MALIA *
Mesmo sem saber se seria para a eternidade Matthew e eu, faria tudo que pudesse e estivesse a meu alcance para fazer dar certo desta vez. Precisava dele na minha vida, mesmo quando o odiei ainda o amava, ele era a conexão mais forte de mim, meu coração acelerava só de estar perto dele, minha respiração era ofegante e cada pedacinho de mim o amava.
Me deitei na cama ao lado dele e ficamos encarando o teto enquanto contava a ele sobre a Turquia, como era lindo lá e as pessoas eram simpáticas e hospitaleiras, como Jackson apareceu na minha vida, como ele mudou o sentido de tudo para mim, que foi ele e Kol que me ensinaram a lutar, a atirar e como eu tinha ficado melhor que eles nisto.
- Acha que viveremos a vida assim? - eu o encarei e ele me olhou.
- Provavelmente sim, meu pai dedicou a vida a isto. - ele voltou a olhar o teto.
- Espero que sejamos melhores que nossos pais. - sorri e ele segurou minha mão.
- Seremos.
- Quero te mostrar uma coisa. - ela me encarou.
- Tá, pode mostrar. - ele sentou-se na cama e me encarou.
- Não é aqui. - disse rindo. - Outro lugar.
Matthew apenas balançou a cabeça em concordância e caminhou até o banheiro, fechando a porta em suas costas.
A casa estava tão vazia nos últimos dias, agora ainda mais com Jackson e Katy no hospital. Foi então que percebi, Matthew era e sempre foi meu porto seguro, a pessoa que sempre me impediu de cometer bobagens e idiotices.
Lá estava ele, descendo as escadas lateral da casa, com um sorriso no rosto e olhar atento aos degraus. Vestia uma calça jeans pouco justa, calçava tênis e vestia uma camiseta manga curta, os cabelos estavam molhados.
- Aonde vamos? - perguntou Matt, parecia desconfiado.
- Vai conhecer o meu trabalho. - falei com um sorriso e ele franziu seu semblante.
Sem falar mais nenhuma palavra entramos no meu carro e o caminho todo ficamos em absoluto silêncio. O dia estava quente, mas havia um vento fresco, as folhas das árvores voavam pelo céu, por um instante me sentia em casa.
O tempo era iguais ao quando era criança e meus pais me levavam ao parque, ou passeios no lago para brincar ou fazermos piquiniques. São e sempre vão ser minhas melhores lembranças com eles.
Chegamos no prédio, tinha sessenta andares, era espelhado e no topo apenas dizia empresa j**k's. Uma faixada claro, para o que Jackson e eu realmente faziamos lá e nas outras subsidiarias.
O guarda da entrada me reconheceu com certeza, porém encarou Matthew que estava sem entender, apenas observará tudo atentamente em completo silêncio. Coloquei o carro na minha vaga no estacionamento que ficava no subsolo e desci, Matthew me acompanhou até o elevador e apertei para irmos ao 50º andar.
- Você realmente trabalha em uma empresa? - ele se encostou na parede do elevador e me encarou. Soltei uma risada breve.
- Não, claro que não. Nunca quis ficar presa a uma mesa e uma sala pequena. - forcei um sorriso e ele me olhava atentamente. Acredito que nunca senti o elevador ir tão devagar como naquele momento.
- O que é isso então? - ele se aproximou e sua voz saiu quase em um sussurro, sentia sua respiração lenta. Meu corpo todo se arrepiou, era o que Matthew me causava em alguns momentos.
- Já vai ver.
Apertei o botão de trava do elevador para que parasse e segurando o pescoço de Matt o puxando para beija-lo. Os lábios dele eram tão macios, tínhamos a sintonia perfeita. Ele descia suas mãos pelas minhas costas até a cintura, Matt sempre despertava esse meu lado de desejo incessante por s**o com ele, parecia que nenhuma espaço de tempo era suficiente para mim e ele. As horas ao seu lado pareciam apenas minutos e que tínhamos menos tempo do que a maioria.
- O que foi? - perguntou Matthew ofegante quando me afastei controlando a respiração. Apertei para que o elevador subisse novamente.
- Nada. - sorri e o encarei. - Viemos fazer outra coisa. - sorri mostrando os dentes e ele riu.
- Você me deve. E muito senhorita BeLove. - ele piscou para mim e voltou a encostar-se não parece do elevador.
Quando se abriu, saímos e o conduzi pelo corredor até o final e fiz escaneamento fácil para que a porta abrisse. Matthew olhava cada detalhe do prédio por dentro, desde as salas envidraçadas e o piso preto brilhoso que dava para ver nosso reflexos, ao teto espelhado. A porta abriu, vi Kol dando aulas de luta para umas vintes pessoas, vestiam roupas de ginásticas e coturnos estilo militares, sob o tatame alguns caiam ecoando um som de estrondo, ainda era menor do que a voz de Kol ecoando pelo espaço. Ele encarou a mim e Matthew sem entender, mas sorriu em forma de cumprimento sem falar uma palavra direcionada a nós. Caminhamos até a outra sala, tinha isolamento acústico, lá Bettany estava dando aulas de tiros a umas dez pessoas mais ou menos, ela acenou para nós dois com um sorriso e Matt retribuiu.
- É aqui onde treinam? - perguntou enquanto caminhávamos para a outra sala. Philipe estava dando aula de estratégias, parecia o colegial de uma forma diferente.
- Aqui na França sim, temos na Turquia, Itália e Grécia também. - sorri e ele me encarou, parecia surpreso.
- Nós no cartel não fazemos nada disso. - ele riu e eu me virei para olhá-lo, estava atento as explicações e estratégias de Philipe.
- Não somos exatamente uma Máfia, que lida com tráfico e rivalidade. - ele me encarou curioso e eu estava bem receosa em contar. - Treinamos assassinos, alguém mantém contato conosco para lidar com algum problema e nós enviamos o primeiro que se propor a ir. - ele parecia ainda mais surpreso com isto. Entendia o porque, nem mesmo eu imaginava que estaria em um lugar assim.
- Você mata pessoas? - perguntou. Matthew acompanhava meus passos até a outra sala que era onde fazíamos reuniões para falar sobre alguns problemas, casos ou pedidos, fechei a porta nas minhas costas.
- Eu fiz isso algumas vezes, pessoas que fizeram coisas bem ruins mas quem seria eu a julgar a crueldade dos outros, se tenho tanto sangue em minhas mãos. - forcei um sorriso. - já lidamos com muitos inimigos que procuraram por vingança, mas essa é nossa vida. Eu parei de sair em campo para assassinar alguém, isso não me deixava mais dormir a noite. Então Jackson me colocou aqui, na diretoria de tudo, as vezes treino alguns alunos e todos antes de ir a campo fazem um teste comigo. - ele sentou em uma cadeira da mesa enquanto eu servia dois copos de whisky.
- Então, nunca imaginei que você faria isso. - a voz dele saiu em um tom tão surpreso, que por um momento pensei que ele poderia nunca mais querer olhar na minha cara. - Porque fazem teste com você primeiro?
- Sou a melhor deles. - sorri convencida e ele me encarou sério. Alcancei para ele o copo e me sentei ao seu lado, girando a cadeira para ficar de frente para ele. - Fui treinada pelo Jackson e o Kol, mas meu desempenho foi excelente, a raiva que eu sentia me ajudou bastante. Nunca cometi erros no meu trabalho, até aquele dia em que você apareceu para também pegar meu pai. - ele riu em silêncio, estava pensativo.
- Você não cometeu nenhum erro lá. - tomei um gole da minha bebida e ele me olhava atento.
- Cometi. Eu deixei meu pai escapar, porque não queria machucar você. Matthew se fosse qualquer outra pessoa naquele dia eu teria atirado no joelho só para fazer meu trabalho.
- O que te fez mudar? - ele escorou as costas no encosta da cadeira.
- Você. Eu tinha virado literalmente um monstro, não ligava para a vida humana quase, eu apenas queria descontar a raiva que eu sentia do mundo por ser injusto comigo. Era incontrolável a raiva que tinha dentro de mim, quando vi o monstro que estava me tornando, foi quando te vi. - ele me olhou curioso.
- Como assim? Só nos vimos no casamento da Emily e Brian. - ele desencostou da cadeira apoiando os cotovelos sobre os joelho, ficando mais próximo a mim.
- Não foi. Eu vi você antes, estava na Itália durante um recesso da faculdade, Jackson tinha um trabalho na França e vim com ele para ajudar. Estava em um restaurante acompanhado e uma mulher, não era a Andy, vocês conversavam e riam, você bebia vinho. Fiquei observando de longe, você parecia feliz e aquilo, de alguma forma, acendeu o que estava apagado dentro de mim. - ele bebeu o último gole da bebida e deixou o copo sobre a mesa. Ele arrastou a cadeira mais próximo de mim e me abraçou, era confortável, mas parecia que ele precisava disto mais do que eu.
- Podia ter falado comigo naquele dia. - falou baixinho e eu me afastei o encarando.
- Com certeza não. - ri alto. - Nunca que iria falar com você enquanto estava em uma espécie de encontro, seria humilhante. - ri novamente e ele sorriu.
- Obrigado. - o encarei. - Por me contar isso tudo, parece que estou te conhecendo novamente, gosto disto. - sorri e seus olhos brilhavam.
- Prazer, Malia BeLove. - estendi a mão para cumprimentá-lo e ele sorriu mostrando os dentes. Em um movimento apertou minha mão levemente e balançou para cima e para baixo.
- Prazer senhorita, Matthew Belucci. - sua voz tinha saído em um tom sexy, atraente e os olhos sorriam alegremente.
Os minutos que nos encaramos naqueles breves instantes me fizeram viajar o mundo, por mais que percorresse o planeta inteiro, nenhum olhar seria tão cativante quanto o dele era. Eu nunca saberia explicar nossa conexão, a forma como nos entendíamos nossos passados e sabia que ele só existiu para nos tornar quem somos hoje. Eu o amo mais do que tudo nesta vida, eu tenho a ele e, desta vez, não estava disposta a desistir dele por nada.
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