Ana Narrando...
Mas uma vez juntando todos os caquinhos que ainda restam de mim. Eu não imaginei que fosse tão difícil assim lidar com a rejeição dos meus pais, sinceramente, é difícil aceitar que você não é amada por quem deveria cuidar e amar você, isso dói muito, mas eu procuro não demonstrar, estudo, corro atrás do meu todos os dias, em busca de lutar pelos meus sonhos, e um dia conseguir algo na vida.
Hoje eu acordei cedo e vim pra faculdade, eu sempre faço de manhã, tive essa opção de escolha, e só estudo mesmo porque consegui uma bolsa pelo governo, se não, eu jamais conseguiria, porque não tenho dinheiro pra pagar.
Luana — Ana Flávia, onde você pensa que vai sem mim... __ minha amiga me tira do transe e eu direciono meu olhar a ela
— Desculpa meu bem, eu estava distraída __ digo sorrindo e ela engancha em mim
Luana — Vamos lá em casa? pelo menos você almoça com agente amiga__ diz sugestiva quando saímos da faculdade
— Hoje não amiga, eu preciso arrumar toda a casa quando chegar, deve tá uma bagunça __ digo me lembrando a sujeira que eles deixam pra eu limpar toda vez que eu chego
Luana — Desculpa amiga, são seus pais sim, mas são uns folgados que não merecem ter você como filha, você faz de tudo por eles e mesmo assim, não adianta nada... __ fala com tédio e eu concordo
— Fazer o que amiga, eu não tive sorte em nenhuma área da minha vida __ digo pensativa
Luana — Você sabe que se quiser morar com agente, comigo e minha mãe, você sabe que pode né ... __ diz e eu concordo mais uma vez
— Sim amiga, eu sei disso, mas mesmo assim não quero incomodar, quem sabe até o final do ano agente não consiga um estágio em alguma empresa, aí eu posso alugar uma kitnet, alguma coisa que vai me livrar da casa dos meus pais.. __ digo e ela da de ombros. Eu sei que ela quer me ajudar, só que morar na casa dos outros, é bom até a página dois, eu sei que a tia Helena gosta de mim da mesma forma que eu gosto dela, mas pra mim morar junto não dá, ainda mais com aquele pai dela que também pra mim é duvidoso, toda vez que eu vou lá, ele me olha com desejo, tive que me esquivar dele várias vezes, e até evitar ir na casa da Luana por isso..
Seguimos o caminho todo conversando, mesmo o pai dela mandando motorista pra buscar, ela prefere ir a pé comigo. Luana é uma das poucas amigas que eu tenho, na verdade a única. Depois de chegarmos em casa, ela segue pra casa dela, e eu entro na minha.
Está um silêncio total aqui, com certeza eles saíram, só que eu estranho porque a casa está totalmente limpa, diferente de todas as vezes que eles fazem uma zona pra eu limpar. Dou de ombros e jogo a minha mochila na minha cama, e sigo na cozinha ver se tinha alguma coisa pra comer, vai que com essa bondade toda, eles lembraram de deixar almoço pra mim. A cozinha está um brinco de tão limpa, mas não tem nenhuma panela no fogão, o que eu acho muito estranho, olho o lixo duas marmitas vazias jogadas ali, é claro que eles não iriam se lembrar de mim, tola fui eu de achar que isso poderia acontecer.
Estou cheia de fome, mas eu olho dentro dos armários da cozinha, não tem nada pra fazer, está totalmente limpo. A curiosidade bateu em mim, e eu segui no quarto deles, a cama está intacta, e eu abro os guardas roupas, não tem mais nada deles aqui. Abro minha boca surpresa, eles foram embora e me largaram aqui, sinto um nó na minha garganta. E sento com tudo na cama.
— Eu não acredito que eles tiveram coragem de me abandonar aqui... não Ana Flávia, só pode ser um sonho r**m __ sussurro pra mim mesma, sentindo as lágrimas molhando meu rosto.
Não sei exatamente por quanto tempo eu fiquei ali, chorando, perguntando o porque deles terem feito isso, eu não tenho nenhum meio de me manter agora, mesmo com pouco, eles ainda me deixavam comer, pelo menos almoço e janta, eu tô muito fudida.
Como se fosse pouco, eu ouvi a porta se abrindo, e sai correndo na esperança de ser eles, mas tomei um susto grande quando dois homens, entraram ali, e eu temi o pior.
— O que vocês estão fazendo aqui, essa é a minha casa... __ digo temerosa, sentindo meu peito acelerado
Xx — Calma princesa, agente não vai te machucar, e nem fazer nada que você não queira, mas eu lamento informar que essa casa agora é nossa, os antigos proprietários tinha avisado que você tinha saído, mas se não saiu, lhe convido a sair agora.. __ diz me analisando de cima a baixo — A não ser que você queira ser nossa empregada, mas com direitos a mais, se é que você me entende...
— NÃOOO, essa casa é minha, vocês não tem o direito de me tirar daqui __ um deles bufa estressado, e me mostra um papel, alegando que a casa é realmente deles, foi passada no nome deles a pouco tempo — Eu não acredito nisso... __ digo desacreditada, sentindo minha cabeça doer
Xx — Pois é, espero que você saia o quanto antes, se não quiser que a polícia venha pra te tirar daqui... __ diz autoritário e eu somente concordo, sentindo minha cabeça dando voltas e voltas, corro pro meu quarto, pego a minha mochila, enfio algumas peças de roupa que eu tinha, e saio dali sem olhar pra trás...
Já tá escurecendo, e o medo toma conta de mim, não acredito que estou na rua, por isso que tava tudo muito estranho quando cheguei, tudo muito limpo, eles já tinham planejado fazer isso, e eu otária, achando que eles poderiam estar mudando, mas claro que pessoas como eles, não mudam.
Ando sem rumo, com medo de ser violentada, porque assaltada nem seria possível, já que eu não tenho nada de valor, meu peito tá doendo, até falta de ar eu estou, sem brincadeira, o que eu vou fazer da minha vida agora. Ando mais umas meia hora, e acabo parando em frente a uma boate, mordo meus lábios pensando, vejo várias meninas entrando e saindo, algumas falando sobre uma vaga de garçonete, só pra servir os caras, desde que eu não precise vender meu corpo, eu aceito tudo. Resolvo tomar coragem e entrar naquela boate, mas antes mesmo de eu conseguir, sou barrada por dois seguranças.
Segurança — O que tá pensando que vai fazer aqui__ diz com a sua voz grossa, me fazendo estremecer por dentro
— Eu.. eu.. queria saber mais sobre o emprego de garçonete... __ sai de uma vez e ele aperta os olhos me encarando
Segurança — Espera ali no canto que eu vou chamar a gerente __ confirmo com a cabeça mordendo os lábios e dando as costas pro mesmo.
Cerca de uns 15 minutos depois, ela aparece ali.
Dama — O que foi.. __ pergunta pra um dos seguranças que aponta pra mim, e ela vem na minha direção, que mulher linda putä que pario — Fala menina, tá caçando o que por cá?
— Eu ouvi uma das meninas falando de vaga pra garçonete, preciso muito de emprego, por favor me dá essa chance...__ digo e acabo agarrando as mãos dela e os seguranças vem e ela para eles com a mão
Dama — Calma garota, eu vou te levar lá pra dentro, e tu me conta o que tá rolando... __ fala e eu concordo
Sigo com ela pra dentro da boate, um local de pouca luz, várias meninas dançando naquele pole dance, arregalo meus olhos surpresa ao ver aqueles homens passando a mão nelas, colocando dinheiro na calcinha, e algumas delas batendo com a b***a na cara dos homens.
Dama — Não olha muito se não quiser virar presa fácil... __ diz apontando pra mim subir em uma escada e eu desvio meu olhar, e subo as escadas, ela vem logo atrás, me direcionando pra uma sala, que parece mais um camarim — Pode sentar e me fala o que tá pegando, porque só de olhar pra você já sei que aqui não é o teu lugar...
CONTÍNUA...