No dia seguinte, acordei as 07:00 em ponto e comecei a me arrumar, apesar do meu interesse maior ser em passar o dia inteiro falando pro doutor Lúcio do quanto minha mãe é incrível, também estava muito animada em ajudar as crianças, eu adorava crianças. Tomei meu café da manhã e pra minha surpresa, minha mãe já estava prontíssima me esperando, sendo que ela sempre foi muito boa em se atrasar.
-Achei que a princesa ia esperar a mamãe ir lá acordar.
-Disse minha mãe, em um tom debochado, gostei de ver ela de bom humor.
-Mil desculpas mãezinha, é que sempre conto que seu fuso horário tá umas 2 horas atrasado.
-Digo, enquanto dou uma golada no café e me levanto.
Entramos no carro e seguimos em direção a fundação, que fica do outro lado da cidade, ligamos o rádio e está tocando "the climb" da Miley Cyrus, minha música predileta, eu amo o como ela descreve o que se passou na minha vida todos esses anos e sobre o que está se passando exatamente agora, "Todo dia terá uma nova batalha, e as vezes teremos que perder" é exatamente isso, venci muitas batalhas e agora, eu perdi.
Estávamos quase chegando, quando de repente um ciclista louco atravessa na frente do carro e minha mãe quase o atropela, se ela estivesse com a velocidade um pouco maior, teria sido uma catástofre, desci rapidamente do carro, pois minha mãe geralmente é muito lenta para essas situações.
-Você tá bem? meu Deus, a gente podia ter te matado.
-Disse, em tom de desespero.
-Pois é, podiam mesmo, deveriam olhar melhor como dirigem, não existem só carros nessa cidade, e essa bicicleta custa uns 3 carros seus.
-Disse o rapaz, de forma arrogante.
-Seu imbecíl, você que se enfiou na frente do carro sem nem olhar, se tem alguém errado aqui é você, da próxima vez peça pelo menos obrigado por não termos te matado.
-Respondi, super irritada, que cara ignorante.
-Claro que eu olhei pro lado, vocês é que jogaram o carro em cima de mim, e eu tenho que agradecer?
-Bom, tenho compromisso, não vou perder meu tempo discutindo com um asno igual a você, queria ver se você tinha se machucado, mas pelo jeito, você tá ótimo, tenha um bom dia.
-Disse, enquanto entrava de volta no carro, batendo a porta com força.
-O que aconteceu minha filha? você poderia ter me deixado resolver.
-aquele cara mãe, super ignorante, por pouco não o matamos, e ele ainda disse que foi nossa culpa, algumas pessoas são inacreditáveis.
- Não esquenta a cabeça com isso minha filha, tem pessoas que são assim mesmo.
Era impressionante o quanto minha mãe conseguia ser calma e paciente em relação a tudo, era como se realmente nenhuma pessoa conseguisse tirar ela do sério, enquanto eu, segundo ela, puxei a personalidade do meu pai, pensa em uma smurf de 1,58 com uma falta de paciência de 2 metros, essa sou eu, sempre fui muito impaciente, e nunca fui de levar desaforo pra casa, vê se é um playboyzinho metido a ciclista desse que vai me diminuir? por isso que não gosto de ciclista.
Chegamos na fundação, mesmo após toda essa turbulência, ainda consegui chegar no horário, dei um abraço de despedida na minha mãe e desci do carro.Entrei naquele lugar imenso que deveria dar umas 5 casas da minha, o doutor Lúcio tinha muito dinheiro, além de ser médico, ele também vinha de uma família muito rica que era muito tradicional aqui no Rio de Janeiro, os Meirelles, eles eram donos da maior mineradora do país, a Rio minério, eles criaram essa fundação depois de perderem uma filha pro câncer, e depois que o Lúcio virou oncologista, colocaram ele para administrar e desde então tem dado muito certo, muitas crianças são ajudadas aqui.
Cheguei na sala do setor de voluntários e preenchi a ficha que a secretária pediu, e, em seguida, ela me deu um crachá, e me direcionou para o setor de biblioteca, minha função seria ler para as crianças todas as tardes, e manter a organização do local, o que eu amei, por que amo livros.Encontrei com o doutor Lúcio no meio do caminho, o que era uma ótima hora para começar a por meu plano em prática, fui andando em direção a ele, quando o vi conversando com um rapaz de rosto familiar, cheguei mais perto e não acreditei no que eu vi, era o ciclista abusado de agora pouco! mas o que esse metido tá fazendo aqui?? vai dizer que veio doar a bicicleta valiossíma dele para as crianças? não aguentei e tive que ir perguntar.
-Bom dia doutor, desculpa interromper, só queria agradecer pela oportunidade e dizer que já estou pronta para começar.
-Respondi, enquanto encarava intensamente aquele abusado.
-Bom dia Stella, não interrompe, já havíamos terminado, deixa eu te apresentar, esse aqui é o Caio, meu filho, ele trabalha aqui conosco.
FILHO? ELE DISSE FILHO? COMO ASSIM O DOUTOR LÚCIO TEM UM FILHO? quer dizer, eu fiz meu dever de casa tão direitinho, pesquisei tudo sobre a família dele, e não achei NADA sobre filhos, não é possível, não tem como um cara tão soberbo ser filho de um cara tão legal.
-É um prazer conhecê-lo Caio, meu nome é Stella.
-Respondi, como se não o conhecesse.
-É um prazer, Stella.
-Ele respondeu, também fingindo não se lembrar de mim, nem sequer parecia aquele grosso de mais cedo.
-Stella, pelo que posso ver no seu crachá, você vai ficar responsável pelo setor da biblioteca, o que é ótimo, por que o Caio também está nesse setor e você vai poder ficar de olho nele pra mim, ele vai te mostrar a fundação, eu preciso ir, tenho uma reunião muito importante agora.
-Claro doutor, pode deixar. Antes que eu me esqueça, amanhã a noite vai ter um jantar lá em casa e minha mãe pediu para que eu chamasse o senhor.
-Ah, que ótimo, estarei lá.
-Disse doutor Lúcio, se retirando educadamente. Era isso!! Meu plano estava começando.
- Vai ser um prazer fazer um tour para você, atropeladora de ciclistas, só não pode se apaixonar, viu?
ERA IMPRESSIONANTE O QUANTO ESSE CARA CONSEGUIA SER IRRITANTE!
-Primeiramente, você que é um ciclista suicida, e não precisa se preocupar, nem se eu nascesse de novo me apaixonaria por alguém como você.
-Ótimo, melhor assim, não queria ter que partir seu coração, ah, e para de tentar fazer isso que você tá fazendo.
-Acredite, se soubesse pelo que eu passei, saberia que tem que ser uma coisa muito forte para poder partir meu coração, e o que eu tô fazendo?
-Tentando arrumar a sua mãe pro meu pai, acredite, eu tento arrumar alguém pra ele a anos, mas ele só pensa em trabalho.
-Eu sou um cupido incrível, e esses dois já estão apaixonados, eu só preciso dar um empurrãozinho, mas obrigada pelo aviso.
-Meu pai, apaixonado? essa eu pago pra ver, precisa de ajuda?
-Claro que não, por que eu aceitaria ajuda de alguém como você?
-Por que você conhece a sua mãe, mas você conhece o meu pai? acredite, tenho tanto interesse que ele arrume alguém quanto você, só assim ele para de pegar no meu pé e me obrigar a trabalhar nessa fundação i****a pra conseguir pontos pra faculdade que eu nem quero fazer.
-Meu Deus, tem que ser mesmo muito o****o, pra chamar um projeto tão lindo de i****a, mas você tem razão, preciso das suas informações, então, façamos um acordo então.
-Combinado, você ajuda a arrumar uma namorada pro meu pai, e eu ajudo você com as informações que precisa.
Apertamos as mãos, num gesto de pacto.
Ele tinha razão, eu precisava dele, seria muito mais fácil com a ajuda de alguém de dentro, e eu só tinha 3 meses, se dependesse deles dois, seria impossível fazer eles tomarem uma iniciativa, só precisa planejar um jantar que eu inventei e minha mãe ainda nem tem conhecimento de que é ela quem vai dar, nada demais.