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No Caminho da Vida Adulta : Novas Perspectivas

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Blurb

Agora Mariah está no segundo ano do high school e tem uma vida um pouco mais complexa: com o nascimento de três bebês, ela se vê assumindo diversas tarefas no intuito de ajudar todos ao seu redor, mas a proximidade de uma despedida gera atritos e a sobrecarrega, esse cenário se complementa com a pressão do último ano de Spencer balançando o relacionamento dos dois, e inevitavelmente, Mariah sente falta de coisas que deixou no passado e muitas dúvidas sobre tudo o que vem a seguir.

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Férias não perfeitas
    Eu tinha planejado minuciosamente as minhas férias perfeitas com Spencer, mas em algum momento, eu me esqueci que ele tinha uma mãe e uma avó, e que eu tinha um monte de compromissos, porque simplesmente não consigo dizer não para as pessoas, e que nós dois tínhamos nos comprometido a ajudar Peter e Mia, o que tomou muito do meu tempo e acabou afastando-me mais ainda do meu foco principal.     A coisa toda começou a desandar logo na primeira semana de junho, dia cinco, meu aniversário. Todos esperavam que eu fizesse uma grande festa, mas eu optei por apenas sair para jantar com Spencer, Mia e Peter, minha madrinha me visitou, minha avó também, e tinha cupcakes e petiscos, mas não quis uma festa, não me sentia com muitos motivos para comemorar: minha mãe estava viajando e minha melhor amiga também, então, achei que uma comemoração mais simples seria o suficiente, já que eu tinha muito o que fazer nas semanas seguintes.     Então, lá estava eu, às vésperas do Chá de Revelação que faríamos para o bebê de Mia e Peter, na segunda semana do ensolarado e quente mês de junho, contando apenas com a ajuda de Lindsey, assando biscoitos na casa do papai, porque Spencer tinha ido ajudar a instalar umas prateleiras no apartamento da irmã. - E o que o Spencer está achando? – ela perguntou distraída – Tipo, vocês dois não tem passado tanto tempo juntos como vocês tinham planejado... - Tá uma d***a – suspirei e encarei o cortador de biscoitos em formato de pés de bebê – quando não é um compromisso meu, a mãe dele inventa alguma coisa e some com ele. - Que saco – Lindsey revirou os olhos e correu para tirar uma fornada de biscoitos ao ouvir o timer do forno elétrico – acho que isso vai passar... - Não vai não – respondi sem esconder uma certa revolta - Sarah me detesta, me detesta pela história da Mia, me detesta pelo Spencer, pela minha mãe e Brandon... - Como se isso fosse um motivo – ela deu ombros – acho que Sarah se detesta e só desconta em você as frustrações dela. - Pode ser – suspirei desanimada – mas ainda assim é a mãe dele... - E o que ela inventou que deixou você com essa carinha triste? – minha amiga me conhecia muito bem. - Vai levar o Spencer para New York para escolher o apartamento – fiz sinal negativo com a cabeça – não está errada, só adiantada. - Quem sabe quer mostrar para ele que ele vai mesmo embora... - Como se ele não soubesse – revirei os olhos – falou disso o tempo todo essa semana.      Nossa conversa foi interrompida por Lorena caminhando lentamente até a cozinha, faltava pouco mais de um mês para o bebê nascer: - Não consegui deixar de ouvir – ultimamente ela não deixava de ouvir nada – basicamente sua sogra te odeia? - Sim – disse com sinceridade -e ainda não tentou me m***r, mas acredito que para ela isso seja bem simples. - Mães são assim – eu não imaginava o que tanto ela sabia de maternidade, considerando que sua filha nem mesmo tinha nascido – de repente ela se sente deixada de lado, substituída... - Ah – eu pensei em dizer várias coisas desagradáveis, estava muito irritada com tudo naquele dia, mas me abstive e disse apenas – deve ser isso.     Lorena tentou um diálogo novamente, mas não dei muita atenção, eu não conseguia fingir que estava legal, e desde a coisa toda de anunciar o s**o do bebê nas redes sociais antes de contar a mim e as histórias do Natal, onde ela simplesmente deixou a m***a toda acontecer sem dizer “verdade, ela me avisou” ou tentar me ajudar, minha paciência com ela tinha diminuído um pouco, e nos últimos dias, ela andava muito tempo em casa, e se intrometendo demais em assuntos bem particulares. - Tá tudo bem? – Lindsey perguntou. - Sei lá – suspirei – acho que a deixada de lado e substituída sou eu – dei ombros – as vezes parece que ela também me odeia um pouco.      Terminamos os biscoitos e os embalamos. Tinha sido mais fácil com Lindsey, ela tinha uma certa experiência na cozinha e isso fazia com que o processo produtivo tivesse maior rendimento. Ela ainda me auxiliou a montar a papelaria personalizada que eu tinha feito e a organizar tudo em caixinhas para levarmos para o sítio dos Ivanov na manhã seguinte. Havíamos optado por fazer o chá de revelação no sítio... Parece estranho, mas as “amigas” da Mia deram boas desculpas para não comparecerem e ela parecia estar okay com isso, mas mesmo assim decidimos mudar os ares e fazer alguma coisa diferente.     Spencer apareceu na casa do papai já era tão tarde que já tínhamos jantado e Lindsey tinha ido embora: - E ai – ele disse assim que abri a porta e beijou-me rapidamente – desculpa, eu queria ter chegado mais cedo. - Tudo bem – eu o abracei apertado – perdeu o jantar, quer dizer, não perdeu, posso esquentar para você... - Ah, não – ele sorriu – não precisa, eu só vim aproveitar você um pouco. - Coisa boa – puxei ele para o sofá da sala, onde eu estivera até ele chegar – me conta, tudo certo? - Não – ele suspirou – briguei com a mamãe – ele disse sério – ela não vai ir no chá amanhã, falou um monte de merdas... - Uhm – aquilo era r**m, Mia ainda tinha uma esperança de ver a mãe compartilhando os momentos de sua gestação e do bebê, no futuro – irredutível? - Sim – ele ajeitou-se e puxou-me para que eu ficasse sobre ele no sofá – ela acredita que tem razão, que a Mia está errada e que vai se arrepender e tudo mais... Eu acho que ela se arrepende das escolhas que fez, e ai coloca as expectativas dela na Mia. - Possível – eu o encarei – que observador você, Spencer. - Tenho passado mais tempo do que eu gostaria com ela, o mínimo que eu preciso é tentar entender como ela funciona...     Rimos um pouco dessa parte sobre funcionar, era como se a mãe dele fosse algum tipo de aparelho complicado que ninguém sabe direito tudo o que faz ou para que serve, mas que todos entendem que pode quebrar e causar algum tipo de acidente... Spencer me deixou perto das duas da manhã e era difícil não ficar com ele, mas papai tinha as regras dele em casa, e como eu estava de férias, não podia ficar na casa de praia, a não ser que a mamãe estivesse lá.     O sábado amanheceu ensolarado e com um céu muito azul. Mia estava no sítio com Peter desde o dia anterior e haviam marcado com o fotógrafo para uma sessão naquele dia, o que tinha deixado ela bem animada, e ver o dia lindo me deixou animada também, porque sabia que as fotos ficariam incríveis e tudo sairia perfeito no Chá de Revelação. Tínhamos um grupo seleto de convidados, e todos compareceram e pareciam felizes em compartilhar aquele momento com Mia e Peter, o que era muito importante para todos nós.     Spencer, eu e Daniel havíamos pensado em algo bem original para a revelação: fumaça colorida pelo escapamento do novo carro – sim, os pais dele haviam comprado um carro novo e mais “familiar” para ele, que até então tinha apenas uma motocicleta. Spencer cuidou dessa parte, e até o último minuto possível ele não sabia que Peter e Mia esperavam pela pequena Amélie.     Lindsey e eu havíamos preparado partes “móveis” para o painel de revelação, com o nome do bebê em isopor recortado, pintado de dourado e com muito glitter. As caixinhas de lembrancinhas estavam literalmente lacradas e só colocaríamos nas mesas depois da revelação. - Oi – Mia apareceu empolgada: estava linda! Os cabelos castanhos trançados de forma frouxa com pequenas flores naturais tramadas entre eles, vestia uma saia linda de rendas branca e um cropped combinando, tinha uma maquiagem suave e sim, ela parecia uma princesa, tinha um sorriso radiante o tempo todo, e quem não soubesse, nunca diria que era a mesma garota encrenqueira e mau humorada de meses antes – está tudo tão lindo – ela nos abraçou – obrigada! - Era o mínimo que poderíamos fazer – dizia Lindsey sorridente – estamos tão felizes e ansiosas pela chegada desse bebê que se não no desse uma boa tarefa enlouqueceríamos.     Eu e Lindsey havíamos combinado uma roupa que não chamasse muito atenção, então escolhemos vestidos florais de saia godê na altura dos joelhos e tênis brancos, assim, ficaríamos confortáveis e estaria, de algum modo, implícito que trabalhávamos na organização do evento, dessa forma, Mia poderia aproveitar seu momento enquanto nós cuidávamos dos detalhes. Os convidados aos poucos chegaram: a família Ivanov não continha sua alegria, a avó de Peter constantemente o lembrava de levar refrescos para Mia e não a aborrecer. Minha mãe conseguiu chegar em tempo de comparecer, o que me deixou aliviada, porque Mia tinha insistido que ela fosse.     O grande momento se aproximava: escolhemos um “plano de fundo” bonito para as fotos: colocamos poltronas e uma área lounge próxima do lago, e Spencer e Daniel chegaram com o carro. Peter chorava de emoção antes mesmo de Mia assimilar o que estava acontecendo e Justin foi o responsável por anexar o nome “Amélie” ao painel de fundo da mesa do bolo. Estávamos todos muito empolgados e felizes e graças aos esforços coletivos, tudo havia dado muito certo.     No final do dia, poucos minutos depois de todos os convidados irem embora, ficamos apenas eu, Spencer, Daniel, Peter e Mia e conversamos por horas sobre diversas coisas que nunca achei que estaria conversando com aquelas pessoas: berços montessorianos, lençóis de algodão ou linho, fraldas descartáveis ou ecológicas... Por quanto tempo Mia conseguiria amamentar e como resolveríamos a questão da escola, Mia estava preocupada com as aulas do semestre seguinte, mas contou a nós naquela noite que foi tranquilizada pela equipe diretiva de que poderia acompanhar online, buscar materiais na escola e apenas ir nas aulas quando pudesse, e para fazer avaliações, sabíamos que isso exigiria esforço dela, mas estávamos todos prontos para ajudar ela no que fosse necessário.     Tudo parecia bom demais para ser verdade, como se todas as coisas fossem finalmente ficar bem, e com a minha mãe de volta, eu poderia ficar na casa de praia e poderia ficar com Spencer, mas assim que nos dispersamos do restante do pessoal, ele contou-me, ainda um pouco inconformado, que embarcaria para Ney York na manhã seguinte com a mãe, e que então, iria para casa.      No fim das contas, apenas para não parecer a pior filha do mundo ou apenas a mais interesseira, acabei indo para a casa de praia, mamãe e eu conversamos por horas e eu quase me esqueci que Spencer estava dando um grande passo em sua vida adulta: a escolha do seu apartamento... Quando pensei nisso, deitada em minha cama horas depois, senti meu estômago revirar, meu ego dramático dizia que era como se o destino conspirasse para nos manter afastados, sendo que na verdade, qualquer i****a com o mínimo de capacidade de interpretação, saberia exatamente o que extava por vir, se tratando de nós dois.     Os dias se arrastaram lentos enquanto Spencer não voltou: eu terminei de ler alguns livros, preparei resumos, trabalhei com o papai e dediquei muito tempo à família, de modo geral... No fim do mês de junho, uma semana antes de Spencer voltar para casa depois de me dizer que tinha encontrado o lugar mais perfeito do mundo, eu estava no East Garden, ajudando Lorena com o quarto de Guadalupe: - Não estou mais aguentando – ela suspirou largando uma pilha de roupinhas sobre a cômoda – parece que minha coluna nunca mais voltará ao normal... - Mas vai voltar – tentei ser positiva – e estamos quase no fim – o que era mentira, ainda tínhamos todas as toalhas e roupas de cama para guardar. - Eu sei – ela suspirou – acho que eu te devo um pedido de desculpas. - Uhm, e porquê? – eu sabia, mas precisava que ela falasse, queria consertar as coisas. - O Natal – ela suspirou – e contarmos o s**o do bebê pelo f******k, e bem – ela sorriu sem graça – acho que eu fiquei tão preocupada com todas as coisas, que não queria que você “roubasse” seu pai desses momentos. - Nossa – aquilo tinha sido péssimo, como se eu fosse uma adolescente chorosa pedindo atenção constante – não sei porque isso, mas enfim, tudo bem... - sacudi a cabeça em afirmação, mesmo que estivesse morrendo de vontade de questionar aquilo, não entendia em que ponto eu havia demonstrado ser a adolescente carente roubando atenção. - Obrigada – ela suspirou e me abraçou – sabia que entenderia, eu nunca estive nessa fase do jogo – ela sorriu – e acho que eu não estou sabendo lidar com as coisas. - Tudo bem – sorri novamente – deve ser muito estranho, todas as mudanças e hormônios – eu ri para disfarçar a raiva que sentia – vai ficar tudo bem - ou não, se ela continuar sendo tão insegura e me deixando de fora, sabia que acabaria gerando algum tipo de atrito.     Voltamos nossa atenção à tarefa de guardar as coisas do bebê, eu sempre achara que me dava bem com Lorena, mas aquele tipo de coisa que ela havia dito, como se eu roubasse a atenção do meu pai, havia me deixado com raiva e um tanto chateada. Desconversei quando ela tentou puxar outros assuntos e avisei que não jantaria em casa, não queria falar sobre aquilo com a minha mãe, por razões óbvias, então acabei correndo para a minha madrinha, sem nem mesmo telefonar antes.      O Thed’s estava bem cheio quando cheguei, apesar de ser super cedo, e minha madrinha estava literalmente atolada de trabalho: - E então, mocinha? – ela me encarou quando pro fim pode parar por um minuto – Pensei que tivesse esquecido como era ter uma madrinha... - Ah, tá tudo tão difícil – suspirei e dei outro gole em minha coca-cola. - Sim – ela abraçou-me – acredito que esteja. E como esta o seu pai? Não o vejo desde... Acho que o incidente natalino... - Ele anda ocupado – dei ombros e suspirei, não saberia esconder de Donna o que eu estava sentindo – a Lorena me pediu desculpas por não ter ajudado no Natal, e por ter contato que esperavam uma menina pelo Facebook... - Isso é muito bom... – disse Donna, mas não a deixei concluir: - Sim, mas ela disse que agiu assim para que eu não “roubasse” esse momento do meu pai, entende? – encarei minha madrinha – Como se eu fosse uma garotinha insegura e ciumenta que vive fazendo tudo para chamar atenção... - Ah não – Donna estava visivelmente furiosa – que absurdo! Logo você? A mocinha mais independente e forte que eu conheço? – ela abraçou-me novamente – Seu pai é um boboca – ela riu – ele nem mesmo se dá conta, ela vai tomar conta da vida dele e quando ele piscar, vai ter perdido você... - Não – eu neguei – nunca abandonaria meu pai... - Não – ela sorriu – mas vai acabar encontrando seu lugar, outras coisas... – ela sorriu – parece h******l, mas infelizmente, é o que vai acontecer – ela afastou meus cabelos do rosto – e tá tudo bem... Não estou te julgando, só acho que de repente, você deveria conversar com ele, e perguntar o que ele acha a respeito disso tudo, apenas para depois, não vir a se sentir culpada. - Obrigada – suspirei, parecia h******l quando Donna falava, mas era mais ou menos como eu me sentia, como se eu não coubesse mais no East Garden também.     Posso dizer que voltei para casa mais leve, quer dizer, minha madrinha havia me escutado, e isso era uma coisa um pouco rara nos últimos tempos, mas que eu somente tinha percebido naquele dia, com exceção de Lindsey e de minha avó, poucas pessoas realmente me ouviam, cada um estava tão envolvido em seus próprios problemas que dificilmente preocupavam-se comigo, e não que eu estivesse me vitimizando, mas algumas vezes, eu gostaria de ser mais incluída nas coisas...     Fui dormir com a mente funcionando de algum jeito, de forma mais clara, acho que tudo isso também tem a ver com crescer, a gente começa a perceber que é só uma pequena parte na vida de todas as pessoas que antes nos tratavam com prioridade, e isso era esquisito, fazia com que eu me sentisse um pouco mais responsável pela minha própria vida e felicidade, e isso me fez perceber, ainda antes de conseguir fechar os olhos, que minhas férias passariam sem que eu as aproveitasse, esperando por Spencer ou por momentos perfeitos.     Acordei com a atitude positiva da qual mamãe se orgulharia: me vesti e sai para correr, voltei, tomei meu banho, preparei o meu próprio café da manhã – sem esperar pelo meu pai – e depois, me vesti adequadamente e sai para fazer coisas que eu gostava: fui ao cinema, comprei livros, tomei café na minha cafeteria favorita no Pier Santa Monica, sentei na areia da praia com meu livro, li em silêncio, aproveitei o por do sol... Visitei minha avó na Prince’s House ao fim do dia e recebi elogios por estar “vestida como uma mocinha”, ou seja, meu vestido esvoaçante combinado com lenços e sandálias de salto Anabela eram um dos looks que vovó aprovava.     O fim de semana foi positivo e interessante: sai com a família de Lindsey para jantar no sábado, no domingo fizemos um trekking no parque estadual com Justin, Phil e Jeremiah, o irmão de Phil e no fim do dia, ainda cozinhei para o meu pai e Lorena, tentando de alguma forma me sentir melhor em relação as coisas que ela havia dito: não que eu sentisse culpa ou aceitasse que ela pensasse que eu roubava momentos do meu pai, mas apenas por tentar aceitar que as coisas podiam não ser fáceis para ela e que ela poderia sentir-se insegura, e talvez assim, agisse de forma esquisita... Lembrei de Donna dizendo que “aquilo era mais um problema dela do que meu” e resolvi agir dessa forma, de todo jeito, mesmo insatisfeita, ela precisaria conviver comigo, e eu tinha certeza de que não estava sendo uma enteada r**m.      Aproveitei toda a semana seguinte para organizar a minha vida: eu ainda tinha caixas reviradas com coisas saídas de Hidden Hills, e pensar naquela casa, me fez perceber o quanto tudo aquilo parecia longe e distante da minha realidade. Brandon estava em Washington, minha mãe vivendo na casa de praia comigo, Mia grávida e feliz ao lado de Peter e Spencer se preparando para seu ultimo ano na escola... Faxinei o quarto, separei coisas para doações, limpei o sótão para colocar algumas caixas minhas e outras do papai que ainda estavam soltas pela casa, trabalhei muito na loja, conferi todos os estoques, organizei documentos antigos e no fim da semana eu me sentia uma nova Mariah, sem nada pendente na lista de coisas a fazer, tanto que me dei ao luxo de ir tomar um café com Henry no fim do expediente: - E então? – ele bateu animado na mesa – Reformei meu velho quarto para o Thomás – ele disse contente – aquele jogo de berço que você fez ficou lindo, e a Brenda escolheu umas cortinas com os detalhes em um azul no mesmo tom – ele deu ombros – pareço i****a falando disso... - Está empolgado – eu sorri – e está tudo bem, afinal, não é todo o dia que vai ser pai pela primeira vez – eu estava feliz por ele. - Ah sim – ele agradeceu a Lorraine quando ela trouxe nossos cafés – a Brenda está em San Diego organizando as coisas da escola, para poder terminar por aqui quando for possível...     Conversamos sobre os planos dele e de Brenda, era engraçado sentar com seu crush do começo da adolescência e falar de coisas tão adultas, mas de certa forma, aquilo foi interessante e bom para mim: me lembrou que eu não era mais uma garotinha boba e que precisava tomar minhas próprias decisões.     Spencer telefonou assim que voltou e buscou-me em casa, andamos pela cidade e ele contava empolgado sobre o apartamento que estavam negociando no Greenwich Village, e sim, apesar de feliz por ele, eu me senti totalmente exclusa daquela parte da vida dele, como se o cara que fosse morar naquele lugar, não fosse o meu namorado, e por mais estranho que pareça, isso aconteceu não porque ele falasse em “eu”, porque ele falou muitas vezes de “nós”, mas sim porque eu não me sentia parte daquilo...             Na penúltima semana de junho, enquanto Spencer e eu aproveitávamos nossas férias da melhor maneira possível com praia, festas de amigos, jogos de football, corridas, noites de pizza e baralho na casa de Mia e Peter e um tanto de outras coisas que as pessoas acham clichês, mas que os casais adoram, fomos interrompidos em uma noite de sexta feira com uma ligação de Henry: - Mariah – ele gritou empolgado assim que eu atendi o telefone – o Thomas... Quer dizer, a Brenda, ela está indo para a sala de parto, estourou a bolsa, eu ligo para você depois, estamos no St. Marrys. E ele desligou antes que eu pudesse responder qualquer coisa, fazendo-me sair no meio de um filme, correndo como uma louca de chinelos e com uma camisa de Spencer sobre a roupa, porque estava frio. Chegamos correndo e percebemos um ambiente sem grande comoção: não havia ninguém naquela sala de espera, apenas o corredor vazio. Henry acompanhava Brenda no parto e não havia mãe ou sogra, nem ninguém, e aquilo me deixou triste, eu nunca poderia imaginar ir dar à luz sem toda uma equipe de apoio. Spencer ainda estava um pouco confuso com relação à aquilo, não tínhamos conversado muito sobre Henry, quem sabia um pouco mais dele, era Murray e ele provavelmente nem mesmo sabia que o bebê dele estava nascendo ou que eu era madrinha, isso era estranho... Pouco mais de duas horas depois, Henry aparecia exausto e feliz: - Obrigada por terem vindo – ele me abraçou, e abraçou Spencer em seguida – de verdade, nossa, foi tudo tão intenso – ele disse apressado. - Como está Brenda? – perguntei - Ela foi incrível – ele suspirou e sorriu – e está bem, ela está bem, amamentou, estão arrumando o Thomás, logo poderemos ver ele... - Que incrível – disse Spencer – parabéns para você, cara! - Obrigada. Conversamos por mais alguns minutos enquanto não podíamos ir espiar o pequeno Thomas, mas assim que a enfermeira nos liberou, corremos para ver um bebezinho quietinho e tranquilo dormindo vestindo apenas fraldas e meias azuis. - Ele é tão lindo – suspirei Era engraçado como um pequeno ser muda nossas vidas, ao ver meu afilhado, mesmo de longe, eu tinha certeza de que eu era uma pessoa privilegiada. Enquanto Spencer buscou café para Henry, eu entrei para ver Brenda rapidamente, apenas para dizer à ela que se precisasse de alguma coisa, poderia contar comigo, e no fim, combinamos que eu voltaria ao hospital na manhã seguinte. Spencer e eu voltamos, ele me deixou no East Garden e eu contei ao papai sobre o bebê de Henry, e ele disse que me levaria para o hospital na manhã seguinte, já que meu Impala tinha ficado na casa de praia.         Passei dois dias entre idas e vindas da maternidade. Acompanhar Brenda era uma coisa que eu fazia de boa vontade, sabia que ela precisava de um pouco de ajude e de muito apoio. Spencer foi ótimo, além de estar presente sempre que eu estava disponível, ainda ajudou Henry com algumas últimas adaptações na casa.         Brenda e o pequeno Thomás voltaram para casa na segunda feira pela manhã, e eu sabia que por alguns dias – muito poucos – eu teria uma folga de maternidades, considerando que Lorena estava na reta final de sua gestação... Para meu desespero, foram apenas dois dias: Guadalupe nasceu na manhã de quarta feira, e não deu tempo de eu ser avisada, simplesmente Lorena sentiu duas contrações e papai a levou para o hospital, trinta e dois minutos depois, ela nascera, e eu ainda estava calçando meus tênis.         Passei pouco tempo com Lorena e Guadalupe, um verdadeiro exército de mãe e irmãs invadiram East Garden, então, ela tinha ajuda e apoio, desse jeito, Spencer e eu ainda tínhamos um tempo de férias e foram diversas idas a cinemas, restaurantes e cafés,  cozinhamos juntos, discutimos as melhores receitas de biscoitos e Spencer até me acompanhou em uma feira de flores que eu quis ir na ultima semana de férias, e pareceu interessado no cultivo de roseiras em pequenos espaços.       Na última semana de julho, recebemos outra ligação ofegante, mas dessa vez, tivemos tempo de chegar à maternidade. Mia deu à luz perto das onze da manhã de uma ensolarada terça feira, na nossa última semana de férias. A família Ivanov estava totalmente imersa na missão "novo m****o", e a sogra dela a acompanhou no parto, a avó de Peter a acompanhou em todos os momentos e ainda, para melhorar a situação, Daniel tinha se mostrado um tio excelente e perito em troca de fraldas.      Dediquei os últimos dias de liberdade a meu novo lar: organizei todo o meu quarto na casa de praia, podei as roseiras e plantei mudas de temperos na floreira da janela da cozinha, costurei novas toalhas de mesa para a varanda e eliminei uma grande quantidade de coisas desnecessárias do nosso balcão da cozinha. Por estes dias, Spencer só aparecia a noite, para vermos filmes e comermos juntos, ele estava dedicando bastante tempo à treinos físicos afim de garantir o melhor desempenho possível para os jogos daquele ano, e a chegada iminente das aulas e dos treinos, fazia meu estômago revirar. - Pelo menos esse ano você estará livre da Pamela Stone – ria Lindsey na tarde de sexta feira enquanto organizávamos os horários e cronogramas de estudos. - Verdade – eu ri alto – e infelizmente, sem o Murray – falei sem nem mesmo pensar. - Nossa – ela me encarou muito séria. - Sinto falta dele – disse suspirando – não de Murray meu namorado, mas de saber que ele estaria lá, que sorriria com os olhos ou que estaria pronto para me defender ou apenas me ouvir por um tempo... - Acho que nós duas julgamos ele pela capa no ano passado, né? – ela disse gentilmente – No fim ele era um cara ótimo... - Sim – respondi prontamente – e fico feliz de ter conhecido ele de verdade.     Acredito que dizer aquelas palavras também aliviou um pouco o meu coração: sabia que Michael estava iniciando os estudos em Harvard, e isso também fez com que meu alerta “vida adulta” fosse ativado: precisava de atividades extra-curriculares empolgantes: - Lindsey – chamei minha amiga – o que faremos para cairmos nas graças dos avaliadores? - Conselho estudantil – Lindsey parecia ter pensado naquilo – acho que precisamos de uma chapa, sinceramente, se envolver de forma mais política para discutir bullying na escola, quem sabe dar uma puxada nas questões de gênero, violência e desigualdades... - Você pensou sobre isso quando? – eu a encarava incrédula. - No dia em que eu percebi que a gente precisava de algo impactante...     Conversamos por horas sobre o plano do grêmio, precisávamos, é claro, de algum tipo de apoio popular e de um planejamento bom, o que renderia a nós duas um grande numero de horas de trabalho extra e sim, considerando toda a possibilidade de gerar impacto social, parecia um preço muito baixo a se pagar. Sabíamos apenas o mais básico da estrutura do conselho estudantil, então, também ficamos sabendo que havia uma grande quantidade de informações e dados a coletar, e também deveríamos escolher algumas pessoas para juntarem-se a nós nessa missão, o que gerou um debate e uma grande lista de nomes que deveríamos considerar para isso.      Spencer e eu passamos todo o fim de semana juntos na casa de praia como gatinhos aninhados no frio: primeiro porque choveu por todo o fim de semana e segundo, porque estávamos cansados de ser equipe de apoio de novos pais... E tudo o que nós dois pensávamos em fazer, com mamãe ou sem ela, incluía comida, então assei biscoitos de aveia para complementar nossas refeições na escola, separei porções de castanhas e nozes para lanchinhos saudáveis e ainda, como se não bastasse toda essa dedicação, cozinhei todas as refeições do fim de semana, deixando mamãe bem orgulhosa das minhas habilidades culinárias.     De alguma forma, quando o domingo acabou e eu por fim fui para a minha cama, encarando tudo na mais perfeita ordem, sabia que nunca mais as coisas seriam daquele jeito, que no fim das próximas férias, Spencer já estaria bem longe, que talvez eu não estivesse mais na casa de praia, e principalmente, que eu estaria me despedindo de tudo aquilo, como Spencer estaria fazendo nesse ano, e então eu chorei, apenas por perceber que eu estava realmente crescendo e que logo, logo, não haveria mais um lar para onde voltar, porque a gente ia crescendo e aos poucos, deixando de pertencer, o que era estranhamente libertador e um pouco incomodo, ao mesmo tempo...

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