Wendel sempre chega em casa tirando a roupa e o enchimento. Essa era a melhor hora do dia.
- Deixa eu te ajudar com isso.
A mãe o ajuda a tirar o enchimento e ela está só de soutien e calça social masculina.
- Vou tirar uma foto disso e colocar na internet. Vai ser hilário.
Walquíria mais uma vez vem debochando da irmã.
- Você se atreva Wal. Juro que te dou a surra que nunca dei.
A mãe a repreende.
- Por que não gasta a sua energia procurando algo útil para fazer? Trabalhar não mata não sabia?
- E porque não tenho a coragem que você tem. Estou saindo mãe.
- Onde você vai? Wal volta aqui!
Walquíria sai sem olhar para trás.
- Deixa ela mãe. Assim teremos um pouco de paz.
- Aí filha, ela podia ter um pouco de responsabilidade. Dorme o dia todo e passa a noite na rua.
- Ela já está bem grandinha mãe. Não gaste suas saúde se preocupando com ela.
- Vem vamos jantar e você me conta como é seu novo chefe.
Os olhos de Wendy parecem duas estrelas brilhantes. Sua voz e suave ao falar e sua mãe percebe a diferença.
- Mãe que homem lindo! Nunca vi um homem tão bonito pessoalmente. Parece esses modelos de revista de moda masculina.
- E filha?
- Sei lá mãe, ele tem uma presença sabe. Quando ele passa os outros parecem insignificantes perto dele. E a voz? Tem uma voz poderosa.
- Como assim poderosa?
- Do tipo que ninguém discute, fala firme e pouco. Nasceu para dar ordens.
- Acho que você está se apaixonando filha.
- Só nos sonhos né mãe. Nunca que um homem daquele ia olhar para mim.
- Para seu disfarce não, mas se apresentar a Wendy para ele, tenho certeza que não ia tirar os olhos. Você e linda filha. Linda de aparência e tem uma boa índole.
Wendel continua a comer em silêncio.
- Sabe filha, acho que está na hora de você retomar sua identidade e viver sua vida.
Triste ela levanta os olhos para a mãe.
- As coisas não são tão simples assim mamãe.
Débora se levanta e abraça a filha.
- Meu coração dói em te ver assim. Promete para mim que vai olhar e resolver isso filha.
Wendy não sabe negar nada para sua mãe.
- Eu prometo mãe.
Débora da um suspiro de alívio e deixa um beijo na cabeça da filha.
- Boa menina!
A noite Wendy não dorme bem, a conversa com a mãe a deixou tensa. Como iria cumprir a promessa?
O relógio toca as cinco e ela levanta sonolenta. Hoje está sem carro e tem que sair mais cedo.
Novamente fez toda a rotina matinal e quando desceu sua mãe tinha acabado de levantar para fazer o café.
- Bom dia mãe!
- Bom dia meu amor! Arrumou cedo hoje.
- Estou sem carro hoje. Tenho que me apressar.
Pegou uma maçã e já ia saindo.
- O que aconteceu com o carro?
- Me fecharam no estacionamento da empresa. Estava muito cansada para esperar as pessoas tirarem os deles. Resolvi deixar lá.
- Filha tome café primeiro.
- Não dá mãe, não posso me atrasar.
- Desse jeito vai acabar adoecendo.
- Eu tomo café na empresa mãe, não se preocupa.
Deu um beijo na mãe e ao abrir a porta para sair, Walquíria estava chegando.
Eram seis e meia da manhã.
- Isso é hora Walquíria?
Débora olhou com desgosto.
- Qual é? E bem cedo não pode reclamar.
Wendy sacudiu a cabeça e saiu deixando a mãe com a irmã irresponsável.
- Já passou da hora de você arrumar um emprego. Sua irmã não é obrigada a te sustentar. Se não tomar um rumo na vida pode sair dessa casa.
- Minha irmã não me sustenta. Você recebe a pensão do meu pai e obrigada a dividir.
- A pensão do seu pai não dá para nada. Acha que um salário da para sustentar a casa? E você não tem direito nenhum na pensão do seu pai.
- Então deixa a irmã Maria João se virar. Ela ganha bem.
Irritada Débora deu um t**a no rosto de Walquíria.
- Não fala assim da sua irmã.
- Você me bateu ?
- E vou bater de novo se não parar de provocar sua irmã.
- E eu acabo com a farsa dela se você me bater de novo. Posto as fotos dela, vou na empresa e falo a verdade e faço ela perder o emprego.
Saiu correndo e batendo a porta do quarto.
Seis meses depois que Wendy começou na empresa, alugou a casa que elas moravam e trouxe a mãe para Belo Horizonte.
Débora tinha problemas cardíacos e no interior era tudo muito mais difícil.
Wendel chegou adiantado a empresa e aproveitou para mudar o carro de lugar antes de ir tomar café.
- Bom dia Liz.
- Bom dia Wendel. Chegou cedo hoje.
- Deixei meu carro aqui ontem, bloquearam ele. Vim cedo para tirar ele.
- Agora o estacionamento está ficando muito cheio.
- Vou comprar café quer que traga para você?
- Já tomei em casa, obrigada.
- Ok! Vou lá.
Wendel retornou ao escritório e foi direto para o andar da presidência. Rui já havia chegado não se sabe a quanto tempo.
- Bom dia Wendel!
- Bom dia Sr Castilho!
- Esse é o Luiz Verano, meu outro assistente pessoal. Vocês vão trabalhar em conjunto. Acomoda ele por favor.
- Pode deixar Sr Castilho.
Após Rui retornar a sua sala ele conduz Luiz.
- A gente fica na mesma sala ou arrumo uma para você?
- Se tiver uma sala disponível eu prefiro.
- Tem sim. Se eu soubesse de você antes, tinha reservado a sala ao lado. Coloquei as secretárias nela.
- Troque elas de sala.
- Vou ver o que faço, elas não vão gostar.
- Não da mole para elas não, são folgadas e fofoqueiras. Só as mude e pronto.