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1079 Words
Portuga Tava suave na boca, fumando um baseado, quando a tia da associação de moradores pediu para entrar. Eu falei para o vapor que podia liberar, Até porque a tia é maior responsa, mas ela sempre vem trazendo problemas. Dá até nervoso receber ela. Deus me livre, é capaz de um dia desses ela sair daqui e eu ficar doente de tanto remédio que ela pede, mano. Mas é isso, eu tenho que ajudar minha comunidade, até porque os moradores fazem o lugar, tá ligado? E sem eles do meu lado, eu não vou ser nada. - Oi, meu filho, boa tarde! Eu não quero te incomodar, mas eu tive que vir aqui de novo. Já é a terceira vez essa semana, eu sei, mas é que eu estou sem recursos na associação de moradores. Portuga: Me passa a visão do que vocês estão precisando lá. - Até o momento, de roupas, alguns remédios e tem um bebê doente. Eu queria ver se conseguia encaixar ele no posto. Fui lá e a moça disse que só tem pediatra para o mês que vem. Não sei se a criança consegue sustentar, até porque ele está num abrigo e você sabe que as condições de lá não são as melhores possíveis para uma criança. Portuga: Eu tô ligado que não, mas é aquilo, né? Se a mãe dele falou que quer continuar lá, não tem o que fazer, até porque o menor é responsabilidade dela. A senhora falou que ele tinha quantos anos mesmo? - Um aninho, nem fala direito ainda. Eu fico com tanta pena. Portuga: Por isso que eu falo que vagabundo tem que pensar duas vezes antes de colocar uma criança no mundo, para não acontecer esse tipo de bagulho. Eles veem e metem o filho nas minas e depois metem o pé como se nada tivesse acontecido e conseguem dormir tranquilos. Deus me livre, tem que morrer. - É, filho, a vida das pessoas é difícil. Por isso que a gente tem que escolher direito com o quem a gente vai se relacionar, para depois não ficar vivendo esse tipo de coisa, porque criar um filho dentro de um abrigo não é uma coisa que eu aconselho para ninguém, porque lá tem de tudo do viciado até o morador de rua. Portuga:Tu pergunta se essas meninas querem ligar, elas falam que não. Pergunta se elas querem colocar um DIU, elas falam que não. Não tem o que fazer, porque milagre só Jesus. Pega esse dinheiro aqui e vê se consegue resolver os bagulhos. Se não for o suficiente, a senhora vem na minha direção novamente que nós arrumamos um jeito. - Que Deus lhe abençoe por esse coração gigante que você tem - ela fala, saindo. O bagulho tá doido lá no abrigo, mas a gente não consegue mexer porque não tem como a gente tirar o pessoal de lá. Tem muita gente que não tem onde dormir e tem crianças lá dentro, tá ligado? A gente já tentou fazer melhorias na vida dessas crianças, mas a maioria das mães não ligam, tudo viciadas, mano. A gente até chamou o conselho tutelar aqui, mas os caras vieram aqui contar uma história, mas ajudar que é bom, nada. É isso que eu digo, irmão: vagabundo quer dar muito palpite na vida dos outros, mas na hora de ajudar, mete o pé. É por isso que eu não quero ter filhos, porque se uma mina dessa vir de graça, eu meto a porrada nela. Ah, mas bater em mulher é crime? Ligo não, mano. Se eu tiver um filho um dia e a mina não tratar bem, vai ser cobrada. Tem que ter responsa para poder botar um filho no mundo, por isso que eu evito t*****r sem camisinha. Meu pai é maneirão, responsável pra c.aralho, vai querer ver neto dele jogado por aí? Duvido. Até desisti de fumar meu baseado, meti o pé para almoçar na casa da minha Coroa. Tô cheio de fome e ninguém faz comida que nem ela, tá ligado? Portuga: Qual é o rango hoje? Raika: Primeiramente, boa tarde, Leonardo! Tá pensando que isso aqui é a casa da mãe Joana? Portuga: É a casa da mãe Raika mesmo, pô! Pra que essa neurose? Vim almoçar. Olívia: Tá, agora me conta uma novidade. Nem parece que tem casa, Deus me livre. Portuga: E se liga, doidona, eu tenho casa, mas a comida da dona Raika é a melhor do mundo. Cadê meu coroa? Raika: Está por aí com o Barata e com o Russo. Você sabe como esses três são, né? Eu nem vou atrás porque não vai adiantar. Portuga: Ainda, tu sabe que o cara precisa dar rolê com o bonde pelo menos duas vezes na semana, só pra não perder o costume. Raika: É, né? Fazer o quê? Senta logo aí para comer, ou melhor, vai lavar essa mão antes. Lavei as mãos e nós três almoçamos na maior paz. Eu chamo a Raika de mãe desde que eu me entendo por gente, mas eu tô ligado que a minha mãe é a Cristina. Ninguém nunca escondeu esse bagulho de mim. Quando eu tava grande o suficiente para entender o que tinha acontecido com a minha mãe, eles me sentaram e me deram um papo reto, e eu sou grato por isso, tá ligado? Não tem essa de ficar escondendo as coisas, até porque eu sinceramente não me lembro da minha mãe, mas ela tem um espaço no meu coração. Meu coroa me deu várias fotos dela, ela era bonita. Às vezes eu queria que ela estivesse aqui, mas eu entendo que os planos de Deus às vezes são diferentes dos nossos. E é isso, ela sempre vai ser amada por mim e vai ter um espaço gigante no meu peito, mas a mãe que eu conheço é a Raika. Veigh: Nem me esperaram para almoçar. Raika: Claro que não! Demorou muito. Tá achando que a gente vai ficar com fome esperando o bonito? Veigh: Você já me amou mais. Raika: Quando a fome bate, o amor vai para o pé. Vai lavar a mão que eu vou colocar o seu prato. Portuga: Vou me adiantar. Amanhã eu tô aqui de volta. Olívia: Claro! Parece que tem verme, só vem aqui para comer. Portuga: Se liga na tua responsa, doidona - falei sorrindo e me adiantei. O que eu posso fazer se a comida da minha coroa é a melhor do mundo?
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