Não lhe dou todos os detalhes da minha vida, mas falo sobre Richard, o meu ex. Confesso que por causa dele tive que me afastar da Pensilvânia.
— É tão terrível assim? Ela me pergunta.
— O que eu posso dizer? Não há homem pior na terra do que Richard Colina. É o pior lixo que a Pensilvânia já teve. Digo a ela.
Dei a ela mais informações do que ela queria, mas precisava desabafar um pouco.
O importante é que Richard não me encontre. Não importa se pessoas próximas sabem sobre ele.
— Mas não vamos falar sobre isso. Isso me faz vomitar só de pensar no que ele me fez viver durante e depois do nosso relacionamento. Digo a ela.
— Ah, então ele é um daqueles perseguidores. Sinto muito. Ela me diz.
— Vamos falar sobre o seu namorado. Espero que seja outro estilo de homem. Digo a ela.
— Sim, ele não é do tipo durão ou m*au. É mais... leve, festeiro, mulherengo. Aliás, hoje você vai conhecê-lo. Stephen estará aqui em breve. Essa história que você me contou o que aconteceu na confeitaria mexeu um pouco comigo. Então esta noite vou fingir que o bom e velho Stephen é um visitante misterioso.
Na verdade, Stephen não tem nada de misterioso nele. Ele é um cara legal, atraente, mas, o seu ar é bem-humorado e festeiro. Nada a ver com Marcos.
O nome dele é Stephen Lee, ele tem leves traços asiáticos. Ele gosta de surfar, embora ele não visite nenhuma praia há mais de cinco anos. Ele é o tipo, ''um bom to*lo'', isto é, alguém sem maldade.
O problema dele é que ele não está realmente comprometido com o relacionamento que ele tem com a Larissa. Ele quer ser um eterno adolescente sem vínculos.
— Ela é uma mulher única. Eu faço comentários nada discretos para que ele possa aproveitar a grande mulher ao lado dele antes que ela saia com outra pessoa.
Ele ri com certa dúvida.
Não sei se estou paranóica, mas sinto como se Stephen estivesse olhando para mim de uma maneira nada discreta.
Não sinto que Larissa esteja chateada. No fundo, ela sabe que Stephen é um tol*o e que é algo temporário. Ela sabe que uma ruiva
assim como eu, chama muita atenção. Sinto que ela não me culpa por ele olhar para mim assim.
Ainda me sinto desconfortável e planejo minha retirada.
Bem quando estou prestes a dizer: vamos pedir a conta.
Larissa diz que vai ao banheiro. Não sei se devo acompanhá-la, mas também me parece falta de educação deixar Stephen sozinho. Quando ela sai, ele me diz em voz baixa: bem, é verdade que Lari é uma grande mulher, mas ruivas não são abundantes aqui em Denton. E as mulheres com óculos de armação de chifre me parecem "muito sensual, especialmente quando elas têm um corpo lindo como o seu." Ele diz, me olhando abertamente para a minha bu*nda no assento.
Aparentemente Mark não é o único que gosta da minha bun*da.
Stephen chega muito perto de mim. Eu me recosto na cadeira.
Eu não gostaria que Larissa pensasse que o ficante dela e eu temos algum tipo de inti*midade na sua ausência. Embora ele seja muito bonito e não quer nada sério com ela, é um território onde não quero me envolver, nem mesmo por engano.
Quando Larissa volta me sinto aliviada.
Parece-me que a sua expressão se tornou algo azeda, embora duvide que ela viu Stephen se aproximando de mim. Se ela tiver que ficar chateada com alguém, deveria ser com ele, não comigo.
Saio depois de alguns minutos com a desculpa de que estou caindo de sono e preciso de uma cama.
No caminho para casa não posso né*gar que me sinto lisonjeada pelos comentários do Stephen. Isto se deve não apenas ao seu carisma natural, mas, também o efeito dos dois coquetéis que tomei, das horas sem dormir e da impressão ambivalente que Mark me deixou na manhã anterior.
Em casa me preparo para finalmente descansar. É o que eu preciso. De dormir.
Não é muito tarde, são apenas onze da noite.
Quando os meus olhos se fecham, vejo que o telefone acende.
Eu pego com as mãos trêmulas. São 11h10.
É uma pequena mensagem da Larissa me perguntando se cheguei em segurança.
Eu respondo com um sim e um emoticon de abraço. Ela me responde com um coração, um emoticon de pêssego e um saco de
farinha, aludindo às minhas nádegas enfarinhadas.
O relógio do telefone muda para o minuto seguinte, 11h11, mas não acontece nada. Não toca, não acende, não há ligação de nenhum número estranho.
Adormeço como se estivesse morta.
Acordo bem de manhã, descansada, embora com traços de sonhos perturbadores. Sonhei que Mark era Richard e que Richard era Mark: fiquei confusa e tive que escolher o correto, embora soubesse que eles usavam máscaras para me confundir.
Abro bem os olhos. Sinto-me distraída, como se tivesse faltando alguma coisa. Eu quero me tocar para apaziguar as emoções e sensações que estou sentindo.
Mark me deixou com um apetite incrível. Eu deslizo a minha mão sobre o meu fio dental, com a outra aperto um ma*milo, mas não consigo me concentrar e logo o desejo evapora. Além disso, já é um pouco tarde para o trabalho.
Eu pulo, tomo banho, me visto e corro para a loja de bolos.
O rosto de Larissa é de absoluta felicidade.
— Você não precisa me contar sobre a noite espetacular que passou com Stephen.
Mas ela me conta mesmo assim. Sinto que mais do que me dar detalhes ela está me testando.
No final eu digo a ela: Stephen não é meu tipo. Não importa quantas coisas divinas ele faça, ele não é um dos tipos de homem que eu gosto.
— É melhor para você. Ela diz, sorrindo em tom de brincadeira, mas vejo um brilho sombrio em seus olhos. Uma pitada de desconfiança que espero em breve acontece.
.....
Alguns dias se passam. Não sei nada sobre Mark. Ele desapareceu. Eu sei que aparecerá quando eu menos esperar.
Me concentro no trabalho para que as horas passem mais rápido.
Uma tarde, Lilly está ocupada e estressada como sempre.
Ele me pede para verificar no chat de mensagens do computador os pedidos do dia seguinte.
Vejo que todas as mensagens foram lidas e respondidas, exceto uma que acabou de chegar.
Como ainda não sou tão especialista no sistema, demorei um pouco para abrir a mensagem.
Lilly fica desesperada e me puxa de lado para verificar ela mesma.
Ela lê o pedido em voz alta enquanto o escreve num pedaço de papel. Apesar da tecnologia, parte dela ainda é antiquada e só confia no que está escrito à mão.
— Uma pequena torta de abóbora. Ela nos diz. — OK.
— Vejamos... não é para o Halloween, mas para a próxima quinta-feira, dia 7. Ela acrescenta.
— Ah, é no meu aniversário. Exclamo emocionada.
— Bem, então faremos uma para você também. Lilly me diz em um tom amigável.
Lilly se afasta e me pede para perguntar no chat se aquele bolo precisa de alguma decoração especial ou uma mensagem escrita em creme. E eu faço o que ela me pede.
O cliente responde imediatamente que é para escrevemos apenas a seguinte frase em letras, cor de framboesa: “Feliz aniversário, Emma”.
Ao ler a mensagem, sinto o meu sangue começar a bombear com força nas minhas veias, como se o simples ato de ler aquelas palavras tivesse desencadeado uma reação física no meu corpo. A minha garganta de repente fica seca e a sensação de sufocamento toma conta de mim, o ar parece espesso e insuficiente.
Uma tontura repentina me envolve e percebo como o mundo começa a girar e afundar ao meu redor. Luto para ficar de pé, mas a fraqueza toma conta das minhas pernas e sinto que elas podem ceder a qualquer momento.
Na padaria, os olhos de Lilly e dos clientes pousam em mim com expressões de consternação e preocupação.