PRÓLOGO
339 Words
5 anos antes
_ Pare com isso! _ Essa era a voz de uma garotinha ruiva, de aproximadamente 14 anos, e impotente perante as mãos de um homem que exalava prazer em seu sofrimento.
_ Fique quieta e logo vai terminar. _ Ele dizia, mais uma vez.
Ela sempre ouvia a mesma coisa. Sempre sentia a mesma dor. Era impossível não sentir nojo ao olhar para seu corpo depois de tocados por mãos imundas.
Segurava as lágrimas, tinha medo de que tudo piorasse caso ele soubesse que ela chorava. Suas mãos tremiam, enquanto ensaboava o corpo descoberto, exposto de forma suja e horrenda.
Olhou a janela do banheiro, o vapor denunciava o tempo que estava ali, mas não sairia até que sua mãe chegasse.
Acordou no dia seguinte dentro do banheiro, ouviu do outro lado da ligação a mãe dizer que faria um novo plantão na noite anterior e não arredou o pé dali, trancando-o com todas as fechaduras que ela mesma havia feito, e passando a noite em claro com medo de que mais uma vez fosse tocada.
A maquiagem naquela manhã precisava ser reforçada, as noites m*l dormidas e os olhos inchados pelas lágrimas derramadas não podiam ser identificados por seus amigos, ou por qualquer outra pessoa. Nem mesmo sua mãe poderia saber o que se passava dentro de sua própria casa quando a mesma saía para trabalhar.
Era um tormento que nem mesmo a morte poderia a livrar. Um tormento doentio, assim como o homem que a tocava.
As aulas pareciam correr, enquanto a menina torcia para que o tempo passasse bem devagar, com medo do que fosse encontrar quando pusesse os pés em casa.
A respiração chegava a oscilar quando a supervisora diz para ela que seu padrasto havia chegado para buscá-la.
Tentou dizer algumas vezes para sua professora preferida o que se passava dentro de casa, mas a coragem lhe faltou, talvez um dia conseguisse dizer em voz alta o que sua alma berrava a plenos pulmões. Pobre alma dilacerada, haveria para ela solução?
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