Capítulo 2

1256 Words
Estamos na rua. Que emoção! Não aguento mais acordar, comer, d*****r e assitir aos dois pombinhos se beijarem todos os dias, essa rotina está me matando aos poucos. Quando não é isso, eu fico na casa do meu irmão Adam e é chato do mesmo jeito. Adam fala sobre vários assuntos chatos com o namorado loiro dele chato, que é bem mais velho que ele, pelo menos é bonito. Eu nunca entendo o que eles falam. Só algumas coisa, já que gosto muito de ler. Vou falar um pouco sobre viver neste mundo apocalíptico. A gente tem produtos de limpeza, todos antigos, só não temos água encanada nem eletricidade. Temos que d*****r em sacos plásticos e jogar onde tem vegetação,infelizmente, não adianta jogar nas lixeiras entupidas de lixo antigo é também não existe nenhum sistema de limpeza para fazer a coleta; durante a noite, vivemos a luz de velas e temos que apagar as luzes caso apareça algum amarele, eles têm olfato, visão, audição e paladar apurados, exceto o tato, eles não sentem dor. Era pra ser o contrário. Não suporto esta vida, mas é o que temos pra hoje. Melhor do que estar morto, ou pior, ser uma dessas criaturas. A nossa comida está acabando e o meu pai sai com um amigo, o único, para procurar mais, toda a segunda-feira é isso, e ele sempre volta quando está perto de escurecer. Meu pai conheceu minha mãe no exército, ele estava lá como médico e tudo o que ele aprendeu, tentou ensinar para nós, assim como ela fez. Ainda são 13:00 horas, temos tempo de sobra. Vamos para a casa ao lado onde está o meu irmão mais velho, o Adam, e o seu namorado Túlio, como eu disse, é cinco ano mais velho que o Adam, é alto e musculoso, nem sei como ele conseguiu se manter, acho que faz exercícios em casa. Na verdade, não sei como todos nós ficamos mais fortes, nem comemos muito, só o necessário. O Lucas, namorar do Estêvão, havia feito 19 anos mês passado. Somos todos tão jovens. Primeiro, Estêvão bate na porta, depois de alguns segundos, ouvimos cautelosos passos a se aproximarem, alguém puxa a cortina da janela vagarosamente para ver de quem se trata e por fim, Adam destranca a porta e a abre. — Gente, o que foi, pelo amor de Deus? — Calma aí, doido — diz Estêvão invadindo a casa e depois o Lucas e eu fazemos o mesmo. — Viemos conversar. — O que foi, meninos? — pergunta Túlio ao descer às escadas da sala. Ele é um loiro simpático de academia, porém, é o que tem mais jeito de passivo que qualquer um ali. Até mais que eu, não que isso seja um problema. — Querem conversar — explica Adam a fazer pouco caso. — Que susto! Pensei que era algo grave. — Fala logo o que querem — diz Adam a revirar os olhos. — Prego tá no vácuo — responde Estêvão para resumir o assunto. — Tá, e daí? Conversem aí que eu vou voltar pra cama. — Na verdade, queremos procurar uns livros para ele... — Ficaram malucos? — Adam se exalta, mas de modo controlado para não fazer muito barulho. — Vocês sabem que é perigoso, casas inexploradas sempre têm supresas em cada vão. — Este bairro está fora de perigo — diz Lucas. — Como você sabe, Dora Aventureira? — Estamos a quase um mês por aqui. Diferente dos outros bairros, este foi o menos agitado. — Isso é verdade — confirma Túlio. — Você está concordando com isso, Túlio? — impressiona-se o meu irmão. — Por que não? Eu também não aguento mais ficar dentro de casa. E gostaria de ler um livro, não é possível que ninguém por esta redondeza não lia nada. — Ai, meu Deus! O espírito de Dora Aventureira está possuindo todo mundo aqui? — Ô, Adam, por favor, vamos — insisto da maneira mais fofa que posso, sei que ele me tem como a coisa mais preciosa deste mundo e não me negaria uma atividade dessas, afinal, não é tão arriscado. O máximo que poderemos encontrar é um amarele. O matamos e fim de papo. Adam suspira e concorda com aquela ideia, depois sobe pra trocar de roupa, votará com alguma armas. *** Nossas armas são, não verdade, ferramentas. Não podemos usar armas de fogo, o barulho poderá atrair os amareles até nós, desde então, o mundo se tornou um pouco silencioso. Essas pragas ouvem muito bem, a pior parte é que eles sabem quando eles próprios fazem barulho e quando o barulho não veio deles, eles não falam, apenas grunhem como animais silvestres, porém, mais lamurioso, conversas pra eles são motivos de atacar. Saímos para a rua, cada um com um objeto na mão. Estou com uma faca bem afiada, daquelas que se usam no exército, o meu pai me ensinou a usá-la, enterrando a faca bem na têmpora de uma das criaturas, o segredo é atingir sempre o cérebro. Adam está com um pé-de-c***a, Túlio está com uma marreta, Estêvão com um facão e o Lucas tem uma espada, o pai dele era rico e comprou pra ele quando fez 10 anos — queria que o menino fosse hétero a todo custo, tinha esperança de que ele fosse se interessar mais por coisas masculinas, mas acabou se tornado gay de qualquer maneira. Infelizmente, no fim todos foram infectados e ele viu todos serem mortos, o pai, a mãe, os tios, os primos e a irmã mais velha, por último, Lucas teve que m***r o único amigo que o fizera companhia na solidão. Não era tão difícil se livrar dos amareles a não ser que fossem muitos, mas pela história que contou, foram infectados pela lerdeza mesmo. Que lástima! A maioria das casas estavam abertas — algumas foram até exploradas por nós antes de decidirmos habitar nelas —, foi uma ideia da população antes de evacuarem as cidades, e com esse êxodo, levaram todos os seus pertences, alguns levaram até móveis. Nesse caso, a gente procurou uma casa que estivesse trancada, provavelmente, os donos não levaram muita coisa, ou nada, ou já não tinha ninguém antes. Ao chegarmos em determinada porta, ela não se abre e Adam tenta arrombá-la com o pé-de-c***a, consegue com um pouco de esforço, nada que precise de ajuda. Se esforçou muito para não fazer muito barulho, o medo foi de a porta se abrir de vez e bater em alguma coisa. — Vamos entrar — murmura Adam —, só não façam muito barulho e se encontrarmos algum livro, tentem avisar logo. Vamos sair daqui com, no máximo, três livros. — Cinco — corrijo. — Tá! — Adam concorda comigo, mas relutante. — Cinco e fim de papo. Finalmente, entramos. Andamos com muito cuidado, pois, podemos encontrar um amarele de qualquer tamanho, fora podermos nos esbarrar em alguma coisa que fizesse barulho. Estávamos certos, pois, a casa ainda está cheia de coisas. — Essa casa parece que foi habitada por velhos — comento. — O cheio de mofo é por causa do tempo — explica Lucas. — Isso foi preconceituoso. Lucas segura uns risos. A casa tem uma sala um pouco estreita, um corredor que leva para a cozinha e no corredor há uma escada que leva para o andar de cima. — Prego — Adam me chama —, vem comigo, vamos subir eu, você e o Túlio, o Estêvão e o Lucas exploram aqui embaixo. Combinado? Todos de acordo. E subimos.
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