Rui viajou na manhã seguinte, me deixando sozinha com Jared.
O dia estava chuvoso, tinha combinado com Jared de ir de moto para a faculdade, mas não rolou, tivemos de cancelar.
Termino de me arrumar e vou até a cozinha, pego uma maçã na fruteira e fico comendo enquanto espero Jared, que está atrasado. Ele entra correndo na cozinha com o cabelo molhado e sem camisa, com as botas na mão.
Olho aquela visão de homem na minha frente, “como ele é bonito nunca parei para reparar nele”, penso. Ele coloca as botas e levanta rápido.
— Estamos atrasados, eu sei.
Ele pega a chave do carro e sai me puxando para a garagem.
— Tirei um cochilo e perdi a hora — Ele passa as mãos pelo cabelo molhado.bagunçando ainda mais.
Olho os movimentos dele hipnotizada, “como ele fica lindo assim…”, quando ele me olha viro o rosto rapidamente.
As aulas passaram devagar. Sara não foi então fiquei sozinha, a sensação que eu tive é que as horas não passavam. Eu olhava pela janela e é Jared está olhando para cima, encostado no capo do carro com o cigarro na mão, Ficamos nos encarando por longos minutos, até que o professor chama minha atenção de volta à aula.
Quando olho novamente ele já sumiu, provavelmente estaria dentro do carro, já que ele não vai embora. Meu coração começou a disparar ao pensar no Jared, tenho me sentido ansiosa para estar com ele, e isso me assusta.
Depois de tudo que Tony fez, me fechei para a vida e agora isso. Fecho os olhos e respiro fundo, seja o que for que estivessese passando no meu coração, eu estava determinada a não deixar esse sentimento crescer.
Quando finalmente as aulas acabam, saio o mais rápido possível da sala de aula, viro rápido na porta e trombo com alguém.
— Oh! Me desculpe — Digo.
O homem a minha frente sorri. Ele é alto, com olhos claros e cabelos escuros acima dos ombros, segura meu braço para que eu não caia para trás.
— Eu que peço desculpas, estava distraído — Ele sorri, o sorriso dele é encantador, os dentes perfeitos e alinhados.
Acabo sorrindo também, coloco uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e fico sem graça, pela primeira vez em três anos me sinto jovem.
— Eu também estava distraída.
— Eu sou o Nick, e você? — Ele me estende a mão.
— Eve. — Pego a mão dele e aperto.
— Eu sou novo por aqui, sou da turma de engenharia, estou meio perdido. — Ele faz uma cara engraçada e mexe no cabelo, visualmente nervoso.
Sorrio novamente para ele. Pego o papel na mão dele.
— O prédio de engenharia fica no próximo corredor à esquerda. Aqui é biologia.
Aponto para a área de engenharia.
— Vou nessa. — Digo e começo a me afastar.
Ele segura meu braço e beija meu rosto.
— Obrigado.
Sorrio e vou embora. Às vezes me esqueço que sou jovem e posso flertar vez ou outra com um cara bonito, saio sorrindo do prédio. Tudo que eu quero é voltar a ter uma vida normal, se eu não tivesse um maníaco atrás de mim eu poderia conhecer aquele rapaz. Ele me levaria para jantar, teríamos um s**o casua,l que com tempo poderia virar amor, mas não posso. A qualquer momento Tony pode me pegar e acabar com a minha vida, com a desse rapaz também.
Quando entro no carro meu sorriso já se apagou e a revolta dentro de mim grita alto, sento no banco do carona, ao lado de Jared e nem consigo olhar para ele. Viro meu rosto para janela, ele também não pergunta nada, apenas liga o carro e sai. Melhor assim.
Pergunto-me o tempo todo o porquê do Tony ter feito o que fez comigo. Ele sempre fora carinhoso, educado, sempre me tratando como uma princesa, uma lembrança de nossos bons momentos me vem à cabeça.
Estamos deitados no sofá assistindo um filme, estou apoiada no peito de Tony e ele acaricia meus cabelos com carinho. Me emociono com uma cena e solto um soluço.
— Eve, amor, você é tão sensível. Quantas vezes já viu essa cena e sempre chora? — Ele puxa meu corpo mais para cima do seu.
— Muitas, não acredito que j**k morre, a Rose podia ter dividido o espaço com ele. — Ele ri.
— O filme não teria graça, Eve.
— Então por que a Rose não morre? — Faço um bico para ele.
— Por que não! Fico imaginando quando a gente se casar, você vai desidratar de tanto chorar. — Ele diz naturalmente, mas essas palavras fazem meu coração disparar.
Levanto minha cabeça e seguro o rosto dele entre as mãos.
— Isso foi um pedido de casamento, Anthony? — Pergunto com um sorriso radiante.
Lembro de pensar quanto amava Tony e meu maior sonho com certeza era casar com ele, construir uma vida ao seu lado, ter filhos...
— Você quer que seja? Então, Eve Marie Mayers, você aceita se casar comigo? Ser minha para sempre. — Meu coração parece querer saltar para fora do peito.
— Sim... Meu Deus.... Mil vezes sim. — Agarro o pescoço dele com força e aperto.
Ele beija meus lábios de um jeito intenso, voraz, como se fosse a última vez que nos beijaríamos. Em uma fração de segundos meu corpo está embaixo do dele, as mãos dele passeiam por todo meu corpo, ele me aperta e me puxa para si.
— Tony... — Estamos no sofá da minha casa a última coisa que eu queria é que alguém nos pegasse em um amasso quente.— Só relaxa, Eve.
Achei que perderia minha virgindade neste dia, mas fomos interrompidos pela chegada de Ben, que se jogou no nosso meio e acabou com clima.
Sinto as lágrimas desceram pelo meu rosto, não choro pelo Tony, choro por ter sido ingênua demais e acreditado nas mentiras dele, no falso conto de fadas que ele me fez viver.
Estou tão perdida dentro de mim que nem percebo que já chegamos em casa até sentir a mão do Jared no meu ombro.
— Chegamos. — Ele me olha meio assustado, deve ser medo que eu tenha outra crise — Você está bem? — Ele passa o dedo no meu rosto secando as lágrimas, balanço a cabeça em afirmativo e passo por ele indo para dentro de casa.
Ter conhecido aquele rapaz na faculdade mexeu comigo, trouxe a tona uma Eve que estava adormecida eu preciso resgatar essa pessoa, deixar ela sair e viver.
Revisão :@Noderah