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Chamada as onze

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Blurb

Todas as noites, às 23h11, o telefone de Emma Wilson toca.

Ele não responde há algum tempo. Ela sabe que quem ligou é Richard Hill, seu ex obsessivo e perseguidor.

Eles terminaram há quase seis anos e ele não para de ligar para ela e persegui-la. Depois que Emma se muda para uma cidade distante, as ligações finalmente param.

Mas depois de um tempo eles começaram a assediá-la novamente.

Só que desta vez não é Richard.

Quem está se escondendo sob a identidade do misterioso e bonito Mark?

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Episódio 1
São onze da noite. Minha última noite neste apartamento, e nesta cidade. Eu tenho que me mudar novamente. Só que desta vez muito mais longe. Já não se trata de mudar, mas de desaparecer. A luz fraca de um poste de luz filtra-se pelas cortinas entreabertas da sala, lançando sombras que dançam nas paredes. Elas parecem ter mandíbulas, mãos com dedos macabros. Por um momento sinto o peso das mãos no meu pescoço. Eu toco nela. Não há nada ali. É apenas um eco da memória do passado, das mãos de Richard. O passado nem sempre fica para trás. Às vezes ele insiste em nos perseguir, para se tornar presente. Nos últimos seis anos mudei-me pelo menos oito vezes e mudei o meu número de telefone quase uma dúzia. Eu me tornei um nômade. Sinto muito: Detroit, Baltimore, Washington, Filadélfia, Connecticut, Boston, Nova Jersey. Acostumei-me a me deslocar e faço isso cada vez mais rápido: embalar, etiquetar caixas, arrumar malas, partir para um novo destino. Algumas das caixas da última mudança eu nem abri. Lá elas estavam fechados por toda parte, como presentes que não encontraram o seu destinatarios. Não vou levá-las comigo nesta mudança. Se eu for com menos carga, talvez torne um pouco mais difícil para ele me perseguir e me encontrar. Desta vez irei com o mínimo, com o que cabe em algumas malas e na minha bolsa. São 11 e 11 da noite. Meu telefone está sobre a mesa. Olho para ele como se fosse uma criança com medo. Uma criança que eu conheço logo, com uma pontualidade irritante, começará a chorar. A tela do celular acende com uma luz azulada piscando. Desta vez apenas coloquei no modo silencioso, sem desligar. Número desconhecido, mostrado em um texto ao lado da resposta e ícones pendurados: pílula verde ou pílula vermelha. Tanto faz. Não tomo nada, ou seja, não presto atenção. O mesmo arrepio de sempre percorre minha espinha. Quem me liga sempre nessa hora é meu ex, Richard. Há seis anos terminamos, ou melhor, fugi dele, mas ele continua me perseguindo. Ele sempre encontra uma maneira de descobrir onde eu moro e meu novo número de telefone. Às vezes ele me manda presentes típicos dele: um envelope cheio das minhas unhas ou dos meus cabelos que ele colecionava quando estávamos juntos, potes de insetos, um pássaro morto depenado. Não vejo Richard pessoalmente há alguns meses. Pelo menos foi o que fizeram as medidas cautelares, mas em relação às suas ligações e mensagens nada pode ser feito. Talvez ele tenha me visto, talvez ele sempre me veja, talvez ele esteja fazendo isso agora mesmo por uma fresta da janela ou por uma minúscula câmera escondida na sala, não sei. Acho que Richard está mentindo quando me escreve dizendo que está me observando e que sabe tudo o que faço. Talvez ele diga isso para que eu desista e pare de fugir. O telefone continua piscando. Não tenho como provar que a pessoa que está me ligando é Richard. Mas eu sei que é ele. É a única certeza que tenho na minha vida, infelizmente. Ele gosta de me ligar nesse horário porque, segundo ele, foi exatamente o horário em que saí da casa onde morávamos juntos. Numa quinta-feira, há seis anos, às onze e onze da noite, reuni coragem para sair daquele infer*no enquanto ele vomitava sua embriaguez no banheiro. Mas não consegui sair de jeito nenhum. Pelo menos não o suficiente distante. Ainda não. O telefone continua a piscar por mais alguns minutos. Depois vêm as mensagens: Por que você não atende Emma? Não gosto de ser ignorado. Você deveria saber disso muito bem Você ainda é minha. Eu sou o único que pode cuidar de você. Não vou deixar você dormir esta noite, Emma. Estou mais perto do que você pensa. Você não atendeu a minha ligação, agora terá que me ler sem parar. Você nunca poderá fugir, Emma. Estou olhando para você agora. Eu posso ver você, mas você não pode me ver. Eu sou seu fantasma. Quando não atendo as ligações, suas mensagens de texto chegam até mim o dia todo, às dezenas. Assim como suas ligações, suas mensagens são enviadas de diferentes números de telefone. Então não adianta eu bloqueá-los. E durante o dia não consigo desligar o celular porque tenho que anotar pedidos no trabalho. Às vezes ele me manda fotos ou vídeos, talvez baixados da internet ou feitos por ele mesmo, quem sabe: imagens de matadouro de gado, de acidentes de carro, de incêndios domésticos, de cirurgias cardíacas. É a maneira dele de amar... De querer me ferrar e me aterrorizar. Sim, Richard Hill é um bastardo doente. Às vezes escolho pensar que suas ligações e mensagens são apenas spam, ruído branco, mas isso nem sempre me alivia. Sei que o remetente é um homem de carne e osso, que me conhece, que sabe me assustar e acredita que pode dirigir o ritmo da minha vida mesmo à distância. E ninguém pode detê-lo porque Richard é muito cuidadoso. Não deixa vestígios, é invisível. No entanto, meu ódio por ele é maior que meu medo. Isso me mantém viva, em movimento. Nas poucas vezes em que atendo o telefone para evitar a enxurrada de mensagens, Richard toma cuidado para não dizer uma palavra. Ele sabe que eu poderia gravar e usar isso como prova de seu assédio. Após a última ordem de restrição contra ele, ele não fala mais quando ele me liga. Apenas respira. Uma respiração pesada de uma fera à espreita que me faz sentir a sua presença muito próxima. A respiração de um monstro em sua caverna escura e úmida. Mesmo assim, a memória da sua voz permanece clara. Adormeço por algumas horas e quando acordo recebo mais de cem mensagens de texto de diferentes números desconhecidos. Alguns números possuem códigos que parecem ser de vários estados do país e até códigos do exterior. São aqueles tipos de números virtuais que se compram na Internet por alguns centavos. Na realidade, Richard pode estar muito longe ou muito perto. O sol ainda não nasceu. Preparo um café forte para mim. Deixo o telefone conectado em cima da mesa. Tenho certeza de que Richard terá acesso à minha geolocalização toda vez que descobrir o meu novo número. Ele vai acreditar, pelo menos por alguns dias, que ainda estou aqui neste apartamento, nesta cidade, pelo menos até o senhorio vir cobrar meu aluguel e perceber que fui embora. Saio pelos fundos do prédio. Para evitar ser vista, pego um táxi primeiro para o centro de Manhattan e depois outro para a ferroviaria de Penn Station.

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