Ana Narrando...
Eu olho pra moça que está parada em minha frente, penso em mil coisas pra dizer pra ela, mas a vergonha de contar o que eu vivo com meus pais me travam, eu abro a boca várias e várias vezes pra dizer e nada saí.
Dama — Fala minha filha, tu tá enrolando enrolando e não sai do lugar... __ diz jogando o cabelão pra trás — Vamos lá, eu vou te ajudar a desenrolar... você é muito linda, mas não acho que esteja aqui pra se tornar uma dançaria, ou fazer programa, estou errada?
— Não __ n**o com a cabeça, sentindo o meu rosto esquentar — Na verdade eu parei em frente, aí eu ouvi uma das meninas falando sobre vaga de garçonete, e eu quero muito, eu não tenho outra forma de sobreviver... __ digo sentindo vergonha da minha situação
Dama — Olha, se você quer trabalhar, eu não vou impedir você, mas irei te alertar, assim como faço com todas as minhas meninas... __ diz e eu concordo — Você não deveria estar aqui, mas já que quer, você está ciente que terá homens tarados te rodeando? passando a mão em você, talvez a queiram como um objeto s****l, você sabe né ...
— Eu sei disso... mas seria somente pras meninas que dançam lá naquele palco não é __ digo apertando os dedos e ela concorda — Por favor, me dá a vaga de garçonete, eu não tenho pra onde ir, se eu não conseguir hoje, eu durmo na rua...
Dama — Uma menina tão linda e jovem como você, não tem pais?__ pergunta me encarando e eu n**o com a cabeça
— Eu tinha, mas eles me abandonaram, venderam a casa que eu morava, e simplesmente tive que sair sem rumo de lá, somente com essa bolsinha aqui__ coloco a bolsa no meu colo e ela olha — Eles nunca me amaram, eu não tenho nada, por favor me dá essa oportunidade...
Dama — Menina... isso aqui não é lugar pra você__ diz negando com a cabeça e mais uma vez eu seguro as mãos dela
— Por favor...__ imploro sentindo meus olhos molharem e ela me olha indecisa
Dama — Tudo bem vai, você começa hoje às meia noite, nenhuma menina fica aqui você sabe disso ne... __ diz e eu mordo meus lábios apreensiva, não acredito nisso, eu não quero dormi na rua... — Eu vou te ajudar, você mora comigo por um tempinho, eu tenho uma casa aqui atrás, até você se estabilizar, certo?
— Muito obrigada mesmo, como você se chama __ pergunto e ela se levanta, olhando pra si mesma no espelho
Dama — Pode me chamar de Dama, aqui tem um banheiro, vou deixar uma roupa apropriada pra você, depois que você tiver pronta, às meia noite em ponto você desce tá... __ concordo com a cabeça — eu vou trabalhar, te vejo lá em baixo, e mais uma vez, muito cuidado, só faz o seu trabalho pra nenhum cara cismar com você, se possível nem olhar prós cara, porque se eles verem você como uma das outras, eles vão querer consumir, e infelizmente nem tudo está sobre meu controle, o dono da boate vem hoje, e só aí eu vou falar sobre você tá... __ diz e eu assinto
— Muito obrigada mais uma vez, se não fosse você, eu nem sei o que seria de mim, prometo não te causar problemas __ digo e ela da um sorriso sem mostrar os dentes
Dama — Tudo bem, até depois, tem maquiagem ali pra passar, fica à vontade e pode usar tudo que tiver no banheiro__ diz saindo da sala e me deixando sozinha ali.
Fecho meus olhos sentindo um alívio, mesmo não sendo algo que eu quisesse, pelo menos não vou precisar dormi na rua, o que eu mais temia era isso. A Dama é um anjo na minha vida, eu jurava que ela iria me jogar daqui, ainda bem que ela me deu a oportunidade e ouviu tudo que eu tinha a dizer.
Sigo pro banheiro que tinha ali, várias coisas de mulher, que eu nunca tive, creme do bom, sabonete líquido de marca, só coisa top, tranco a porta e tiro a minha roupa. Entro debaixo daquela água gostosa, sentindo ela escorrendo pelo meu corpo, me trazendo uma sensação maravilhosa. Aproveito e lavo o meu cabelo. Depois de ter tomado banho, eu saio enrolada num roupão.
Pego a roupa que a Dama deixou pra mim, e que roupa curta, penso em desistir, mas n**o com a cabeça porque preciso desse trabalho provisório.
Tiro o roupão e coloco a calcinha. Em seguida, já coloco a roupa, seco meu cabelo com o secador, e nossa como eu estou incrível.
Liz — Dama... __ a porta é aberta com tudo e eu levo um susto, levando minha mão no peito — Me desculpa, não sabia que tinha gente aqui...
— Não, tranquilo, eu que tô invadindo o território dela mesmo__ digo tentando ser engraçada, e ela franze a sobrancelha me deixando sem graça — Esquece, eu só quis dizer que ela me permitiu estar aqui..
Liz — Ah entendi, então tá, precisa de ajuda ai? __diz apontando pras maquiagens e eu concordo
— Se você puder, eu agradeço muito, nunca lidei com isso __ digo sem graça
Liz — Normal, logo você se acostuma, senta aí que eu vou te maquiar, como você tem o rostinho perfeito, não vai ser difícil... __ diz e eu sorrio
Ela começou a me maquiar, pensa num negócio demorado, ela é muito paciência, porque se fosse eu, surtava, não tenho tanta paciência assim não, são muitos pincéis, muitas coisinhas. Enquanto ela me maquiava, agente conversava, e eu confesso que gostei muito dela, muito simpática.
Liz — Pronto, vê se você gostou __ diz virando a cadeira e eu olho no espelho, admirada com o milagre que ela fez no meu rosto
— Mulher, cadê a Ana Flávia, o que você fez com ela? eu amei essa maquiagem... __ digo impressionada e ela sorri
Liz — Fico feliz que gostou, mas como eu disse, seu rosto já é bem bonito, não foi difícil te deixar ainda mais linda... __ diz e eu sorrio agradecida
— muito obrigada de verdade...__ digo e ela assente — Já são quase meia noite né ...
Liz — Sim, faltam 5, quer descer juntas?__ concordo com a cabeça e saímos da sala, indo em direção a escada pra descer. A cada passo que eu dou, meu coração palpita mais forte, tomara que meu primeiro dia aqui seja tranquilo, não quero passar perrengue no primeiro dia...
CONTÍNUA...