_ Onde estava, Marianna? E com quem? _ Marianna deu um passo para trás ao chegar e ser metralhada de perguntas por sua mãe.
_ Calma, amor, a menina acabou, tenho certeza de que ela tem uma boa explicação. _ Caleb, o padrasto de Marianna disse.
_ Filha, qual foi o nosso combinado? _ Irma Alves, mãe de Marianna, perguntou, cruzando os braços.
_ Mãe, eu avisei que iria ao grupo jovem da igreja do pessoal: Angel, Bia e Gustavo. Liguei, mas estava dando caixa postal, deixei recado para a senhora. E, agora na hora de vir, meu celular descarregou, então mandei mensagem pelo celular da Angel e tentei ligar pelo celular do Gus.
_ Estranho, meu celular está bem aqui e não recebi suas mensagens. E desde quando vai à igreja sem me consultar?
_ Eu mandei as mensagens, vou mostrar assim que meu celular carregar.
_ Esqueça, vá para o seu quarto, troque de roupa e desça para me ajudar a fazer o jantar.
Marianna subiu as escadas se sentindo frustrada e brava pelo fato de sua mãe não ter acreditado nela, pela primeira vez. Ela entrou no banheiro, tomou banho e trocou de roupa. Ao abrir a porta do seu quarto, ela deu de cara com Caleb.
_ O que foi? _ Ela o indagou, assim que o viu parado.
_ Nada, só que é uma pena sua mãe não ter recebido aquelas mensagens…
_ Foi você… _ A ruiva ficou boquiaberta com a insinuação.
_Sua mãe está te esperando, vá preparar o jantar, Mari. _ Ele passou a mão no rosto da garota, que se afastou enojada.
_Nunca mais encoste em mim! E a minha mãe vai ficar sabendo que você apagou as mensagens.
_ Conte a ela, vamos juntos, conte mesmo, coloque a sua mãe e seus amigos em risco, querida enteada!
Mariana, que já estava na metade das escadas, perdeu a postura de autoconfiante e parou no meio do caminho.
_ Eu. Te . Odeio! _ Ela cuspiu as palavras com os olhos ardendo em chamas.
_ Não acredito que seja isso que tenha aprendido na igreja hoje, eles costumam ensinar amor.
_ Você não merece o amor de ninguém!
_ Vou relevar essa rebeldia por hoje, mas acho bom maneirar no tom ou terei que tomar providências.
Mariana desceu as escadas com lágrimas escorrendo por seu rosto e a respiração oscilando. Precisou parar no corredor que antecedia a cozinha, ou sua mãe perceberia seu comportamento.
_ No que precisa de ajuda, mãe?
_ Queria conversar um pouco com você.
_ Pode falar, mãe.
_Eu sei que você e o Caleb não se dão muito bem desde sempre, mas parece que ultimamente você não tem sequer disfarçado o desgosto de dividir a mesma casa que ele.
_ Mãe, a senhora não entende, eu só tolero ele porque ele faz a senhora feliz e… _ Mari foi interrompida.
_ O que há de errado com ele? Caleb tem agido como um pai desde os seus 11 anos, Mariana. Ele te criou, te deu uma casa, comida e te trata como uma filha. Só não paga seus estudos, roupas e não te presenteia porque você não aceita.
_Eu consegui a bolsa de estudos por mérito próprio porque não gosto de dever nada a ninguém.
_ Dever? Ele é o seu pai, Mariana…
_ Não, mãe, o Caleb não é e nunca vai ser o meu pai. Meu pai morreu há mais de nove anos e isso não vai mudar. Eu apoio sua decisão de seguir em frente, mas não me obrigue a tratar seu marido como o pai.
“Se a senhora soubesse, não diria que ele é meu pai”, Marianna completou em pensamento.
Havia tanto a dizer, mas Mariana se calou antes que falasse mais do que deveria. Colocaria a vida de quem ela ama em risco e isso ela não admitiria. Vendo que a conversa não chegaria a lugar nenhum, Irma suspirou de forma que se deu por vencida, beijou a testa da filha e se despediu.
_ Não sei mais o que fazer. _ Marianna ainda ouviu sua mãe dizer as palavras para Caleb.
_ Não se preocupe, Mari está passando por uma situação difícil, desde que aquele namorado dela faleceu ela ficou assim…
Lágrimas desceram do rosto de Mariana, ela batia no travesseiro como forma de descarregar a raiva presente em seu coração. A garota queria gritar aos quatro cantos tudo que sabia, o tipo de homem pelo qual sua mãe havia se apaixonado. Mas, na última vez que bancou a rebelde, uma pessoa amada sofreu as consequências. Não arriscaria até ter certeza de que conseguiria colocá-lo na prisão por longos anos.