Cariocas

1518 Words
Capítulo dois A passagem pela Avenida Brasil me fez mudar um pouco os meus conceitos. Aquela vista para o mar, cheios de barcos cargueiros, era muito surreal. Conforme nosso carro adentrava o Rio de Janeiro, cada vez mais eu percebia o porquê as pessoas eram tão cheias de si. Morar em um lugar desses deve levantar muito o ego de qualquer um. Pela janela eu via aquela imensidão de águas, com embarcações e o contraste com o sol. Era a coisa mais linda de se ver, por sinal. A cidade era realmente linda, o bairro era ótimo e as pessoas até que não eram feias, como eu havia imaginado. Posso até dizer que já estou me conformando em estar aqui. O que na minha opinião, era um enorme passo. Aquela cidade era o meu novo lar. Era onde eu passaria parte da minha vida, uma cidade que não era cinza e fria. Pelo contrário, era quente até demais. Assim que o carro foi adentrado aos bairros, eu fui notando as diferenças culturais de um estado para o outro. Era gritante a diferença. Quase como se estivéssemos em um outro país. O Brasil realmente tem dessas e é algo de se impressionar. O nosso novo lar era um apartamento enorme, já todo mobiliado e decorado de acordo com o gosto dos meus pais. O trabalho era somente de desfazer as malas e guardar as roupas. E depois de ter chego, desfeito as malas e arrumado tudo, meus pais insistiram que eu e o Alan fossemos dar uma volta para conhecermos a cidade: - Vão dar uma volta por aí - Ele disse, com um sorriso no rosto. - Eu até emprestaria o carro mas é uma cidade nova e eu não quero que aconteça nenhum imprevisto com vocês. - O senhor nunca empresta o carro, pai, isso é um fato. - Respondi, sorrindo. - Essa realmente não é a questão, Pietra. O dia está lindo e você precisa aproveita-lo. - Eu concordo! - Exclamou Alan - Soube que os cariocas são bem receptivos. Podemos até achar uma festinha por aí. - É esse o espírito. - Ok. - disse. O nosso novo apartamento era bem perto da praia então decidimos ir em copacabana. Mas eu não tinha ideia do que vestir para aquilo tipo de ocasião. - O que se usa em praia?! - perguntei, enquanto olhava quase todas às minhas roupas jogadas em cima da cama. - Short, biquini e chinelo - ele respondeu, em um tom sarcástico. - Olha a minha cara de quem usa chinelo! Eu só uso Vanz, Mad hadz... Essas coisas... Você sabe! Não me dou bem com coisas que deixam os pés de fora. - Então vai de Mad hadz, short e aquela sua blusa branca! - Exclamou Alan, dando o pitaco dele de sempre. - Nem me recordo quando foi que você usou um chinelo na vida, mesmo. - Eu realmente não me sinto confortável com um mas é isso. Já vou me trocar. - Então vamos logo. - Qual é a tua pressa, Alan? - Ah, você sabe, quero ver se por aqui as meninas são mais.. não sei, mais gatas. Eu já até instalei o Tinder no meu celular.- Disse ele, botando óculos escuros na cara. - Você m*l chegou, garoto. E também acabou de sair de um relacionamento. Se dê um tempo. -respondi dura. - Sabe o que dizem por aí? Para se curar um amor é preciso de um novo. Quando descemos e abrimos o portão logo demos de cara com um grupo de pessoas na nossa calçada. Eram duas garotas e um menino moreno que logo veio se apresentando. Pra minha decepção, os cariocas eram extremamente simpáticos. E para a decepção deles, eu era totalmente o contrário. Uma antipatia que talvez eu devesse rever até. - Oi, vocês devem ser os vizinhos novos! Meu nome é Gabriel! E essas são Bruna e Anna - disse um garoto todo bronzeado, estendendo a mão e comprimentando o Alan e eu. - Prazer, eu sou Alan Mamed e essa é a Pietra. - Prazer! -respondeu os três. - Vocês não querem ir para a praia ? - perguntou Anna, que estava olhando para mim. - É.. A gente já iria para lá, mesmo. - Queremos, sim. Obrigado! - Disse Alan, me interrompendo. - Ótimo, então vamos todos. Bom que a gente se conhece um pouco melhor. Vocês são de onde? - Não tá na cara? - perguntei rapidamente. - Somos de São Paulo, capital. - Paulistas, é? Bem legal. - Respondeu Gabriel, sorrindo. - Agora eu entendi o porque você tá usando tênis para ir a praia. - disse Anna, olhando para mim. Fomos seguindo eles até a praia e nos sentamos em um quiosque quando chegamos lá. A conversa fluía naturalmente, pois eles tinham o estilo parecido com o meu e do Alan e até que eles eram bem legais. Apesar do sotaque irritante. Não demorou muito para que o Alan ficasse dando em cima da Bruna, e para que o Gabriel me deixasse sozinha com a Anna,achando que eu e ela flertassemos. Mesmo eu não dando muita ideia de que queria ficar com ela, na verdade eu nem sábia se ela gostava de garotas: - Então, você mora a muito tempo aqui? -Sim, desde quando eu nasci, gosto daqui, - Respondeu Anna. - Legal.. - Você parece desconfortavel, você está bem ? - É que eu fico sem jeito quando não sei lidar com às pessoas. - Relaxa, eu sou lesbica, também. -Também ? - É, você é, não é? -perguntou Anna com uma cara de duvida. Quase já me pedindo desculpas pelo m*l entendido. - Achei que tava na cara. - Respondi rindo - Uffa! Achei que já estava dando um bola fora com você. - Não, relaxa. Tá de boa. - Você fala engraçado! - Exclamou, Anna. - Eu falo engraçado? - Sim. Mas é um engraçado bonito até. - Pelo menos eu não falo parecendo que estou drogada... - Respondi - Como se estivesse cantando o tempo todo. - E eu não falo puxando o "R" parecendo uma caipira. Nós duas rimos daquilo - Ok Anna, me pegou. - Você tem cara de ser aquelas "garotas problemas"!- Exclamou a carioca. - Será que estou certa ? - Problema é meu sobrenome. Eles me seguem aonde quer que eu vá. Então eu sugiro que tenha cuidado, carioca. - Eu vou ter, Paulista! - Muito bem. Minha mãe já havia me ligado umas três vezes ,então mandei uma mensagem para o Alan me encontrar para irmos embora, ele não demorou muito para voltar, então fui me despedindo de todos : - Foi um prazer conhecer vocês - disse, tentando parecer um pouco simpática. Afinal, eles até ao que não eram tão chato assim. - O prazer foi todo nosso - respondeu Bruna - Se vocês quiserem, amanhã tem uma festa aqui na praia que a nossa galera vai fazer. Estão convidados. - Vamos sim, obrigado pelo convite linda. Nos vemos amanhã - respondeu Alan dando um selinho na Bruna. -Xau pietra, até amanhã - disse Anna, piscando para mim. - Até amanhã, Anna! - Respondi, um pouco envergonhada. No caminho para casa eu e Alan ficamos comentando sobre a cidade e o quanto ela era linda,mas ele só sabia falar que a Bruna era gostosa e isso e aquilo... Hetéros... Nunca vou entende-los! Quando chegamos a janta já estava pronta e então comemos, subi logo após, para tomar um banho e depois de me trocar fiquei um pouco no nootbook. Já tinha convite de solicitações da Bruna, Gabriel e claro a Anna que quando aceitei já veio conversar comigo pelo imbox. A conversa durou até duas horas da manhã, ela era bem madura e um pouco convincente de que eu era uma pessoa legal. Anna curtia as mesmas coisas que eu, as mesmas musicas e talvez fossemos fazer a mesma faculdade no mês que vem. Porém eu sentia que iamos ser só amigas, não rolava aquela química de querer ficar com ela. Melhor assim! Eu estava inquieta demais para conseguir dormir, então depois de me despedir e sair do f*******:, desci até a cozinha para tomar um pouco d'agua e vi que Alan estava sentado na sala assistindo um filme; - Ué, também está sem sono? -perguntei, com a voz baixa. Já que eu não pretendia levar um fumo dos meus pais. - Sim, eu estava falando com a Bruna, acho que está rolando algo entre nós. - Mas já? Que rápido! Depois vocês dizem que isso é coisa de sapatão - Disse rindo - Em falar nisso onde é que vocês ficaram aquele tempo todo? - Fomos pra um lado da praia onde tinha umas amigas da Bruna ,uma tal de Vitória e Stefanni. - Ah sei.. heteros também? - Uma sim, a outra não, mas... você não tá pegando a Anna? - Não, nada a ver. Ela nem faz o meu tipo. Achei interessante mas só como amiga, mesmo. - Sei, sei. Bom, amanhã vamos à festa na praia? -perguntou ele, animado. - Claro! Não tem nada mais pra fazer, além de ir nessa festa. - Vamos, então. Vou ir dormir, tentar pelo menos. - Vou também. Boa noite! - Boa noite, maninha!. Mesmo a sono, deitei em minha cama e fechei meus olhos. Estranhamente veio flash's em minha cabeça. Primeiro eu vi as pernas de uma bailarina, depois uma casa no meio do nada. Vi pessoas chorando. Me vi chorando. E abri os olhos, assustada. O que era tudo aquilo?
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