana de dispensa, sempre tive boas notas, expliquei a situação e ela me deu duas semanas, seria o suficiente, pelo menos eu achava. Conversei também com o gerente do bar, e ele me liberou uns dias, agora era só ir até meu minúsculo apartamento, arrumar umas roupas, deixar o dinheiro com Júlia para eventuais despesas e algum pagamento, e depois pegar um ônibus. Pois é, não podia bancar um avião, quando se tem que se sustentar, tudo parece muito caro. Chamei Julia no apê para poder explicar melhor a situação, ela ouviu prontamente e concordou em cuidar do meu micro apê até eu voltar. Então fui arrumar uma mala pequena para levar, então tudo o que era essencial eu peguei. Consegui uma passagem para o dia seguinte, quer dizer na noite seguinte, era só esperar chegar, falei com meu pai novamente avisando que já tinha comprado a passagem e querendo saber mais detalhes, entretanto ele não quis me dizer alegando não saber se explicar, por isso resolvi não perguntar mais, quando chegasse resolveria. Na noite seguinte já estava no terminal rodoviário só esperando o embarque. — Liga para mim dando notícias, entendeu? - Júlia me intimou. — Ligo sim, todos os dias cuida do meu apê - falei abraçando. — Daquele cubículo? É tão pequeno que nem precisa cuidar. - falou rindo . — Até logo amiga. - falei e sorri, depois entrei no ônibus. Entrei procurando minha poltrona sempre comprava mais atrás, era um lugar que ninguém gostava, por isso eu sempre tinha mais espaço mas não tive sorte o ônibus estava cheio e teria inclusive que dividir a poltrona dupla, entretanto não me importava muito, em ônibus era normal. Quando cheguei na poltrona correta já tinha um homem sentado do lado do corredor. — Olá, Será que o senhor poderia liberar minha passagem? - perguntei. — Sim, só um minuto, minha mochila não quer entrar aqui. - disse empurrando para debaixo da poltrona. — Desculpe me meter, mas se você colocar aqui em cima vai caber direitinho. - falei e olhei para cima. Nesse momento ele levantou a cabeça e eu pude ver seu olhar, seu rosto imponente, era ele. O mesmo homem da palestra, Alex Costa Muller. — Obrigada você se meteu no momento certo, foi De grande valia sua ajuda, agora pode passar. - falou quando se levantou com a maleta para colocar lá em cima. Ele era visivelmente mais alto que eu, era grande e seu perfume ficou em meu nariz, era uma mistura de amadeirado e frutas cítricas mostrava a que veio. Passei por ele sentando na cadeira e colocando minha mochila pequena no chão, eu não conseguia parar de olhar para ele, sei que era feio porque a aliança dele brilhava a quilômetros por ser tão grande e visível, mas o que dava para fazer, era tentar disfarçar, então resolvi usar meu celular talvez eu conseguisse me distrair. — Seu celular não vai fazer você parar de me desejar. - disparou assim do nada. — O que? O que te faz pensar que desejo você? - rebate. — Você praticamente já tirei minhas roupas só com olhar, entretanto devo avisá-la que sou casado e não é de minha índole trair a quem amo. - falou e segurou o meu olhar. — Só porque você é o grande Alex Costa não te dá o direito de sair por aí achando que quem olhar para você é porque quero estar na sua cama, Você se acha muita coisa. - disse virando meu rosto. — Você já me conhece, muito bem, isso só demonstra que eu realmente tem razão. - disse com sarcasmo. — Assistir uma palestra sua, por isso te conheço promotor. - falei. — Muito bem, então além de me querer o que é fato, também é culta. E só para você saber, antigamente eu nem te levaria para minha cama, te pegaria ali naquele banheiro. - disse sorrindo, levantou da cadeira e saiu me deixando completamente sem palavras. Tenho certeza que ele fez de propósito, uma brincadeira infeliz, mas que tinha me deixado molhada só de imaginar, eu sei que ele é casado, mas imaginar não é pecado, ou é? Ele saiu do banheiro e sentou novamente do meu lado, fiquei calada e me esforcei para não olhar para ele. Ele pegou uma garrafa da pasta que estava no chão. — Você quer um pouco? - ofereceu a mim, eu não respondi, continuei em silêncio olhando para janela. — Não vai mais falar comigo, foi só uma brincadeira. — Tenho certeza que sua mulher não ia gostar de ver essa brincadeira. E outra, você é rico porque está aqui? - falei irritada. — Nossa você é muito pavio curto, minha mulher não se importaria porque sabe que eu nunca a trairia, mesmo você sendo muito bonita, ela saberia que você não é o meu tipo e nunca seria, sem ofensas. E a outra resposta é que só tem voos amanhã à tarde e eu quero chegar em casa o mais rápido possível, sou rico mas conheço o lado mais humilde também. - explicou e sim foi ofensivo para mim. Sei que é normal achar pessoas que não me achariam seu tipo, mas o modo como ele falou foi muito taxativo, senti que era por causa da minha cor, talvez pelo whisky que ele estava bebendo Mas pareceu bem verdadeiro. — Olha vou te falar uma coisa, você também nunca seria meu tipo, e não é por nada racial não, como você fez parecer o meu, é porque não suporto tipos como você, homens prepotentes que se acham os donos do mundo só porque tem dinheiro e estudo. Para mim vocês são só cascas, quando tira tudo isso aí, fica o que realmente são de verdade, só mais um lixo que se esconde na aparência e no cantil de whisky. - cuspi as palavras, estava realmente irritada. — E só pra você saber, ali naquele banheiro como disse, você jamais iria esquecer a minha sentada, porque homens do seu tipo realmente só serve para uma noite. Me virei para janela e não olhei mais para ele, foi bem r**m para os dois, e eu vi que consegui atingi-lo. — Olha quero pedir desculpas a você, não quis me expressar assim, sei que preciso mudar em algumas coisas mas estou tentando. - falou e pareceu sincero e levemente embriagado. — Você não pode fazer isso com as pessoas, só porque tem poder, algumas podem ficar bem atendidas e magoadas. - falei. — Assim como você ficou né, mas eu falei sério, eu ficaria com você, mesmo indo contra o quê meu pai sempre me falou. Você é inteligente e bem direta. - disse rindo e virando o cantinho para mais um gole . — Eu sei que posso ser bem bem irritante às vezes, é melhor ficarmos em silêncio o restante da viagem, assim não corremos o risco de brigarmos - disse. E foi assim que passamos o restante da viagem, não nos falamos mais e nem nos olhamos até o ônibus parar, quase 7 horas de viagem depois. Eu fiquei pensando que ele ama muito essa mulher, porque esse tempo todo dentro do ônibus só para chegar mais cedo em casa era loucura. Entretanto se o amor é cego, deve ser louco também. — Ei desconhecida desaforada, não vai me dizer seu nome? - perguntou quando já estávamos fora do ônibus. — Não, tenho certeza que pelo tanto de álcool que você tem no organismo não vai lembrar. - falei e saí. — Tenho certeza que vou te ver de novo. - gritou. — Eu duvido disso. - gritei de volta e sorri.
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